01.11.2014 Views

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

177<br />

explicação científica <strong>do</strong> porque da sensação psíquica que concebe o tempo como um algo que<br />

está sempre passan<strong>do</strong>, que nunca para de passar, como uma flecha apontada para o futuro.<br />

Consideran<strong>do</strong> que essa sensação psíquica <strong>do</strong> tempo passan<strong>do</strong> está intimamente ligada<br />

à memória, Damasio afirma que os indivíduos <strong>do</strong>entes, porta<strong>do</strong>res de amnésia, não<br />

conseguem perceber o tempo tal qual pessoas saudáveis o percebem:<br />

Pessoas porta<strong>do</strong>ras de danos em regiões <strong>do</strong> cérebro usadas para aprender e<br />

recordar fatos novos desenvolvem grandes distúrbios na capacidade de situar<br />

os eventos <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> na época e sequência corretas. Além disso, esses<br />

pacientes amnésicos perdem a capacidade de estimar com precisão a<br />

passagem <strong>do</strong> tempo nas escalas de horas, meses, anos e décadas.<br />

(DAMASIO, 2007, p. 36)<br />

Cammarota conclui dizen<strong>do</strong> que “percebemos o tempo como algo contínuo que parece<br />

fluir em uma única direção. Essa noção biológica <strong>do</strong> tempo condiciona nossa forma de<br />

interpretar o mun<strong>do</strong> que nos rodeia” (2009, p. 44). Grifou-se a expressão acima, para mostrar<br />

que o ser humano está condiciona<strong>do</strong> biologicamente a perceber o tempo como algo que passa,<br />

independente das mais diversas concepções teóricas e filosóficas que foram construídas em<br />

torno <strong>do</strong> seu conceito e de sua natureza. Todas as pessoas saudáveis sentem o tempo como<br />

algo que passa, inexorável, <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> em direção ao futuro. Esse condicionamento biológico<br />

da mente humana é o que produz o para<strong>do</strong>xo temporal <strong>do</strong> direito ambiental. Por isso, a<br />

proposta desse trabalho de a<strong>do</strong>ção, pelo direito, de uma epistemologia espacial <strong>do</strong> tempo,<br />

pode, à primeira vista, parecer algo surreal. Conforme será visto no próximo item, deixar de<br />

compreender o tempo como algo que passa e, ao invés disso, conceber o tempo como um<br />

“lugar” no espaço, que sofre os efeitos da força gravitacional, é uma experiência radicalmente<br />

nova na história de toda a humanidade, como bem destacou o físico da USP:<br />

A teoria da relatividade estende o nosso conceito de tempo para essa nova<br />

situação, mas, ao estendê-lo, modifica-o, e a ferida é funda. A descoberta de<br />

que o tempo não é mais o que acompanhou o homem por toda a infância,<br />

comove-o profundamente. (FLEMING, 1989a, p. 140).<br />

Dan<strong>do</strong> continuidade à linha filosófica, iniciada por Agostinho, seguida por Bergson e<br />

Husserl, chega-se até Martin Heidegger (1899-1976), filósofo que nas palavras de Puente:<br />

[...] exerceu uma imensa influência em grande parte da filosofia produzida<br />

no século XX. Não por acaso, o projeto filosófico heideggeriano, exemplar<br />

dessa valorização <strong>do</strong> tempo e da finitude, é o de repensar a própria tradição

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!