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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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Ocorre que outros ciclos faziam parte <strong>do</strong> calendário mesoamericano e permitiam a<br />

marcação da diacronia – tempo linear evolutivo, sem abrir mão da sincronia – tempo cíclico<br />

estagnante. Os 20 signos tonalli usa<strong>do</strong>s para nomear os dias, também eram usa<strong>do</strong>s para<br />

nomear os anos. Porém, como havia 20 signos forman<strong>do</strong>, com os 13 números, um total de 260<br />

dias tonalli dentro de um ano sazonal que, entretanto, possuía 365 dias cósmicos, conforme<br />

convenciona<strong>do</strong> por tais povos; o resulta<strong>do</strong> prático disso é que <strong>do</strong> total de 20 signos, apenas 4<br />

signos tonalli iriam repetir-se indefinidamente, alternan<strong>do</strong>-se a cada ano de acor<strong>do</strong> com<br />

aquele que caísse no primeiro dia de cada ano sazonal. Deste mo<strong>do</strong>, o ano seria nomea<strong>do</strong> com<br />

a carga espiritual respectiva <strong>do</strong> tonalli, conforme esclarece Santos:<br />

Em suma e de forma exemplar: se o primeiro ano teve como dia inicial 1<br />

junco, o segun<strong>do</strong> ano terá 2 punhal de pedernal, o terceiro terá 3 casa, o<br />

quarto, 4 coelho, o quinto, 5 junco, o sexto, 6 punhal de pedernal, depois 7<br />

casa, 8 coelho, 9 junco, 10 punhal de pedernal, 11 casa, 12 coelho, 13<br />

junco, 1 punhal de pedernal, e assim sucessivamente até se operarem todas<br />

as combinações possíveis entre os quatro signos e os treze números que<br />

caem como dias iniciais <strong>do</strong>s anos sazonais. Isso resulta em uma série de 52<br />

anos com nomes distintos, a<strong>pós</strong> os quais esses nomes se repetem. Essa série<br />

de 52 anos era denominada xiuhmolpilli, termo que pode ser traduzi<strong>do</strong> por<br />

atam-se ou enlaçam-se os anos ou ainda, simplesmente, por enlace de anos.<br />

(SANTOS, 2009, p. 85-86, grifo nosso)<br />

Santos destaca que, apesar <strong>do</strong>s 52 anos formarem um ciclo mais amplo que os ciclos<br />

<strong>do</strong>s dias, isso não significa que a concepção de tempo mesoamericana era exclusivamente<br />

cíclica, pois os anos tonalli (que tinham um nome e uma alma própria) eram dispostos no<br />

livro <strong>do</strong>s anos sazonais de forma sequencial, portanto linear evolutiva, fican<strong>do</strong> bem clara a<br />

anterioridade e a posterioridade entre eles. Nesse senti<strong>do</strong>, “os elementos que compunham o<br />

sistema calendário não eram simplesmente representações de quantidades absolutas, mesmo<br />

os „mais numéricos‟. Em poucas palavras, parece que a forte preocupação quantitativa estava<br />

sempre a serviço da determinação das qualidades <strong>do</strong> tempo” (2009, p. 87).<br />

Os mesoamericanos, assim como filósofos da antiguidade européia, bem como físicos<br />

da contemporaneidade, também associavam o tempo ao espaço, embora por razões e com<br />

senti<strong>do</strong>s diferentes. Segun<strong>do</strong> Santos, na visão de mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mesoamericanos, a parte seca <strong>do</strong><br />

Planeta, as terras onde era possível viver, seriam as costas de “Tlaltecuhtli, senhor ou monstro<br />

da terra, ser semelhante a um crocodilo, lagarto ou tubarão que estaria em meio de águas<br />

imensas.” Esse espaço místico era dividi<strong>do</strong> em cinco regiões: o centro da terra, a partir de<br />

onde, quatro rumos partiam em direção aos quatro “pontos solsticiais, ou seja, aos pontos<br />

mais ao norte e ao sul que o Sol alcançava no horizonte ao nascer e pôr-se ao longo <strong>do</strong> ano”.

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