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Polónia Versus Rússia – do Báltico ao Mar Negro
parte dos quais gratuitos como pagamento do trânsito – e as receitas a obter com o trânsito
do gás natural poderão ter sido argumentos necessários, mas insuficientes.
Desde logo, havia a ameaça de bypass da própria Polónia. Igor Ivanov, Ministro dos
Negócios Estrangeiros russo, foi claro quando esteve em Varsóvia, em 22-23 Novembro de
2000 – a primeira visita de um diplomata russo de topo em quatro anos – ao dizer que «a
Polónia é um país soberano no qual não se pode construir ou instalar nada sem a sua
autorização e com o qual gostaria de fazer negócio, mas se não quiser temos alternativas».
A visita de Ivanov merece atenção especial, se tivermos em conta a deterioração das
relações russo – polacas ocorrida desde 1999. Desde Março desse ano– integração da
Polónia na NATO – que a Rússia congelara os contactos diplomáticos de alto nível com
Varsóvia.
A situação piorou em 20 Janeiro de 2000, quando Varsóvia expulsou nove diplomatas
russos acusados por espionagem, a que se seguiu a imediata (21JAN00) retaliação russa,
com a expulsão de nove diplomatas polacos. Continuou a deteriorar-se em Fevereiro de
2000 com a criação do Forum Polaco-Ucraniano que, presidido por Henryk Wujec, da União
para a Liberdade (UL) – partido que governou coligado com o Bloco Eleitoral Solidariedade
(AWS) até JUN00, quando saiu do governo –, tem por objectivo «traduzir a parceria
estratégica entre a Polónia e a Ucrânia em acções práticas».
O mau “clima” prosseguiu em 17 Abril de 2000 com a divulgação, em conferência de
imprensa com a ministra da Justiça, Hanna Suchocka, da quantificação da repressão russa
sobre a Polónia durante a II Guerra Mundial, que confirmou 566 mil vítimas. Por fim, em
17JUN00, foi inaugurado um cemitério militar polaco em Kharkiv, na Ucrânia, por Buzek e
Yuschenko, com 3800 oficiais e guardas-fronteiriços polacos assassinados pela NKVD em
1940 e cinco mil ucranianos mortos nos anos em que a URSS foi dirigida por Estaline.
Acresce que antes de Ivanov chegar a Varsóvia, o Gazeta Wyborcza revelou em 17
Novembro a existência de um cabo que une a Rússia à Alemanha, via Bielorússia e Polónia,
instalado ao longo do gasoduto que transporta o gás de Yamal para Berlim. A existência do
cabo, com 24 fibras ópticas capazes de transmitir 38 milhões de chamadas telefónicas
simultâneas, era ignorada no Ministério polaco das Comunicações. O jornal concluía que o
governo de Varsóvia perde receitas do tráfego telefónico. A Polónia recebe 52 milhões de
zlotys (cerca de 2,5 MC) por ano de receitas de trânsito de telefonemas da Rússia para o
Ocidente.
Sinal da determinação russa em excluir a Ucrânia da sua rota energética – em alternativa ao
controlo do trânsito pela Ucrânia –, Putin aludiu, na cimeira UE-Rússia, realizada em Paris a
30 Outubro 2000 a um gasoduto Rússia-Alemanha via Finlândia. O ponto de partida seria a
cidade russa de Vyborg.
Em 24 Janeiro de 2001, durante uma visita do Primeiro Ministro finlandês a Moscovo, em
que se encontrou com Putin e Kasyanov, este projecto foi considerado como de «prioridade
económica para a Finlândia e a Rússia». O consórcio North Transgas, formado pela
finlandesa Fortum (ex-Neste) e a Gazprom, propõe-se fornecer 30 mmmc/a, e admite
cooperar com a alemã Rhurgas. O custo do gasoduto está estimado entre três mil milhões
USD (cerca de 645 MC) e cinco mil milhões USD (cerca de mil MC). O abastecimento
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