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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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conhecimento? Algum dia o tempo e o espaço irão acabar? É possível deslocar-se através <strong>do</strong><br />

tempo? Qual a natureza <strong>do</strong> tempo? De que é constituí<strong>do</strong> o tempo?<br />

Muitas dessas questões, algumas antigas, outras mais recentes e que, até pouco tempo,<br />

faziam parte exclusivamente da ficção científica, passaram a ocupar o centro das principais<br />

investigações científicas da atualidade. Por exemplo, o Instituto de Estu<strong>do</strong>s Avança<strong>do</strong>s em<br />

Princeton é considera<strong>do</strong>, desde 1994, um <strong>do</strong>s mais ativos centros de pesquisa sobre o espaçotempo<br />

multidimensional (KAKU, 2000, p. 28). Segun<strong>do</strong> Brian Greene, avanços tecnológicos<br />

possibilitaram a conquista de uma maioridade que levou muitos estudiosos a considerar a<br />

época atual como a “Idade de Ouro da Cosmologia”:<br />

[...] medições astronômicas de precisão, que só recentemente se tornaram<br />

possíveis, permitiram um amadurecimento da cosmologia, que deixou de ser<br />

um campo basea<strong>do</strong> em especulações e conjecturas, e passou a apoiar-se<br />

firmemente em observações. (GREENE, 2005, p. 360)<br />

Conforme foi visto nas páginas anteriores, neurocientistas como Cammarota e<br />

Damasio, além de filósofos como Agostinho, Husserl, Bergson e Heidegger, parecem<br />

comungar da mesma posição quan<strong>do</strong> vinculam o tempo a uma ideia de sentimento subjetivo,<br />

quer dizer, experiência vivida, memória, fluxo da consciência, distensão <strong>do</strong> espírito, etc.<br />

Apesar das diferenças que existem entre cada um desses autores, to<strong>do</strong>s remetem suas noções<br />

de tempo para uma espécie de “sentimento” universal único que o ser humano teria sobre a<br />

passagem e o fluxo <strong>do</strong> tempo. Sabe-se que to<strong>do</strong> sentimento generaliza<strong>do</strong>, a ponto de tornar-se<br />

universal, transforma-se em senso comum. Portanto, a noção de tempo construída pela<br />

humanidade ao longo de sua história, foi em grande parte fruto <strong>do</strong> senso comum. O que as<br />

contribuições da física acarretam a essa temática é, justamente, causar o desmoronamento <strong>do</strong><br />

senso comum e, em seu lugar, introduzir concepções de tempo no mínimo estranhas.<br />

Esse embate entre o senso comum e a realidade científica é sintetiza<strong>do</strong> por Greene:<br />

O que é a realidade? Nós, seres humanos, só temos acesso às experiências<br />

internas da percepção e <strong>do</strong> pensamento. Como podemos, então, estar certos<br />

de que essas experiências internas refletem verdadeiramente o mun<strong>do</strong><br />

exterior? Os filósofos se dedicaram a esse problema há muito tempo. [...] E<br />

os físicos, como eu, têm a nítida consciência de que a realidade que<br />

observamos – a matéria que evolui no cenário <strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo – pode<br />

ter muito pouco a ver com a realidade externa, se é que ela existe. [...] o fato<br />

é que nos últimos cem anos as descobertas da física impuseram modificações<br />

na nossa percepção da realidade cotidiana que são tão contundentes,<br />

alucinantes e desnorteantes quanto os exemplos mais imaginativos da ficção<br />

científica. Esses acontecimentos revolucionários estão descritos nas páginas<br />

que seguem. [...] A lição essencial que emerge das investigações científicas

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