INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
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Patrícia Ca<strong>de</strong>iras; António Alvarenga 1<br />
INTRODUÇÃO<br />
UNIÃO EUROPEIA: E SE TUDO CORRESSE BEM?<br />
Horizontes<br />
2010 tem vindo a tornar-se num horizonte apetecível para os cenários prospectivos <strong>de</strong><br />
muitos autores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> instituições como a Comissão Europeia até diversos centros <strong>de</strong><br />
investigação e investigadores individuais. De facto, <strong>de</strong>pois dos "Scenarios Europe 2010 –<br />
Five Possible Futures for Europe 2 ", e da Presidência Portuguesa da União Europeia ter<br />
fixado como objectivo estratégico para a UE "tornar-se, no espaço <strong>de</strong> uma década, a<br />
economia mais competitiva e dinâmica do mundo, com mais e melhores empregos e mais<br />
coesão social 3 ", foi a vez <strong>de</strong> Charles Grant, director do Centre for European Research<br />
(CER), apresentar um cenário optimista para a UE em 2010. Este autor apresenta-nos um<br />
texto que contrasta com a tradicional visão eurocéptica britânica, caracterizando uma União<br />
Europeia (UE) alargada 4 , na qual o Reino Unido (RU) assume um papel prepon<strong>de</strong>rante<br />
como motor <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração cada vez mais sui generis que se distancia <strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>los mais “familiares” como o do Estado-nação unitário, o da fe<strong>de</strong>ração ou o da<br />
confe<strong>de</strong>ração.<br />
O objectivo primeiro do artigo publicado pelo CER parece ser <strong>de</strong>monstrar que o Reino Unido<br />
tem muito mais a ganhar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma UE talhada à sua medida do que fora <strong>de</strong>la. Mas o<br />
1<br />
Com a colaboração do Dr. José Félix Ribeiro a quem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, os autores aproveitam para agra<strong>de</strong>cer.<br />
2<br />
Bertrand, Gilles (coord.), Michalski, Anna and Pench, Lucio R., Scenarios Europe 2010: Five Possible<br />
Futures for Europe, European Commission working paper, July 1999.<br />
3<br />
Presidência da União Europeia, Conclusões da Presidência – Conselho Europeu <strong>de</strong> Lisboa, 23-24.03.00,<br />
Ref. SN 100/00.<br />
4<br />
A UE <strong>de</strong>scrita no artigo <strong>de</strong> Charles Grant tem, em 2010, 26 Estados-membros (Alemanha, Reino Unido,<br />
França, Itália, Espanha, Holanda, Grécia, Bélgica, Portugal, Suécia, Áustria, Dinamarca, Irlanda, Finlândia,<br />
Luxemburgo, Croácia, Chipre, República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Eslováquia e<br />
Eslovénia), estando 4 países quase a completar as negociações <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são (Bulgária, Noruega, Roménia e<br />
Suíça), 1 a começar (Turquia) e 6 em vias <strong>de</strong> iniciar esse mesmo processo (Albânia, Bósnia, Kosovo,<br />
Macedónia, Montenegro e Sérvia). De realçar a entrada da Croácia (que, em 2001, não tinha sequer iniciado as<br />
negociações <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são), o facto da Roménia e da Bulgária ainda não serem Estados-membros e a fase<br />
avançada do processo em que se encontram as negociações com a Suíça (o que, só por si, atesta da forte<br />
atractivida<strong>de</strong> da UE em 2010). Por outro lado, o início das negociações (associado às ajudas financeiras e<br />
técnicas e, quando necessário, à intervenção militar) com, por exemplo, os diversos Estados balcânicos tem sido<br />
usado pela UE como forma <strong>de</strong> pressão visando não só a manutenção da paz e da estabilida<strong>de</strong> das fronteiras e o<br />
respeito pelos direitos das diversas minorias étnicas, mas também uma aceleração dos processos <strong>de</strong> reforma<br />
económica e política em curso nestes países.