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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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acontecem na maioria das <strong>universidade</strong>s brasileiras, representam um ritual que demarca a<br />

entrada de um indivíduo na geração universitária (normalmente considerada uma geração<br />

jovem). Assim, mesmo que um determina<strong>do</strong> estudante gênio, uma criança com apenas 11<br />

anos de idade, tenha logra<strong>do</strong> êxito no vestibular, sua passagem pelo “trote” o transforma<br />

automaticamente em um jovem universitário. A mesma situação ocorre com estudantes<br />

i<strong>do</strong>sos, que só com 60 anos de idade tenham decidi<strong>do</strong> ingressar na <strong>universidade</strong> e passa<strong>do</strong><br />

pelo ritual <strong>do</strong> “trote”. Culturalmente, esses i<strong>do</strong>sos serão jovens universitários a<strong>pós</strong> o trote.<br />

O entrecruzamento das gerações com outros tipos de subjetividades coletivas, além<br />

<strong>do</strong>s gêneros, das raças e das classes sociais, podem também contribuir sobremaneira para<br />

demarcar-lhe limites. Como afirma Domingues, conquanto as gerações se definam através de<br />

elementos de conformação interna, eventualmente podem buscar elementos externos para<br />

demarcar suas fronteiras, pois é no mútuo contato com outras subjetividades que uma geração<br />

adquire consciência de si mesma e afirma sua identidade (DOMINGUES, 2002, p. 78). É o<br />

que ocorre, por exemplo, com a subjetividade coletiva de menor porte conhecida como<br />

família, baseada em princípios genealógicos e em estágios de maturação, e que funciona como<br />

um ponto de referência para definir em que geração um indivíduo se enquadra (filho, mari<strong>do</strong>,<br />

pai, avô). Em nível um pouco mais amplo, aparece a subjetividade coletiva conhecida como<br />

<strong>escola</strong>, baseada em princípios etários cronológicos, a partir <strong>do</strong>s quais o indivíduo avança por<br />

sucessivas gerações, como aluno até, eventualmente, ingressar na geração de professores.<br />

A subjetividade coletiva de nível mais amplo, que pode ser citada, é o Esta<strong>do</strong> moderno<br />

nacional, cuja influência é quase decisiva na conformação das gerações e na delimitação de<br />

suas fronteiras. A começar pela produção da legislação que normatiza muitos aspectos da vida<br />

das diversas gerações, mas também em sua intervenção, por meio de suas diversas instâncias<br />

(médicas, judiciais, policiais, etc.), mais ou menos direta na vida social. Cronologias etárias<br />

são aí igualmente decisivas para a própria definição de cidadania – em seus diversos estágios,<br />

em termos de direitos e deveres – e esta, por sua vez, para a definição das gerações na<br />

modernidade (FORTES, 1984, p. 101, 109-115 apud DOMINGUES, 2002, p. 79). Deseja-se<br />

destacar a influência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, na modernidade, porque as regras sociais, gerais e abstratas,<br />

que esse organismo produz acabou por promover um novo tipo de organização geracional. Se<br />

no passa<strong>do</strong>, antes <strong>do</strong> surgimento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional, as gerações eram organizadas e<br />

definidas exclusivamente em termos de maturação, idade cronológica ou influências exercidas<br />

pela genealogia familiar, na contemporaneidade isso muda radicalmente. O ciclo de vida no<br />

mun<strong>do</strong> atual foi institucionaliza<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s ditames <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. A pergunta que Domingues

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