INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
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3.2. Uma potência emergente<br />
União Europeia: e se tudo corresse bem?<br />
Em termos diplomáticos, a UE e os seus Estados-membros evoluíram muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />
da década, tendo-se tornado numa força a ter em conta a nível mundial. No entanto, o<br />
processo que teve esse <strong>de</strong>sfecho não foi tão linear como o que se po<strong>de</strong>ria pensar no início<br />
do período. A diferença resultara da profunda transformação do sistema das Nações Unidas<br />
que ocorrera após a vitória dos sectores multilateralistas no seio da elite política americana.<br />
Essa transformação consubstanciara-se, entre outros aspectos, pela entrada como<br />
membros permanentes do Conselho <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Alemanha, Japão, Índia e Brasil. De<br />
realçar que a UE, como tal, não tem qualquer tipo <strong>de</strong> representação nesse órgão.<br />
A UE como actor internacional: entre a ONU e a PESD<br />
A UE acaba por estar directamente envolvida nesta transformação, pois os Estadosmembros<br />
<strong>de</strong>finiram, gradualmente, como preferência estrutural da sua intervenção externa,<br />
o fortalecimento das instituições multilaterais, nomeadamente do sistema da ONU, em<br />
contraste com a preferência <strong>de</strong> importantes sectores dos EUA que consi<strong>de</strong>ravam tal reforço<br />
como causador <strong>de</strong> constrangimentos à <strong>de</strong>fesa dos interesses nacionais norte-americanos.<br />
No entanto, ao fazerem-no, não podiam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> aceitar uma reformulação das relações <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r no seio <strong>de</strong>ssas organizações multilaterais, nomeadamente no que respeita ao<br />
Conselho <strong>de</strong> Segurança da ONU (no duplo sentido <strong>de</strong> uma “normalização” do estatuto da<br />
Alemanha e do Japão e <strong>de</strong> um reforço do protagonismo <strong>de</strong> alguns Estados do “Sul”).<br />
Neste contexto, a actuação externa dos Estados europeus passou a <strong>de</strong>correr em dois níveis<br />
distintos, cada um <strong>de</strong>les vocacionado para um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> questões. Assim:<br />
• a um primeiro nível, <strong>de</strong>senvolveu-se uma concertação não institucionalizada, no<br />
Conselho <strong>de</strong> Segurança, entre a França, o Reino Unido e a Alemanha. Esta<br />
concertação ocorria sempre que se tratava <strong>de</strong> questões “hard” – ou seja, crises<br />
repentinas em zonas chave para as potências representadas no Conselho,<br />
intervenções em conflitos <strong>de</strong> segundo plano mas situados fora da zona <strong>de</strong> influência<br />
mais directa da UE, etc.;<br />
• a um segundo nível, consolidou-se a Política Externa e <strong>de</strong> Defesa Comum da UE<br />
como tal, a qual envolveu a concertação <strong>de</strong> todos os Estados-membros e se foi<br />
especializando em três tipos <strong>de</strong> problemas: gestão <strong>de</strong> crises nas periferias directas da<br />
UE, vertentes “soft” da actuação em crises regionais que tinham começado por ser<br />
“hard” e questões “soft” <strong>de</strong> interesse mundial (como as questões ambientais, a luta<br />
contra a criminalida<strong>de</strong> e o terrorismo, etc.) em que a influência da UE se fez sentir no<br />
seio <strong>de</strong> organizações multilaterais (frequentemente em discordância com os EUA).<br />
Refira-se que, enquanto na esfera das relações económicas internacionais a UE funciona<br />
cada vez mais a uma única voz – vd. a presença da Eurolândia no G8 em substituição das<br />
actuais presenças europeias e a “fusão” das quotas dos Estados-membros no FMI e no<br />
Banco Mundial –, na esfera geopolítica, a in<strong>de</strong>pendência dos Estados na cena internacional<br />
é claramente mantida.<br />
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