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Polónia Versus Rússia – do Báltico ao Mar Negro
fronteiras, princípio admitido pela Conferência de Teerão (NOV-DEZ1943), resultou que 40% do
território da Polónia actual era alemão antes de 1945, casos de Pomerânia, Silésia, sul da Prússia
Oriental e este de Brandenburgo, habitados por alemães há sete séculos.
Apesar desta, pode-se dizer, refundação territorial, a população da Polónia é homogénea. Dos
seus 39 milhões, 98% são polacos e 90% católicos. A homogeneidade actual – em contraste com
a diversidade anterior à II GM: 4,5 milhões de ucranianos, três milhões de judeus, um milhão de
bielorrusos, 800 mil alemães –, deve-se ao assassínio da maioria dos judeus durante a ocupação
alemã durante a II GM, ao abandono de muitos alemães dos territórios no pós-guerra, quando
territórios alemães foram incorporados na Polónia, e à incorporação na URSS dos territórios
polacos onde viviam muitos bielorrussos e ucranianos. Durante a II Guerra Mundial foram mortos
seis milhões de polacos e 2,5 milhões foram deportados para a Alemanha para trabalhos
forçados.
A questão das fronteiras sempre envenenou as relações germano-polacas. Só um quarto de
século depois de Potsdam (1970) é que a Alemanha, devido a Willy Brandt e à Ostpolitik,
reconheceu as fronteiras ocidentais polacas, primeiro através de um entendimento com a Rússia,
formalizado depois com Varsóvia, através dos tratados de Moscovo e Varsóvia, em Agosto e
Dezembro, respectivamente. Só depois do reconhecimento alemão é que o bloco ocidental fez o
mesmo, na Conferência para a Segurança e Cooperação na Europa (1972); até então o
reconhecimento era apenas do bloco socialista. A reunificação alemã (3OUT90) não questionou o
adquirido; o parlamento da Alemanha reunificada ratificou o Tratado de Varsóvia em 14NOV90 e
em JUN91 Alemanha e Polónia assinaram um tratado de boa vizinhança e cooperação.
Este registo histórico não deve ser ignorado quando a Polónia pretende entrar na União Europeia
(UE), na qual a Alemanha tem um peso importante – quiçá decisivo – e da qual a Alemanha é, em
muito, sinónimo para a Polónia, ao ser o primeiro investidor, cliente e credor e único vizinho
comunitário desta.
Mas também com a Rússia, as relações têm sido turbulentas. Como afirmou Kwasniewski em
19JAN01, à DeutschlandRadio: «A história comum russo-polaca é, pelo menos, tão complicada
quanto a germano-polaca». Aliás, a actual Polónia, cuja independência estava na agenda do
presidente americano Woodrow Wilson para o pós-I Guerra Mundial, só estabeleceu as suas
fronteiras orientais em 18MAR21, pelo Tratado de Riga, depois de combates contra as tropas
soviéticas. Não admira, pois, que a Polónia tivesse sido dos primeiros Estados do bloco socialista
a aproveitar a breve abertura que se seguiu à morte de Estaline (1953), que levou ao governo de
Gomulka (1956); outras expressões do seu pulsar levaram às greves operárias nos estaleiros do
Báltico (1970), que derrubaram Gomulka, às greves de 1976, ao Solidariedade de Walesa, em
1980; a própria eleição do bispo de Cracóvia, cardeal Karol Wojtyla, como papa João Paulo II, em
OUT78, é sintomática do peso do catolicismo na Polónia, do peso desta no mundo católico
ocidental e da sua especificidade religiosa no bloco socialista.
O golpe militar de 1981, destinado a conter o Solidariedade e protagonizado pelo general
Jaruzelski – deportado em 1939, então com 16 anos, com o pai para a Sibéria –, foi visto como
uma alternativa nacionalista a (mais) uma invasão russa. O resultado foi uma situação nim: nem
comunistas, nem sindicalistas. A perestroika de Gorbachev, chegado ao poder em 1985,
descongelou a situação e a Polónia realizou duas premières no bloco socialista: i) uma mesaredonda
entre o poder e a oposição (FEV-ABR89), que conduziu ao acordo de Belvedère, do qual
resultaram ii) as primeiras eleições livres no bloco de Leste (4JUN89). A eleição do electricista,
sindicalista, ex-dissidente e ex-prisioneiro político Lech Walesa como presidente da República em
9DEZ90 foi o culminar da polonização e inversão do rumo da vida política no sentido da
democracia ocidental, depois de em 12SET89 ter sido formado o primeiro governo não-comunista
em 40 anos, liderado por Tadeusz Mazowiecki, um jornalista membro do Solidariedade.
A procura permanente de alicerces para uma independência sustentada e segurança acrescida
face a uma vizinhança com quem as relações têm sido difíceis levou a Polónia a orientar-se para
a UE e a NATO. Assim, em Fevereiro de 1991, a Polónia, a então Checoslováquia – que veio a
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