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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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pública como ferramenta técnica para obter respostas e soluções para uma questão jurídica<br />

nova que lhe foi apresentada: quan<strong>do</strong> começa a vida? Analisan<strong>do</strong> esse caso é possível<br />

perceber como o direito nutre-se de informações técnicas advindas de outras ciências. O<br />

presente trabalho procura mostrar que é possível, através da teoria da autopoiése, efetuar um<br />

acoplamento estrutural comunicativo entre o sistema direito e o sistema astrofísica, para<br />

resolver um <strong>do</strong>s principais problemas que impede a observância <strong>do</strong>s direitos das futuras<br />

gerações: o para<strong>do</strong>xo temporal <strong>do</strong> direito ambiental. Essa temática é abordada nos itens 5.4 e<br />

5.5, que resumem o quinto capítulo. O problema <strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo temporal é resolvi<strong>do</strong> através da<br />

incorporação <strong>do</strong> conceito astrofísico de espaço-tempo, conceito aborda<strong>do</strong> no item 4.1.<br />

O objetivo desse tratamento teórico interdisciplinar é o de facilitar e permitir ao leitor<br />

a compreensão das conclusões <strong>do</strong> quinto capítulo, contidas no item 5.5. Esse trabalho propõe<br />

a incorporação pelo direito <strong>do</strong> conceito astrofísico de espaço-tempo. Essa incorporação é<br />

denominada epistemologia espacial <strong>do</strong> tempo, uma maneira de tratar juridicamente o tempo<br />

como se fosse um “lugar”. Essa construção tem como base teórica a sociologia de Luhmann e<br />

Teubner. Assim como Luhmann construiu a teoria sociológica da autopoiése, aproprian<strong>do</strong>-se<br />

de conceitos advin<strong>do</strong>s de outros campos <strong>do</strong> saber (cibernética, neurobiologia e lógica), esse<br />

trabalho faz algo pareci<strong>do</strong> ao apropriar-se <strong>do</strong> conceito astrofísico de espaço-tempo e<br />

transformá-lo em solução <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> para<strong>do</strong>xo temporal <strong>do</strong> direito ambiental. A inspiração<br />

para essa abordagem interdisciplinar vem das próprias palavras de Luhmann, segun<strong>do</strong> o qual<br />

o direito está repleto de para<strong>do</strong>xos que podem ser supera<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “uso criativo<br />

<strong>do</strong>s para<strong>do</strong>xos” (2006, p. 46-47). Portanto, é fundamental dialogar com outras ciências.<br />

Embora sem referir-se ao para<strong>do</strong>xo temporal <strong>do</strong> direito ambiental, Luhmann sustenta<br />

que o “uso criativo <strong>do</strong>s para<strong>do</strong>xos” é uma ferramenta capaz de produzir uma evolução <strong>do</strong><br />

pensamento jurídico. Nesse senti<strong>do</strong>, o presente trabalho demonstra no item 5.5 como o direito<br />

ambiental pode criar inovações conceituais capazes de superar o seu principal para<strong>do</strong>xo.<br />

Mostra como o para<strong>do</strong>xo temporal é forma<strong>do</strong> a partir da ilusão de um tempo que “passa”,<br />

ideia conhecida por flecha <strong>do</strong> tempo, construída e alimentada pelo senso comum, e que leva a<br />

mente humana a conceber o tempo como algo que está sempre “passan<strong>do</strong>”, em uma única<br />

direção: <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> para o futuro. Essa ilusão conduz o pensamento jurídico para uma<br />

armadilha: acreditar que as referências normativas, para tomada de decisões, estão<br />

exclusivamente no passa<strong>do</strong> (nos costumes, nas leis e nas jurisprudências). Em outras palavras,<br />

a flecha <strong>do</strong> tempo impede o juiz de vislumbrar fontes jurídicas que não sejam as <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.<br />

A ilusão <strong>do</strong> tempo que “passa” impõe um rígi<strong>do</strong> raciocínio cronológico, um logos monoteísta<br />

que escraviza o pensamento jurídico a uma visão unidimensional, que acaba retiran<strong>do</strong> a

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