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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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<strong>do</strong> tempo é ritma<strong>do</strong> e ordena<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> Platão usa a expressão “imagem” para definir o<br />

tempo, está dizen<strong>do</strong> também que existe um modelo. A imagem é a imitação <strong>do</strong> modelo.<br />

Influencia<strong>do</strong> por Pitágoras, o modelo seria a eternidade imutável, sen<strong>do</strong> o tempo sua imitação<br />

móvel. Outro detalhe importante, para se compreender Platão, é sua distinção entre “mun<strong>do</strong><br />

inteligível” e “mun<strong>do</strong> sensível”. Citan<strong>do</strong> Critias Timée, Pinto esclarece que “o primeiro se<br />

deixa apreender pelo intelecto e pelo raciocínio, e é sempre o mesmo. Já o segun<strong>do</strong>, é objeto<br />

da opinião e da sensação irracionais, nasce e morre, mas nunca existe realmente” (2002, p. 12-<br />

13). Como Platão tinha recebi<strong>do</strong> forte influência de Pitágoras e de toda a visão cosmológica<br />

<strong>do</strong>minante nos perío<strong>do</strong>s mais antigos da Grécia, sua definição de tempo não aban<strong>do</strong>nava a<br />

imutabilidade eterna <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Em outras palavras, ele acreditava na ausência real <strong>do</strong> tempo,<br />

este seria apenas algo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sensível, <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das sensações, que “nunca existe<br />

realmente”.<br />

Uma mudança significativa na antiga visão de mun<strong>do</strong> grega irá ocorrer com<br />

Aristóteles (385-322 a.C.). Referi<strong>do</strong> filósofo tirou o tempo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sensível e o introduziu<br />

no mun<strong>do</strong> real ao afirmar que o tempo é “o número <strong>do</strong> movimento segun<strong>do</strong> o antes e o<br />

depois” (PINTO, 2002, p. 13; PUENTE, 2010, p. 24). Para Aristóteles, movimento não quer<br />

dizer apenas um deslocamento espacial, mas pode ser também uma transformação interior, o<br />

crescimento de um corpo, uma alteração qualitativa qualquer, e até mesmo o nascer e o<br />

morrer. Assim, seja o movimento externo ou interno ao indivíduo, o tempo é o seu número,<br />

por isso o tempo pode ser algo real sim, algo que existe. Nesse senti<strong>do</strong>, só não será possível<br />

perceber que o tempo passou se não tiver havi<strong>do</strong> nenhum movimento, ou se o observa<strong>do</strong>r não<br />

tiver percebi<strong>do</strong> um movimento que ocorreu. Mas desde que tenha havi<strong>do</strong> uma mera sucessão<br />

de pensamentos, na mente <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r, inevitavelmente ele irá perceber que um intervalo<br />

de tempo transcorreu.<br />

Mas para que o número desse movimento não fosse aleatório, ou arbitrário sujeito aos<br />

caprichos <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r, apenas um movimento, natural e absolutamente, constante, regular e<br />

homogêneo poderia servir de base para numerar o tempo. Segun<strong>do</strong> Aristóteles, esse<br />

movimento só poderia ser o circular <strong>do</strong>s astros, que é eterno, não tem começo nem fim, é<br />

constante e não conhece qualquer interrupção ou alteração de velocidade. Por isso o tempo, na<br />

visão desse filósofo, é uniforme, comum e universal (PUENTE, 2010, p. 26-27).<br />

Encerran<strong>do</strong> a idade antiga, e já quase no início da idade média, Santo Agostinho (354-<br />

430) vai, segun<strong>do</strong> Puente, “tecer algumas das mais profundas considerações já escritas desde<br />

o trata<strong>do</strong> de Aristóteles sobre o tempo” (PUENTE, 2010, p. 29). Porém, antes de mostrar a<br />

posição de Santo Agostinho, cabe aqui relembrar que durante toda a antiguidade pre<strong>do</strong>minou

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