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Chipre, a Turquia e o Alargamento da União Europeia
Entre os principais partidos políticos, a posição até finais de 2000 também era
assumidamente favorável à adesão à União Europeia. Assim os Islamistas, habitualmente
críticos face à Europa, assumiram subitamente uma opinião favorável à adesão, na
esperança de que a liberdade de expressão política que a mesma acarreta lhes confira um
ambiente mais favorável para o desenvolvimento da sua agenda política; os Secularistas
são tão entusiastas como os Islamistas, esperando que a adesão vá garantir uma
progressão da Turquia em direcção ao ocidente; os militares encaram a entrada para a
União Europeia como a salvaguarda da integridade da Turquia, e os Separatistas curdos
vêem a sua salvação no tratamento generoso face às minorias, defendido pela União
Europeia; os Nacionalistas consideram a adesão como uma confirmação implícita da
grandiosidade da Turquia; enquanto, por seu lado, os Liberais se voltam para a Europa para
combater tal chauvinismo.
E a classe política em geral ansiava por dispor de auxílio para as regiões mais carenciadas
do país, cujos habitantes, por sua vez, estão desejosos de emigrar para as grandes
metrópoles europeias. 12
Todavia, se a opinião pública turca no geral era da opinião que a Turquia devia pertencer à
União Europeia, a mesma opinião não é expressa pelas opiniões públicas dos Estadosmembros
da UE, como se pode observar nos "Eurobarómetros". A dimensão da Turquia,
que o tornaria no segundo maior membro da União Europeia em termos populacionais (*) , e
os receios de um maior fluxo de imigrantes turcos de poucos recursos para os países ricos
da União, parecem ser as maiores preocupações. Mas outras questões são igualmente
relevantes, como as que se relacionam com a aplicação da PAC e da Política Regional à
Turquia, tendo em conta que população agrícola turca é superior ao total da população
belga e que o rendimento per capita na Turquia representa apenas um terço da média da
União Europeia, (nota: mesmo numa comparação "paridade de poder de compra", que é
relativamente generosa para a Turquia). E por outro lado, o desrespeito pelos direitos
humanos na Turquia é considerado inadmissível e para aqueles que encaram a União
Europeia como um “clube cristão”, a identidade muçulmana da Turquia é considerada outro
problema.
No entanto, a candidatura da Turquia à União Europeia também pode ser encarada como
positiva, em termos demográficos, já que a Europa envelhecida necessita de mão-de-obra
jovem, necessidade que os candidatos da Europa de Leste não podem suprir, mas que a
Turquia pode (nota: actualmente dois milhões de turcos já estão na Europa Ocidental).
Convém ainda recordar que a Turquia (quase setenta milhões de pessoas) constitui um
vasto mercado que já recebe mais importações da União Europeia do que vários Estadosmembros
e do que todos os outros candidatos, à excepção da Polónia, sendo que o
(*) De entre todos os Estados-membros actuais e candidatos, apenas a Alemanha tem actualmente maior
número de habitantes; e caso a Turquia mantenha a sua elevada taxa de natalidade, ocupará a primeira posição
em 2020
12
Recentemente, e depois de conhecidos os termos da "Parceria de Adesão" da Turquia à União Europeia,
assistiu-se a uma viragem negativa, eventualmente temporária, mas muito forte, na opinião pública relativamente
às vantagens na adesão.
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