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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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sem hierarquia, fundamenta<strong>do</strong> não em um topo monolítico, mas numa base plural de valores<br />

mutantes, uma rede horizontal derivada <strong>do</strong> hidrogênio e que confirma a teoria autopoiética de<br />

Luhmann, segun<strong>do</strong> o qual o direito opera de forma sistêmica (LUHMANN, 2009, p. 126-<br />

127).<br />

Da pré-história até por volta <strong>do</strong> final da Idade Moderna (1453 - 1789), o mun<strong>do</strong> foi<br />

exclusivamente agrário. Não havia outras fontes energéticas além <strong>do</strong>s grãos e da lenha.<br />

Somente a<strong>pós</strong> a introdução de matrizes energéticas radicalmente diferentes <strong>do</strong>s grãos e da<br />

lenha, como foram o carvão (1700) e o petróleo (1859), é que mudanças mais significativas,<br />

apesar de incipientes, passaram a ser observadas no direito. Enquanto o mun<strong>do</strong> foi agrário,<br />

cada vez mais terras precisavam ser desflorestadas para capturar a energia da lenha e <strong>do</strong>s<br />

grãos. No século XIV, a Europa enfrentou um problema de entropia semelhante ao que levou<br />

Roma ao colapso. Com uma matriz energética baseada exclusivamente em lenha e grãos,<br />

gastava-se muito mais energia para capturar lenha e grãos <strong>do</strong> que a energia recebida desses<br />

elementos. Com a explosão populacional, a necessidade de mais alimentos produziu uma<br />

maior pressão agrícola, geran<strong>do</strong> uma entropia crescente. Assim, para aumentar a produção de<br />

grãos houve um desflorestamento acentua<strong>do</strong> para disponibilizar novos campos. Em<br />

contrapartida, a exposição <strong>do</strong> solo às intempéries empobreceu sua capacidade de produzir<br />

grãos e o desflorestamento reduziu a quantidade de lenha disponível. Nesse cenário, tanto a<br />

Roma imperial, como a Europa medieval foram extintas por causa de um colapso energético –<br />

exaustão <strong>do</strong> solo e desaparecimento de florestas (RIFKIN, 2003, p. 66).<br />

A questão energética é um elemento tão fundamental para a existência, a formatação<br />

e a continuidade <strong>do</strong>s sistemas sociais complexos, como são as sociedades, que alguns autores<br />

reconhecem haver um padrão civilizatório que caracteriza a história humana. Segun<strong>do</strong> Joseph<br />

Tainter, a história da humanidade caracterizou-se pela criação de mecanismos sociais e<br />

tecnológicos cada vez mais complexos volta<strong>do</strong>s à captação da energia livre disponível no<br />

ambiente. O fluxo amplia<strong>do</strong> de energia permite que as comunidades cresçam. A vida social se<br />

torna mais densa e variada. O colapso se insinua quan<strong>do</strong> uma civilização madura atinge o<br />

ponto em que é forçada a gastar cada vez mais de suas reservas de energia para manter sua<br />

complexa estrutura social, ten<strong>do</strong> retornos cada vez menores na energia disponível per capita.<br />

A energia deixa de estar disponível no volume necessário para sustentar a população inflada,<br />

defender o Esta<strong>do</strong> contra invasores e manter a infra-estrutura interna. O colapso se caracteriza<br />

pela redução nos excedente de alimentos; um enxugamento no orçamento <strong>do</strong> governo; uma<br />

redução na energia consumida per capita; a dilapidação de infra-estruturas fundamentais<br />

como os sistemas de irrigação; estradas e aquedutos; o aumento da insatisfação popular com o

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