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universidade do estado do amazonas escola - uea - pós graduação

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e de invernos era de vital importância para o homem antigo e uma eventual<br />

perda de tal antecipação poderia levar à morte de uma sociedade pela fome.<br />

(ABDALLA, 2009, p. 51, grifo nosso)<br />

A capacidade de conhecer o tempo, especialmente a alternância cíclica das estações<br />

climáticas, no senti<strong>do</strong> de poder prever eventos futuros liga<strong>do</strong>s às migrações de animais e à<br />

vida das plantas, era importante até mesmo para sociedades de caça<strong>do</strong>res-coletores, anteriores<br />

à revolução agrícola, como observa Szamosi:<br />

Uma vez que seu sustento muitas vezes dependia <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong>s<br />

ciclos de vida das plantas e das migrações <strong>do</strong>s animais de caça, mesmo as<br />

primeiras sociedades de caça<strong>do</strong>res-coletores estavam conscientes da<br />

periodicidade <strong>do</strong> tempo. Com a evolução da agricultura, a capacidade de<br />

predizer acontecimentos ambientais tornou-se ainda mais importante. Uma<br />

vez que o corpo humano não possui relógios quase anuais ou fotoperiódicos<br />

evidentes para assinalar as mudanças sazonais, as sociedades tiveram de<br />

inventar o equivalente cultural: o calendário. Essa foi a primeira construção<br />

simbólica a regular o comportamento social observan<strong>do</strong> atentamente o<br />

tempo. (SZAMOSI, 1988, p. 68)<br />

Interessante notar que a concepção de tempo <strong>do</strong> homem pré-histórico nasce acoplada a<br />

um senti<strong>do</strong> místico e religioso. Além da busca pela capacidade de prever o tempo, como fator<br />

de segurança alimentar, os ancestrais primitivos da espécie humana buscavam também poder<br />

controlar o tempo. O tempo até então estava claramente ancora<strong>do</strong> no movimento <strong>do</strong>s corpos<br />

celestes, cuja órbita cíclica e repetitiva associava-se às alternâncias climáticas <strong>do</strong> planeta<br />

Terra. Porém, antes <strong>do</strong> Homem perceber que havia uma regularidade cíclica no referi<strong>do</strong><br />

movimento orbital <strong>do</strong>s astros, acreditava-se que o Sol e a Lua, além <strong>do</strong>s demais corpos e<br />

fenômenos naturais terrestres (rochas, rios, montanhas, vulcões, chuvas, tempestades), eram<br />

espíritos e divindades anímicas, carregadas de emoção humana e que, por isso, precisariam<br />

receber oferendas e rituais humanos para garantir boas colheitas. Em outras palavras, o tempo<br />

na pré-história era compreendi<strong>do</strong> como uma mistura difusa, pouco clara, de movimentos de<br />

corpos celestes e alternâncias climáticas, algo aleatório e sem qualquer tipo de controle ou<br />

previsibilidade. Por isso, o tempo era entendi<strong>do</strong> como uma divindade, cujas graças e bemaventuranças<br />

deveriam ser conquistadas através de rituais e fórmulas mágicas:<br />

Tais espíritos habitavam os objetos naturais, como os rios, as montanhas e os<br />

corpos celestes, inclusive o Sol e a Lua. Era necessário apaziguá-los e buscar<br />

sua boa vontade para garantir a fertilidade <strong>do</strong> solo e a alternância das<br />

estações <strong>do</strong> ano. Gradualmente, contu<strong>do</strong>, deve ter si<strong>do</strong> percebi<strong>do</strong> que<br />

existiam certas regularidades: o Sol sempre se levantava no leste e se punha<br />

no oeste, tivesse ou não si<strong>do</strong> feito um sacrifício ao deus Sol. Mais ainda, o

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