01.11.2014 Views

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

110<br />

antecessoras, não é possível para estas mesmas gerações atuais beneficiarem-se <strong>do</strong>s avanços<br />

tecnológicos e médicos que, ainda, serão alcança<strong>do</strong>s pelo esforço das futuras gerações, porque<br />

a flecha <strong>do</strong> tempo é unidirecional. Logo, a desigualdade é dupla, pois tanto em relação às<br />

gerações passadas quan<strong>do</strong> às futuras, as gerações presentes estão em situação iníqua. A<br />

igualdade nessas hipóteses só seria alcançada se os participantes da experiência, por trás <strong>do</strong><br />

véu da ignorância, ordenassem a cada geração que queimasse todas suas livrarias e destruísse<br />

completamente suas inovações antes de sua morte. Mas nesse caso, o progresso se tornaria<br />

impossível em todas as eras e tempos históricos. Todas as gerações da humanidade estariam<br />

condenadas a vegetar no mais baixo nível da evolução da espécie, como, por exemplo, os<br />

Neandertais.<br />

Diante deste quadro, Tremmel conclui seu estu<strong>do</strong> propon<strong>do</strong> que a aplicação da justiça<br />

da igualdade aos contextos intergeracionais só seria possível utilizan<strong>do</strong>-se o esquema teórico<br />

<strong>do</strong> tratamento desigual de situações desiguais. A transferência desse raciocínio para o campo<br />

da justiça intergeracional implica tratar as diferentes gerações conforme suas desigualdades<br />

intrínsecas. Cada geração teria o direito de explorar inteiramente suas potencialidades<br />

evolutivas e atingir o mais alto nível alcançável de bem-estar, e somente isso. Por causa <strong>do</strong>s<br />

fatores autônomos de progresso, a situação inicial das gerações mais recentes normalmente é<br />

melhor que a situação inicial das anteriores. Assim, as oportunidades de se conquistar um<br />

determina<strong>do</strong> padrão de qualidade de vida nunca são iguais. Apesar disso, os participantes na<br />

“posição original” por trás <strong>do</strong> “véu da ignorância” irão decidir que é justo para cada geração<br />

ter o direito de explorar integralmente seu potencial evolutivo. Nenhuma geração tem o<br />

direito de espoliar a vantagem inicial de seus sucessores, apelan<strong>do</strong> para um ideal de igualdade<br />

no seu senti<strong>do</strong> clássico. Ao invés disso, uma igualdade intergeracional seria alcançada se uma<br />

taxa de economia ambiental fosse estabelecida, no senti<strong>do</strong> de limitar seu próprio consumo.<br />

Quer dizer, um certo padrão de medidas preventivas deve ser imposto a cada geração na<br />

forma de obrigações, com o objetivo de evitar colapsos ecológicos, sociais ou tecnológicos<br />

(TREMMEL, 2009, p. 215-216).<br />

Sobre quais seriam estes padrões, Tremmel prossegue na conclusão <strong>do</strong> seu trabalho<br />

dizen<strong>do</strong>:<br />

Como a grande maioria <strong>do</strong>s filósofos, eu não suporto a ideia de um padrão<br />

absoluto referente à justiça geracional, porém um padrão comparativo; isto é,<br />

um padrão que determina o bem-estar das futuras gerações comparan<strong>do</strong>-o<br />

com o de hoje e o das gerações passadas. Frequentemente, os padrões<br />

comparativos na literatura sobre justiça geracional usam a formulação „pelo<br />

menos tão bom quanto‟, mas algumas vezes a palavra „melhor‟ é usada. Veja

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!