INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

União Europeia: e se tudo corresse bem?
aceder ao centro do palco europeu ou continuam à margem. Caso o Reino Unido não agarre
esta oportunidade de se tornar parte do motor da integração europeia, o défice de liderança
será, muito provavelmente, colmatado por uma nova geração de líderes franceses e
alemães. A UE tornar-se-ia, neste caso, muito mais impopular junto de uma opinião pública
britânica que se apercebe do fraco peso do Reino Unido na UE. Cada vez mais
Conservadores ousariam pedir a "renegociação" do Tratado de adesão e, com toda a
certeza, os Trabalhistas teriam muitas dificuldades em manter o poder. O "cavalo de Tróia
dos interesses americanos" (assim apelidava De Gaulle o Reino Unido) tornar-se-ia, desta
forma, menos atractivo (porque menos influente) para a conservação da sua tradicional
"relação especial" com os EUA. Adicionalmente, os Trabalhistas poderiam sentir-se tentados
a neutralizar o discurso eurocéptico dos Conservadores adoptando o mesmo tipo de
argumentos, o que formaria, no Reino Unido, um consenso político anti-UE muito difícil de
ultrapassar. Ao adiar a sua adesão ao euro, o Reino Unido arrisca-se também a que os seus
parceiros reforcem o papel do Eurogrupo (fortalecendo deste modo a coordenação fiscal e
orçamental), o que dificultaria, cada vez mais, a adesão do Reino Unido a um "espaço em
construção" que, pelo menos formalmente, não teria sido influenciado de forma significativa
pelos britânicos.
Se o Reino Unido não promover a sua própria visão da Europa, a velha ideologia federal e
centralizadora acabará, provavelmente, por se impor, pondo cada vez mais em causa a
participação activa dos britânicos no processo de integração europeia. Tal facto poderá
mesmo, a médio ou longo prazo, fazer com que o Reino Unido seja substituído pela Polónia
no papel de Estado-membro charneira.
Se poucos discutem a importância que o Reino Unido tem para um desenvolvimento
equilibrado e sustentável do projecto europeu de integração, as opiniões já começam a
divergir de forma mais clara quando se começa a discutir como poderá evoluir a posição do
Reino Unido relativamente a esse mesmo projecto. Mas quais serão as condições objectivas
para que os britânicos assumam, sem preconceitos, o papel que lhes parece estar
reservado numa UE rejuvenescida e renovada pela sua presença?
Em termos de condições internas é, acima de tudo, fundamental obter o apoio da opinião
pública inglesa a uma estratégia de constructive engagement na União levada a cabo pelo
Governo de Blair. Para tal, é necessário alterar a percepção céptica que os britânicos têm
da UE, potenciando e concedendo visibilidade aos benefícios que uma União reformada e
dinâmica lhes pode trazer e salientando o papel central que o Reino Unido pode ter na
implementação e gestão dessa reforma.
Para tal, vários factos/acontecimentos podem ser interligados:
Trabalhistas
no poder no
RU
RU na
Euroland
UE ganha
popularidade
no RU
euro com
sucesso
UE responde
aos
interesses do
RU
185