INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
União Europeia: e se tudo corresse bem?<br />
1.6. O alargamento e a reforma das políticas comuns actuais que implicam custos<br />
mais elevados para o orçamento comunitário<br />
As intensas e difíceis discussões que levaram à aprovação da Agenda 2000 e as críticas<br />
constantes <strong>de</strong> que é alvo a UE no seio da Organização Mundial do Comércio (OMC) são<br />
apenas os sintomas mais evi<strong>de</strong>ntes do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> políticas comuns que durante muitos<br />
anos formaram a essência da integração europeia. Pressões internas por parte dos<br />
contribuintes líquidos do orçamento comunitário, e externas por parte dos seus principais<br />
parceiros comerciais, lançam um <strong>de</strong>safio claro à UE no sentido da reforma <strong>de</strong>stas políticas,<br />
nomeadamente da política agrícola comum (PAC) e das políticas regional e <strong>de</strong> coesão.<br />
A PAC, criada por iniciativa do país que actualmente mais fundos recebe <strong>de</strong>sta política<br />
comum (a França) para permitir à Europa assegurar a sua segurança alimentar, reformar o<br />
seu sector agrícola e garantir aos seus agricultores um nível <strong>de</strong> vida digno, acabou por levar<br />
a graves distorções. A sobre-produção em vários sectores (que leva a situações inaceitáveis<br />
em que os agricultores são pagos para não cultivar nada), os custos ligados ao<br />
armazenamento dos exce<strong>de</strong>ntes e às restituições à exportação, a nova política agrícola do<br />
Governo alemão (que procura integrar a perspectiva ambientalista), assim como uma certa<br />
tensão internacional por parte dos parceiros comerciais da UE (incompatibilida<strong>de</strong> do sistema<br />
<strong>de</strong> preferência comunitária com as regras do comércio internacional, contradição com a<br />
política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da UE, preços elevados para o consumidor, consequências<br />
ambientais,...) apelam a uma reforma da PAC. Adicionalmente, torna-se também difícil <strong>de</strong><br />
justificar internamente o seu peso no orçamento comunitário, sobretudo com a perspectiva<br />
do alargamento a leste. De facto, embora se possam prever mecanismos que mantenham<br />
os futuros Estados-membros fora do âmbito da PAC numa primeira fase, o alargamento é<br />
sem dúvida um importante <strong>de</strong>safio para a agricultura europeia. Na sua forma actual, a PAC<br />
seria incomportável numa União alargada pois, entre outras coisas, o sector agrícola nos<br />
Países da Europa Central e Oriental (PECO) é, em média, maior do que o da UE (quer em<br />
termos <strong>de</strong> percentagem do PIB e do emprego, quer em termos <strong>de</strong> superfície), uma parte<br />
significativa dos respectivos tipos <strong>de</strong> produção é igual à dos países da UE e a sua<br />
agricultura atravessa uma crise estrutural ligada à perda dos mercados da ex-URSS e à<br />
transição para a economia <strong>de</strong> mercado.<br />
Finalmente, como ficou patente nas negociações para as perspectivas financeiras 2000-<br />
2006, também a política regional e <strong>de</strong> coesão é objecto <strong>de</strong> pressões no sentido da sua<br />
reforma. O conceito <strong>de</strong> coesão económica e social lançado há quase vinte anos na era<br />
Delors começa a dar mostras <strong>de</strong> erosão. Os países que mais contribuem para o orçamento<br />
comunitário aceitam cada vez menos financiar o <strong>de</strong>senvolvimento dos “mais pobres” e<br />
tentam a todo o custo <strong>de</strong>nunciar a má utilização dos fundos comunitários. Desta forma, a UE<br />
tem hoje “entre mãos” a re<strong>de</strong>finição do conceito <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>.<br />
1.7. A criação <strong>de</strong> uma Política Europeia Comum <strong>de</strong> Segurança e <strong>de</strong> Defesa (PESD)<br />
No Conselho Europeu <strong>de</strong> Colónia, no final da presidência alemã, foi <strong>de</strong>cidido reforçar os<br />
meios <strong>de</strong> que a UE dispõe para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sempenhar plenamente o seu papel na cena<br />
internacional, mediante a <strong>de</strong>finição e implementação <strong>de</strong> uma PESD dotada das respectivas<br />
capacida<strong>de</strong>s militares. A intervenção da União na cena internacional <strong>de</strong>verá contribuir para a<br />
paz e a segurança internacionais conforme os princípios da Carta das Nações Unidas.<br />
157