INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
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Polónia Versus Rússia – do Báltico ao Mar Negro<br />
Nos anos 30 morrem cinco a seis milhões <strong>de</strong> camponeses ucranianos, fuzilados ou à fome, entre<br />
1932 e 33, no âmbito da colectivização da terra; Nikita Krutchev é eleito em 1938 para secretáriogeral<br />
do Partido Comunista da Ucrânia, cargo que <strong>de</strong>sempenha até 1949; e a Polónia Oriental é<br />
ocupada pela URSS em 1939, no seguimento do pacto germano-soviético, o que lhe permite<br />
dominar toda a Ucrânia.<br />
Este pacto não impediu que a Alemanha invadisse a Ucrânia em 1941. Durante a guerra os<br />
ucranianos dividiram-se, com os orientais a combater no exército vermelho e muitos oci<strong>de</strong>ntais no<br />
alemão. No fim da guerra, a República Socialista Fe<strong>de</strong>rativa Soviética da Ucrânia aumenta com a<br />
incorporação da Galiza, Volínia, Ruténia subcarpática, Bessarábia e Bucovina do Norte. Em 1954,<br />
Krutchev, então secretário-geral do PCUS, dá a Crimeia, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> Estaline tinha <strong>de</strong>portado os<br />
tártaros, à Ucrânia.<br />
É no pós-perestroika <strong>de</strong> Gorbatchev, e <strong>de</strong>pois do aci<strong>de</strong>nte na central nuclear <strong>de</strong> Chernobyl, em<br />
1986, que suscitara uma reacção contra a russificação, que o parlamento ucraniano proclama a<br />
soberania da república (JUL90) e elege como presi<strong>de</strong>nte Leonid Kravtchuk. No ano seguinte, em<br />
24AGO91, a seguir ao fracasso do golpe <strong>de</strong> Moscovo é proclamada a in<strong>de</strong>pendência, confirmada<br />
por referendo em 1DEZ91.<br />
Ao fim <strong>de</strong>stas convulsões, a Ucrânia caracteriza-se por um espaço físico on<strong>de</strong> se verificam várias<br />
clivagens: populacionais, culturais, regionais, religiosas, políticas.<br />
Das flutuações das fronteiras resultou uma população heterogénea. Dados <strong>de</strong> 1989 indicavam<br />
que dos 51,4 milhões <strong>de</strong> habitantes 37,4 milhões eram ucranianos, 11,3 milhões russos, 485 mil<br />
ju<strong>de</strong>us, 324 mil moldavos, 219 mil polacos, 163 mil húngaros e 134 mil romenos. Os ucranianos<br />
dominam na parte oci<strong>de</strong>ntal; na oriental, na Crimeia e em O<strong>de</strong>ssa a situação é diferente. Mesmo<br />
em Kiev, quase meta<strong>de</strong> da população é russa. Na quase ilha da Crimeia o regresso dos<br />
reabilitados tártaros (muçulmanos) é mais uma fonte <strong>de</strong> tensão, ao se encontrarem em minoria na<br />
sua terra <strong>de</strong> origem.<br />
A não sedimentação das linhas fronteiriças é evi<strong>de</strong>nciada pelas pretensões da Roménia<br />
recuperar a Bucovina e da Moldávia conseguir um acesso ao Mar Negro.<br />
Em termos religiosos há duas religiões principais: a católica e a ortodoxa. Os ortodoxos<br />
atravessam perturbação internas, com a igreja fiel ao patriarca ortodoxo russo Alexis II a braços<br />
com duas dissidências, a do patriarcado <strong>de</strong> Kiev e a da Igreja Ortodoxa Autocéfala. Os<br />
<strong>de</strong>signados greco-católicos, uniatas, são católicos <strong>de</strong> rito oriental. Acantonados na parte<br />
oci<strong>de</strong>ntal, representam aí meta<strong>de</strong> da população, o que equivale a cerca <strong>de</strong> 10% da população<br />
ucraniana. Têm 3600 paróquias. Elegeram como seu patriarca em 26JAN01 o bispo Lubomir<br />
Guzar, um americano <strong>de</strong> origem ucraniana, que saiu da Ucrânia em 1944, com 11 anos, para<br />
regressar 48 anos <strong>de</strong>pois. Des<strong>de</strong> a in<strong>de</strong>pendência que uniatas e ortodoxos disputam a posse <strong>de</strong><br />
locais <strong>de</strong> culto, em particular na Galiza. Em resultado, há <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> paróquias em que as igrejas<br />
são partilhadas pelas diversas confissões e aí celebram os ofícios por turnos. Entre 1991 e 1995,<br />
estas disputas assumiram um carácter violento. O Papa João Paulo II visitará a Ucrânia entre 23<br />
e 27JUN01, a convite <strong>de</strong> Kuchma formulado em SET00. A Igreja Ortodoxa Ucraniana,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Moscovo, manifestou-se contrária à visita, mas o Vaticano já a confirmou.<br />
Em termos regionais, po<strong>de</strong> se dizer que a parte oriental é a que pesa mais em termos<br />
populacionais, religiosos e políticos – e a que tem uma orientação mais pró-russa. A parte<br />
oci<strong>de</strong>ntal é .a mais oci<strong>de</strong>ntal(izada) – católica, dissi<strong>de</strong>nte, anti-russa.<br />
No limite, a in<strong>de</strong>pendência confronta os ucranianos com a questão <strong>de</strong> saber o que são. On<strong>de</strong><br />
está, qual é, o germen, a essência, da ucranieda<strong>de</strong>? Em Kiev, a Russa? No Grão-Ducado da<br />
Galícia, on<strong>de</strong> as elites se refugiaram das invasões mongóis?<br />
As respostas são tão difíceis/fáceis <strong>de</strong> dar como <strong>de</strong>finir a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "confim".<br />
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