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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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sociais, culturais, jurídicas e religiosas de então. Conforme for o tipo de energia utiliza<strong>do</strong> por<br />

um grupo humano, certas práticas específicas de captura dessa energia serão desenvolvidas. A<br />

repetição reiterada de tais práticas, de captura energética, transforma-se em hábitos, que<br />

posteriormente tornam-se costumes e, depois, tradições até, finalmente, tornarem-se uma<br />

crença religiosa arraigada, que associa certos comportamentos sociais, práticas e rituais<br />

antigos à garantia de bem-estar futuro: segurança energética. Em um mun<strong>do</strong> agrário, obter<br />

energia implica necessariamente repetir os mesmos processos, sempre nas mesmas épocas,<br />

sempre com os mesmos instrumentos, sempre das mesmas formas: arar, semear, esperar,<br />

colher, e assim sucessivamente. O ciclo agrícola repete-se indefinidas vezes, to<strong>do</strong>s os anos,<br />

sempre da mesma maneira, intimamente associa<strong>do</strong> ao movimento <strong>do</strong>s corpos celestes. Em um<br />

mun<strong>do</strong> agrário, o futuro repete o passa<strong>do</strong>, o presente se eterniza. É como se o tempo não<br />

existisse, ou melhor, como se a percepção <strong>do</strong> seu fluxo não fosse sentida da forma como hoje<br />

é percebida. A realidade agrária é imóvel, estática, rígida, estagnante, nada evolui.<br />

Naquele mun<strong>do</strong>, compara<strong>do</strong> com o perío<strong>do</strong> de caça<strong>do</strong>res-coletores que o antecedeu,<br />

a revolução agrícola, considerada um progresso humano, acabou representan<strong>do</strong> na verdade “a<br />

perspicácia <strong>do</strong>s seres humanos para se valerem de procedimentos simbólicos, ferramentas e<br />

organizações institucionais com o fim de captar e empregar cada vez mais energia, e, com<br />

isso, estender seu poder e aumentar o próprio bem-estar (RIFKIN, 2003, p. 39). Na préhistória,<br />

os códigos sociais de conduta, um misto de preceitos jurídicos e religiosos, estavam<br />

liga<strong>do</strong>s intimamente às práticas repetitivas da agricultura. Advinham e foram molda<strong>do</strong>s a<br />

partir dessas práticas agrícolas e, portanto, estavam associa<strong>do</strong>s aos ciclos <strong>do</strong> tempo. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, é lícito dizer que a concepção de tempo na pré-história, e ao longo de toda a<br />

antiguidade agrária, até início da idade contemporânea, é uma concepção cíclica na qual o<br />

tempo é um fenômeno que se repete.<br />

Tempo naquela época era, também, sinônimo de poder. Paulatinamente, uma classe<br />

de sacer<strong>do</strong>tes, magos e xamãs foi sen<strong>do</strong> formada, constituída por indivíduos<br />

superconhece<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s segre<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tempo, capazes de fazer previsões e orientar a vida social<br />

e econômica daqueles grupos humanos:<br />

Os membros da classe não-produtiva <strong>do</strong>s clérigos empenhavam seu tempo,<br />

em parte, a traçar os movimentos <strong>do</strong>s planetas e estrelas, o que lhes dava<br />

maior condição de prever enchentes da primavera e a melhor época para o<br />

plantio das sementes. (RIFKIN, 2003, p. 39)

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