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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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desde as primeiras sociedades pré-históricas, passan<strong>do</strong> pela antiguidade clássica, pela idade<br />

média, até chegar às modernas noções de tempo advindas da física e da cosmologia<br />

contemporâneas, que concebem o tempo na verdade como um espaço-tempo.<br />

O tempo sempre esteve intimamente liga<strong>do</strong> à visão de mun<strong>do</strong> das mais diversas<br />

sociedades humanas <strong>do</strong> planeta Terra; o tempo acompanha o Homem, desde a aurora <strong>do</strong> seu<br />

nascimento no planeta, como um fenômeno que reflete sua visão sobre o universo, como um<br />

elemento que organiza sua vida social e como um marca<strong>do</strong>r social que impõe o ritmo de suas<br />

atividades. Ao longo desse capítulo, ver-se-á que, ao invés de ser simplesmente um padrão de<br />

medida, para mensurar o ritmo da vida, o tempo pode ser ele próprio um instrumento de poder<br />

que impõe o ritmo da vida em uma sociedade. Nesse caso, fala-se <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> tempo social,<br />

desvincula<strong>do</strong> de fatores naturais e astronômicos, ancora<strong>do</strong> autonomamente em eventos e<br />

atividades da própria sociedade e que, por isso, varia conforme a época e o lugar em que certa<br />

sociedade estiver viven<strong>do</strong>. Dentre as noções mais antigas sobre o fenômeno temporal,<br />

destaca-se o tempo astronômico ancora<strong>do</strong> no movimento lento, regular, cíclico, previsível e<br />

incessante <strong>do</strong>s corpos celestes, cujo ritmo organiza a atividade agrícola desde os povos da<br />

antiguidade, até algumas populações contemporâneas que vivem em áreas rurais e, por isso,<br />

têm na agricultura o seu principal centro de atividades econômicas e sociais. Esse tempo<br />

astronômico é o responsável pelo desenvolvimento de calendários ao longo da história<br />

humana.<br />

É muito comum a percepção que uma pessoa, habitante de uma grande metrópole<br />

industrial <strong>pós</strong>-moderna, costuma ter sobre o ritmo da vida em zonas rurais. No campo, parece<br />

que o tempo passa mais devagar <strong>do</strong> que na cidade ou, até mesmo, parece que o tempo parou<br />

ou não existe. A paisagem temporal <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> agrário mostra uma realidade imóvel, estática,<br />

estagnante; onde o futuro parece sempre repetir o passa<strong>do</strong>, nada muda, nada evolui, quase<br />

nada se movimenta. Na metrópole, por outro la<strong>do</strong>, a paisagem temporal é dinâmica, muito<br />

movimentada, cada novo dia nunca é igual ao anterior. Os ritmos da vida em um cenário<br />

metropolitano são dita<strong>do</strong>s pela rapidez ofegante das linhas de produção industriais, pela<br />

incessante atividade das fábricas que, sem pararem nunca, funcionam dia e noite em uma<br />

velocidade muito maior <strong>do</strong> que o calmo movimento orbital <strong>do</strong>s corpos celestes. Este é apenas<br />

um exemplo para que o leitor perceba a diferença entre tempo astronômico e tempo social, os<br />

quais serão melhor explica<strong>do</strong>s nas linhas seguintes. Ainda há diversos outros tipos de tempo,<br />

como o tempo interno sinônimo de tempo vivi<strong>do</strong>, que é subjetivo, marca<strong>do</strong> pela percepção<br />

individual que cada pessoa guarda sobre a diferença entre o passa<strong>do</strong> e o futuro; e também o<br />

tempo externo sinônimo de tempo objetivo, mensurável através <strong>do</strong> calendário ancora<strong>do</strong> na

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