INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

Informação Internacional
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• a independência da Ucrânia veio introduzir um factor de perturbação potencial no
encaminhamento do petróleo e gás da Rússia e do Turquemenistão para a Europa,
dada a possibilidade (teórica?) das autoridades ucranianas interromperem esses
fluxos de trânsito ou de procurarem utilizá-los para obter condições mais favoráveis
ao seu próprio abastecimento energético;
• Durante a década de 90 e perante esta transformação foram-se desenhando três
objectivos para a geopolítica da energia, por parte da Rússia;
• travar o desenvolvimento autónomo da bacia energética do Cáspio, quer no que
respeita à velocidade de exploração e desenvolvimento dos recursos, quer ao
envolvimento de empresas russas nesse desenvolvimento, quer ainda no que respeita
às rotas de acesso aos mercados externos e á utilização das infra-estruturas
construídas em território russo que envolve o acesso directo aos mercados externos;
• envolver os países vizinhos da Rússia nas despesas de desenvolvimento de novos
campos produtores (de Yamal, a ocidente, às Sakalinas, a oriente), mas sem
questionar o comando ou o envolvimento de empresas russas e a continuação de um
forte controlo do estado sobre os recursos energéticos russos;
• utilizar a questão energética como um instrumento de pressão e retoma do controlo
económico sobre a Ucrânia, em vez de poder ser por ela utilizada.
Estes objectivos defrontaram-se ao longo dos anos com iniciativas quer dos EUA e da
Turquia especialmente em apoio a uma maior autonomia política de países produtores como
o Azerbeijão e Turquemenistão face à Rússia (e ao Irão), quer com projectos destinados a
dar maior consistência económica ao “alinhamento” dos Estados saídos da ex-URSS e mais
reticentes ao aprofundamento das relações com a Rússia – Geórgia, Ucrânia, Uzbequistão,
Azerbeijão, Moldova (“alinhamento” conhecido como GUUAM, por referência às iniciais dos
nomes destes Estados).
Ora durante o ano 2000 a Polónia e a Ucrânia foram agitadas pela intenção da Rússia de
contornar a segunda pela primeira no transporte de gás natural de Yamal para a União
Europeia (UE), no quadro de um novo acordo de cooperação energética da Rússia com a
União. Este projecto de bypass permite explicitar duas tendências em curso, entre as quais:
• a secundarização da Polónia e da Ucrânia, por parte da UE e da Rússia, que
procuram um entendimento baseado na satisfação do consumo europeu de energia
pela produção russa;
• a utilização da energia (produção; transporte/bypass; fornecimento) como arma por
Moscovo para tentar restaurar influências geopolíticas perdidas com a desintegração
da URSS; no caso da Ucrânia estão em curso três bypass, dois no gás e um no
petróleo;