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É interessante notar que a OTAN pretende fazer deste projecto um possível campo de
colaboração com a Rússia dado que as chefias militares russas reconhecem, a prazo, a
ameaça potencial que nas suas fronteiras sul e leste é representada por Estados que têm
vindo a desenvolver as suas competências nas tecnologias dos mísseis, como o Iraque ou o
Irão, ou de Estados que são potências nucleares como a China, e mais recentemente a
Índia e o Paquistão. Mas a Rússia defronta-se com dois problemas quanto a uma eventual
colaboração com a OTAN neste campo:
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• uma das direcções da política externa russa, confirmada com o Presidente Putin, tem
sido o reforço das relações com os Estados que podem causar mais perturbação aos
interesses dos EUA, em áreas chave como o Golfo Pérsico ou a Ásia/Pacifico, tal
como a China, o Irão e o Iraque, com os quais as relações da Rússia têm envolvido a
venda de armamento e, nalguns casos, de tecnologias na área dos mísseis ou das
armas de destruição maciça; ora pode-se perguntar se esta orientação é compatível
com uma percepção do risco que esses Estados podem vir representar a prazo para
os próprios interesses russos na Eurásia e na Ásia Central;
• um dos objectivos centrais da Rússia é a de ver fortemente reduzido o armamento
estratégico, para níveis que possa financeiramente comportar, quer no que respeita à
sua manutenção quer à sua modernização, ao mesmo tempo que quer evitar que os
EUA se lancem no reforço da vertente de defesa estratégica, limitada pelos acordos
centrais do período da "détente” – o tratado ABM de 1972; por isso a Rússia, pelo
menos durante um tempo, fará sempre condicionar a sua eventual colaboração com a
OTAN no desenvolvimento de sistemas anti-mísseis de “teatro” a um compromisso
negociado com os EUA no que respeita a este dois aspectos da equação estratégica.