INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

Chipre, a Turquia e o Alargamento da União Europeia
enfatizou igualmente que esperava ainda introduzir no documento final a exigência da
mudança "a médio prazo" na posição turca quanto às disputas territoriais no mar Egeu 17 .
O espectro de uma nova crise profunda nas relações entre a Turquia e a União Europeia
voltou a pairar, a poucos dias da Cimeira de Chefes de Estado em Nice. A aprovação do
documento, inicialmente prevista para o dia 20 de Novembro, foi então adiada.
Mas no início de Dezembro de 2000, um ano após a Cimeira de Helsínquia, o governo turco
e os responsáveis da União Europeia acordaram os termos do documento que estabelece
as reformas políticas necessárias para que a Turquia possa dar início às negociações
formais de adesão, sendo estabelecidos prazos para que o governo Turco implemente
determinadas reformas políticas e económicas, de forma a satisfazer os chamados "critérios
de Copenhaga".
O memorando aprovado apresenta uma solução de compromisso entre as posições grega e
turca, com uma referência às duas questões problemáticas (Chipre e disputas territoriais no
mar Egeu), mas fora da parte dita "operacional" do documento.
"Chegámos a uma formulação que satisfaz os Quinze e que é aceite pela Turquia", declarou
o ministro dos negócios estrangeiros da França, Védrine, à imprensa. Segundo o mesmo, foi
realizado "um importante trabalho ao nível das palavras" 18 empregues no novo documento
da "Parceria de Adesão".
6. PERSPECTIVAS DE FUTURO
A União Europeia poderá admitir novos membros a partir do final de 2002. A Turquia já faz
parte da estratégia de alargamento, mas as negociação de adesão ainda prometem durar, já
que para além dos critérios económicos, este candidato terá de preencher os critérios
políticos definidos pela União, nomeadamente, a abolição da tortura e da pena de morte, o
reconhecimento da minoria curda ou a redução da interferência dos militares no processo
democrático, não esquecendo o eterno conflito com a Grécia.
A grande questão é saber se de facto os responsáveis europeus estão efectivamente na
disposição de importar um conflito militar para a União Europeia. Como reconheceu um
negociador europeu, "A decisão de Helsínquia foi tomada com base em esperanças, não
com base na realidade" 19 .
A União Europeia está consciente de que a não inclusão de Chipre no primeiro grupo de
países do alargamento implicará um possível bloqueio por parte da Grécia a todo o
processo, recusando ratificar os tratados de adesão dos novos membros.
É preciso não esquecer que a instituição que hoje é a União Europeia foi criada com o
propósito de unificar a Europa e evitar conflitos militares. A adesão de Chipre e da Turquia
irá colocar um enorme desafio, exactamente ao nível da segurança europeia.
17
Expresso, Caderno de Economia de 8 de Dezembro de 2000.
18
Público, Caderno Internacional de 04 de Dezembro de 2000.
19
Público, Caderno Internacional de 06 de Março de 2000.
353