01.11.2014 Views

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

187<br />

corpos celestes, mas nas atividades ou momentos sociais, que funcionariam como referência<br />

temporal. Algumas expressões <strong>do</strong> cotidiano ocidental, e até mesmo <strong>do</strong> cotidiano de alguns<br />

povos indígenas de Madagascar, como cozinhar o arroz (meia hora) ou cozinhar o cereal (15<br />

minutos), demonstram tempos sociais:<br />

“Logo a<strong>pós</strong> a guerra”, “eu o encontrarei a<strong>pós</strong> o concerto”, “quan<strong>do</strong> o<br />

Presidente Hoover foi ao gabinete”, são todas relacionadas com cadeias de<br />

referência sociais – mais <strong>do</strong> que astronômicas -, com o objetivo de indicar<br />

pontos específicos <strong>do</strong> tempo. [...] “enquanto cozinha o arroz”, [...] “o homem<br />

morreu antes que o cereal estivesse cozi<strong>do</strong>”. (MERTON & SOROKIN,<br />

1937, p. 618-619)<br />

O conceito de “eras” históricas mostra como o tempo-calendário pode estar ancora<strong>do</strong><br />

em acontecimentos sociais de grande vulto. Sobre o marco inicial de uma era, Merton e<br />

Sorokin esclarecem:<br />

Em to<strong>do</strong>s os casos o ponto de partida é social ou imbuí<strong>do</strong> de profundas<br />

implicações de ordem social; é sempre um evento ao qual se atribui um<br />

significa<strong>do</strong> social particular. Assim, foram introduzi<strong>do</strong>s padrões de<br />

referência como: a morte de Alexandre ou a batalha de Geza para os<br />

babilônios; as Olimpíadas para os gregos; a fundação de Roma (anno urbis<br />

conditae) e a batalha de Actium para os romanos; a perseguição de<br />

Diocleciano e o nascimento de Cristo para os cristãos; a fundação mitológica<br />

<strong>do</strong> Império Japonês por Jimmu Tenno e a descoberta <strong>do</strong> cobre (era Wa<strong>do</strong>)<br />

para o Japão; a Hégira para os muçulmanos. (MERTON & SOROKIN,<br />

1937, p. 623)<br />

Os mesmos autores resumem seu conceito de tempo social:<br />

Podemos dizer, nesse ponto, que nossa investigação revelou,<br />

conclusivamente: que o tempo social, em contraste com o tempo da<br />

astronomia, é qualitativo e não puramente quantitativo; que este aspecto<br />

qualitativo é deriva<strong>do</strong> de crenças e costumes comuns ao grupo, e que ele<br />

permite revelar os ritmos e pulsações das sociedades nas quais ele é<br />

observa<strong>do</strong>. (MERTON & SOROKIN, 1937, p. 623)<br />

Merton e Sorokin afirmam que o sistema de tempo local oscila conforme diferenças na<br />

extensão, funções e atividades <strong>do</strong>s diversos grupos, poden<strong>do</strong> haver ritmos diferentes em<br />

diferentes grupos ou até mesmo dentro de um única sociedade, e concluem dizen<strong>do</strong> que “se<br />

pretendemos aperfeiçoar nosso conhecimento <strong>do</strong>s aspectos temporais relaciona<strong>do</strong>s com<br />

mudança e processos sociais, necessitamos ampliar nossa categoria de tempo” (1937, p. 627 e<br />

629). O exemplo mais expressivo de tempo social, no senti<strong>do</strong> acima exposto, é a rapidez

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!