Barão

Como podemos perceber também que em Ribeirão Preto nos idos de 1900,
os bares e teatros passam a fazer parte do cotidiano desta elite que esbanjava o seu
dinheiro para demonstrar seu poder. Esse tipo de consumo traz o desperdício e o
luxo injustificado, as pessoas consomem para ostentar o seu grupo, mostrar até
onde vai o seu domínio, refletindo este desejo de consumir em todas as pessoas,
inclusive o mais miserável trabalhador, que não conseguia juntar dinheiro suficiente
para comprar um terno completo. [...] Nenhum homem queria ser humilde, todos
sonhavam com o prestígio social. Devido à necessidade de apresentação na
sociedade homens e mulheres desenvolveram rapidamente o gosto pela ostentação.
[...] enquanto os barões freqüentavam teatros, bares regados à champagne, os
imigrantes lutavam para sobreviver. 349
Após falarmos da vida social e noturna que agitava a Pequena Paris, vamos elencar alguns
aspectos modernizantes, que modificaram o modo de vida de seus habitantes.
2.3.1. A Moda
As mulheres ribeirãopretanas que atestaram a passagem do século XIX para
o XX, vivenciaram todas as modificações no campo político, econômico e até
mesmo na adoção de hábitos ―urbanos‖. A Ferrovia Mogiana – possuía uma rede de
ligações ferroviárias entre os distritos e – culminava no porto de Santos. Essa
estreita ligação facilitava o intercâmbio das novidades trazidas da Europa. Acontecia
a certa altura, de importarem-se da França, enxovais inteiros de casamentos e de
batizados. As modas de cores de vestidos, de enfeites de chapéus, de espartilhos,
de penteados, eram seguidas pelas mulheres da ―alta sociedade‖ cafeeira. Tais
mulheres tinham agora uma vida noturna! Iam a bailes, cinemas, teatros (Teatro
Carlos Gomes) cafés, desfilavam seus vestidos na Praça XV. 350
A moda é um aspecto estratégico para percebermos que as mentalidades dos que habitavam
Ribeirão Preto estava se modificando. Todos queriam experimentar esse novo estilo de vida, uma
possibilidade que somente a elite tinha condição, pois entre os colonos a vestimenta era simples, sem
muito requinte.
349 VEIGA, op. cit. p. 3.
350 APARÍCIO; FRANÇA, op. cit. p. 349.
351 TUON, op. cit. p. 60.
A moda era antes de mais nada um símbolo de ―status‖, ela servia à estrutura
social e acentuava a divisão de classe[...] Para as camadas privilegiadas da
sociedade o comércio local oferecia tudo o que fosse a última moda na Europa. Em
1910, Cruz d´Eça, escreveu que a moda nasce lá na França em poucos dias chega
ao Rio de Janeiro e em quinze dias chega a Ribeirão Preto. 351
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