INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

Polónia Versus Rússia – do Báltico ao Mar Negro
do Mar Cáspio (ou Irão), Azerbeijão, Geórgia, Mar Negro até ao porto de Feodosiya, na
Crimeia, onde se ligaria à rede ucraniana.
Nunca ficou clara a lógica desta proposta nem se teria algo a ver com o gasoduto trans-
Cáspio assinado em Istambul, por ocasião da cimeira da OSCE, em 18-19 Novembro de
1999. Mas pode admitir-se que tenha sido um mero bluff, dado o seu contexto – discussão
da dívida ucraniana à Rússia; projecto russo de contornar a Ucrânia – e a dimensão do
investimento requerido por tal projecto, que a Ucrânia não tem capacidade de mobilizar. Na
ocasião, Tymoshenko acusara a Rússia de planear comprar todo o gás do Turquemenistão
durante 30 anos 3 , o que impediria a Ucrânia de diversificar o fornecimento.
Em 4 Outubro de 2000 foi a vez do presidente da Ucrânia, Kuchma se deslocar a Ashgabat,
para assinar com o presidente turquemeno S. Niyazov um acordo mediante o qual o
Turquemenistão fornecerá em 2000 e 20001, 35 mmmc de gás. O pagamento em dinheiro
atingirá os 40% em 2000, para subir para 50% em 2001, sendo o restante pago com bens e
serviços.
4. A POLÓNIA – ENTRE A RÚSSIA E A UNIÃO EUROPEIA, OLHANDO PARA A
UCRÂNIA
O acordo energético Rússia- União Europeia veio pôr a nu as divergências de interesses
energéticos entre, por um lado o que se pode designar como “núcleo continental” da União
Europeia – Alemanha, França e Itália – interessado no estreitamento das relações com a
Rússia, mesmo que à custa da Ucrânia, e a posição de países candidatos como a Polónia,
recém saídos do controlo da ex-URSS, que olham com desconfiança para a Rússia e que
gostariam de ver consolidada a independência da Ucrânia, incluindo nas questões
energéticas.
Varsóvia não quer ser objecto de um bypass político por parte de UE e Rússia, como a
Ucrânia se arrisca a ser no trânsito de energia. O facto de o governo polaco ter dito que
soubera pelos jornais do acordo entre as empresas para o bypass da Ucrânia significa que a
Polónia foi ignorada pelos seus futuros parceiros comunitários.
O pedido de a Polónia ser incluída nas discussões sobre o abastecimento em energia da UE
feito ao Presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, pelo Primeiro-Ministro Polaco,
Jerzy Buzek, em Bruxelas, a 18 Janeiro de 2001 veio tarde de mais.
Mas se o acordo Rússia/UE pôs em relevo essas divergências de interesses, os
acontecimentos ocorridos durante 2000 revelam a intensidade das pressões a que a Polónia
foi sujeita e que se traduziram numa aceitação relutante do bypass da Ucrânia,
transformado em peça inicial daquele acordo. Assim:
• em 10 Julho de 2000 o Presidente Polaco Kwasniewski encontra-se com Putin, em
Moscovo, que lhe apresenta a proposta de bypass da Ucrânia; Kwasniewski
classifica-a de «mais económica do que política», enquanto Bronislaw Geremek, ex-
3 Em Maio de 2000, durante a visita do Presidente Putin ao Turquemenistão a Gazprom acordou com o governo
local o aumento das suas compras anuais em 10mmmc, começando em2002, e até atingir os 60 mmmc por
ano.
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