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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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heterogeneidade das gerações. Domingues rejeita a posição homogeneiza<strong>do</strong>ra de Mannheim,<br />

segun<strong>do</strong> o qual as gerações limitar-se-iam a grupos “concretos” que compartilham,<br />

exclusivamente, valores comuns idênticos (DOMINGUES, 2002, p. 69).<br />

A importância de apontar essas diversas variáveis analíticas deve-se ao fato de que<br />

todas elas se entrecruzam dentro de uma mesma geração e, muitas vezes, são essas variáveis<br />

que, no seu conjunto, irão definir o que é uma geração e distinguir umas das outras. Essa<br />

constatação ganha mais importância ainda, para o presente estu<strong>do</strong>, na medida em que o<br />

principal objetivo deste trabalho, dentre outros, é delimitar o conceito jurídico de futuras<br />

gerações.<br />

Os padrões etários, por exemplo, segun<strong>do</strong> Domingues são sempre media<strong>do</strong>s pela<br />

dimensão hermenêutica <strong>do</strong>s sistemas sociais. Isso é verdadeiro no que tange à definição geral<br />

<strong>do</strong> universo simbólico – cognitivo, normativo e expressivo – da coletividade, assim como no<br />

que se refere à mediação entre as diversas perspectivas que constituem as diversas gerações<br />

(DOMINGUES, 2002, p. 78). Citan<strong>do</strong> Gadamer, Domingues afirma:<br />

Gadamer chamou de “fusão de horizontes” interpretativos de indivíduos e de<br />

coletividades que se põem em contato com sistemas simbólicos distintos <strong>do</strong>s<br />

seus – o que é parcial, porém inelutável, no caso de diferentes gerações, em<br />

virtude de suas distintas experiências históricas, como aliás assinala<strong>do</strong> pelo<br />

próprio Mannheim. (GADAMER, 1960, p. 307-312 apud DOMINGUES,<br />

2002, p. 78)<br />

Isso quer dizer que passa<strong>do</strong>s e presentes distintos convivem. A tese da “não<br />

simultaneidade <strong>do</strong> simultâneo” pode ser reposta em termos da perspectiva de que gerações<br />

distintas não somente coexistem a partir de estágios biológicos distintos, mas também a partir<br />

de experiências e identidades diferenciadas; sen<strong>do</strong> que a vida social consiste em uma<br />

constante mediação de senti<strong>do</strong>, em uma permanente interpretação de significa<strong>do</strong>s entre<br />

coletividades que têm como referências, passa<strong>do</strong>s e presentes distintos. Assim como projeções<br />

de futuro díspares – aquilo que podem saber e esperar, bem como o que devem fazer –, as<br />

gerações distinguem-se e podem mesmo tender à mútua incompreensão, se bem que em<br />

muitas formações sociais uma maior continuidade <strong>do</strong> horizonte hermenêutico das gerações se<br />

manifeste (DOMINGUES, 2002, p. 78).<br />

Na demarcação de fronteiras entre gerações, os rituais também podem ajudar. Mesmo<br />

que a maturidade biológica de um indivíduo não tenha si<strong>do</strong> alcançada ou já tenha si<strong>do</strong><br />

ultrapassada, os rituais definem a idade cronológica e os estágios de maturação, sen<strong>do</strong><br />

fundamentais para a constituição hermenêutica de uma geração. Por exemplo, os “trotes” que

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