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Barão

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que nos magoam o intimo, que recebemos com o sorriso nos labios, si bem que<br />

com fél no coração.<br />

Ainda hontem fomos alvo de uma indirecta que, com franquesa não tem razão<br />

de ser.<br />

Alguns cavalheiros no louvável intuito de dotar esta cidade com uma escola<br />

nocturna, vão organizar um concerto onde tomarão parte diversas senhoras da<br />

nossa melhor sociedade.<br />

Isto que não é a primeira vez que se faz nesta cidade, tem merecido sempre o<br />

apoio da imprensa e do povo em geral.<br />

Duas respeitáveis senhoras conversavam sobre isto e na occasião que<br />

passava um dos nossos companheiros de trabalho, uma dellas mãe de duas moças<br />

que gentilmente se prestam a tomar parte no concerto, dissera em voz alta:<br />

><br />

Talvez isso seja pela attitude que tomamos, criticando severa mas<br />

justiceiramente alguns artistas da troupe Verdini.<br />

Se assim é não tem razão absolutamente de ser, como já dissemos.<br />

Entre artistas e pessoas que vão tomar parte num concerto com um fim nobre<br />

e caridoso, há uma enorme differença.<br />

Aquelles têem obrigações de saber entrar no palco, gesticularem, conhecerem<br />

o que fazem e desempenhar a contento do público o seu papel, porque ganham<br />

para isso.<br />

Esta, ao contrario, muitas vezes deixan os seus affazeres para prestarem um<br />

absequio, e não vivem e nem ganham para isso.<br />

E depois, quem vae a um espectacule de empresa particular, paga para ouvir<br />

bons artistas, ao passo que isso não acontece numa soiríe cujo fim é humanitario e<br />

bondoso.<br />

Neste o espectador não vai apreciar um artista mas, sim um amador que não<br />

habituado a exibir-se em público bem pode, por não ter a precisa calma errar.<br />

É preciso que aquela dgna senhora nos faça justiça e não nos queira punir por<br />

um crime que não commettemos.<br />

Se às nossas palavras com referencia a Companhia Lyrica não lhe tem agrado,<br />

pedimos desculpas, certos de que sabemos fazer justiça.<br />

É bem espinhosa e difficil esta vida de se garatujar para jornaes.<br />

GUIDO 28<br />

As críticas aqui colocadas fazem parte de uma relação conflituosa promovida, dinamizada em<br />

grande monta por intermédio da leitura e escrita. As linguagens jornalísticas buscam reforçar o real,<br />

através de narrativas que se pretendem universais. Deste modo, ao invadir tradições morais,<br />

intelectuais e educacionais estes favorecem uma ambivalência com as ações sociais no tempo real.<br />

Não obstante, tais tradições que são reinterpretadas mistificam os conjuntos de práticas de natureza<br />

ritualísticas e simbólicas, as quais buscam inculcar valores, normas de comportamentos através da<br />

repetição, em que, automaticamente, implica continuidade, com um passado histórico adequado. A<br />

esta estratégia discursiva não importa o quão diferente seus membros possam ser em termos de<br />

classe, gênero ou raça, pois estarão representados como unidade de identidade através do exercício<br />

de diferentes formas de poder.<br />

28 (APHRP) O RIBEIRÃO PRETO. Injustiça. Ribeirão Preto, 21 abril 1898, p.1.<br />

Na Trilha da Modernidade Cafeeira 145

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