30.04.2013 Views

INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Informação Internacional<br />

58<br />

A AFIRMAÇÃO <strong>INTERNACIONAL</strong> DO EURO E A SUA DEPRECIAÇÃO FACE AO DÓLAR –<br />

DUAS FACES DE UMA MESMA MOEDA?<br />

Num artigo publicado no Financial Times <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2000, Ronald McKinon <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u<br />

a seguinte posição:<br />

O EURO contribuiu para a unificação e expansão dos mercados <strong>de</strong> capitais na Europa continental<br />

a um ritmo surpreen<strong>de</strong>ntemente rápido; antes do advento do EURO o D-Marco era a moeda<br />

refúgio na Europa, já que apenas a Alemanha podia sustentar mercados <strong>de</strong> obrigações e<br />

hipotecários <strong>de</strong> dimensão significativa; os países situados na periferia da alemã possuíam moedas<br />

mais “fracas” e com elevados prémios <strong>de</strong> risco nas suas taxas <strong>de</strong> juro, pelo que o financiamento<br />

interno das suas economias baseava-se obrigatoriamente mais no curto prazo e no recurso ao<br />

crédito bancário. Contudo com a substituição anunciada da lira, peseta, escudo, franco, etc. as<br />

empresas <strong>de</strong>stes países passaram a po<strong>de</strong>r financiar-se emitindo obrigações <strong>de</strong>nominadas em<br />

EUROS com taxas <strong>de</strong> juro tão baixas quanto as que eram pagas pelas suas congéneres alemãs;<br />

os prémios <strong>de</strong> risco cambial foram eliminados, pelo que em 2000 as emissões <strong>de</strong> obrigações em<br />

EUROS pelas empresas europeias estavam a ser <strong>de</strong>z vezes maiores do que as emissões antes <strong>de</strong><br />

1999 e nas “velhas moedas". Obviamente a procura <strong>de</strong> obrigações <strong>de</strong>nominadas em EUROS teve<br />

<strong>de</strong> se expandir para acolher este aumento substancial da oferta. Antes <strong>de</strong> 1999 os sectores<br />

financeiros funcionavam em termos estreitos, nacionais. Assim, por lei, ou por prudência, as<br />

companhias <strong>de</strong> seguros italianas, os fundos <strong>de</strong> pensão e outras instituições com<br />

“responsabilida<strong>de</strong>s” <strong>de</strong>nominadas em liras tinham que adquiri activos na mesma moeda, o mesmo<br />

se passando com instituições espanholas e dos outros países europeus.<br />

Com a eliminação das múltiplas moedas europeias, as instituições financeiras <strong>de</strong> cada país<br />

pu<strong>de</strong>ram diversificar a s suas carteiras adquirindo activos <strong>de</strong>nominados em EUROS e emitidos por<br />

entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros países que não os seus. Esta rápida diversificação criou um novo mercado<br />

gigantesco <strong>de</strong> obrigações <strong>de</strong>nominadas em EUROS, com taxas <strong>de</strong> juros mais baixas e prazos<br />

mais alargados relativamente ao que era então corrente as empresas obterem por via das suas<br />

fontes tradicionais <strong>de</strong> financiamento. Por sua vez, e pelo mundo inteiro, novas emissões <strong>de</strong><br />

obrigações em EUROS encontram-se a par com as novas emissões em dólares, facto a que não é<br />

estranho a Europa ter um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> transacções correntes e, em conjunto, ser um gran<strong>de</strong><br />

credor. Esta maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundos a longo prazo para as empresas europeias tornoulhes<br />

possível lançar, no último ano, várias operações <strong>de</strong> F&A sobre empresas americanas.<br />

Por outro lado governos e empresas <strong>de</strong> fora da zona EURO <strong>de</strong>cidiram também tomar partido <strong>de</strong>sta<br />

melhoria nos mercados <strong>de</strong> capitais europeus. Devedores não europeus, incluindo <strong>de</strong> países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>pararam-se com um mercado pronto para acolher emissões <strong>de</strong> obrigações a<br />

taxas <strong>de</strong> juro 1% inferiores às que podiam obter em dólares (nota: na ocasião em que o artigo foi<br />

escrito). Os principais compradores <strong>de</strong>ssa emissões foram instituições financeiras na Europa. Ora<br />

foi exactamente este inesperado aumento das saídas <strong>de</strong> capitais da Europa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong><br />

1999, que tem levado à surpreen<strong>de</strong>nte fraqueza do EURO.<br />

Chegámos, pois, a um aparente paradoxo: o <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> e positiva transformação financeira<br />

Europeia estar a ter como resultado uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> na sua nova moeda. Mas este paradoxo não<br />

<strong>de</strong>ve alimentar o <strong>de</strong>sespero acerca do EURO. Com efeito o completar do mercado <strong>de</strong> obrigações<br />

pan-europeu levou a um gigantesco processo – mas um processo instantâneo e não repetível – <strong>de</strong><br />

recomposição das carteiras internacionais <strong>de</strong> obrigações, que apanharam <strong>de</strong> surpresa, quer os<br />

mercados, quer o Banco Central Europeu. Para restaurar a confiança dos mercados e cortar o<br />

“momentum” dos especuladores nos mercados <strong>de</strong> câmbios, o FED e o BCE <strong>de</strong>vem continuar, se<br />

necessário, a intervir em conjunto a fim <strong>de</strong> “trazer” o EURO para valores mais próximos dos que<br />

permitiriam equilibrar a competitivida<strong>de</strong> dos EUA e da Europa reduzindo nesta as pressões<br />

inflacionistas.<br />

Fonte: “Two Si<strong>de</strong>s of the Same Coin”, Ronald McKinon, Financial Times, 28 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2000.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!