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Eurotendências
OS “ENVELHECIMENTOS” DA POPULAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA
ZONA EURO 11
António Alvarenga
1. INTRODUÇÃO: OS TRÊS ENVELHECIMENTOS
Não deixando de focar a questão das dificuldades enfrentadas pelos actuais sistemas de
pensões, este artigo tem como objectivo mais lato reflectir sobre as consequências a médio
e longo prazo do fenómeno bem conhecido e quantificado do envelhecimento da população
no mundo industrializado 1 e, muito particularmente, na zona euro. Segundo Géry Coomans,
num artigo publicado em sequência do The Futures Project do Institute for Prospective
Technological Studies (IPTS) 2 , até 2020, a Europa vai sofrer o impacto de três
“envelhecimentos” (Gráfico 1).
1.1. Envelhecimento Geral da População
O envelhecimento geral da população é um processo que decorre há já algumas décadas
(Gráfico 2), prevendo-se que se venha a tornar ainda mais significativo e preocupante a
partir de 2020, em consequência da entrada da geração do “baby boom” na classe etária
dos 65 e mais anos. Este facto colocará pressões adicionais sobre a população activa no
que respeita ao suporte do grupo crescente dos cidadãos reformados que,
simultaneamente, permanecerão muitos mais anos nessa situação.
De facto, nos países da zona euro, a proporção da população com idades iguais ou
superiores a 65 anos vai aumentar dos actuais 16% para valores próximos dos 20% em
2020, 25% em 2030 e 28% em 2050, o que provocará, nos próximos 50 anos, uma
diminuição do rácio da população em idade activa (15-64 anos) em relação à população
com 65 ou mais anos, de valores superiores a 4 para 1.5 em Itália, 2 na Alemanha e 2.3 em
França. Conforme se pode observar no Gráfico 2, este processo de envelhecimento será, na
zona euro, particularmente significativo na Finlândia e nas já referidas Itália e Alemanha.
1
Se este problema se coloca, na actualidade, com maior premência em relação aos países industrializados,
prevê-se que, a médio prazo, ele passe a fenómeno e preocupação global. Tal facto deve-se ao envelhecimento
muito rápido dos países em desenvolvimento (com menores rendimentos per capita) graças à redução da
natalidade (rápida expansão dos métodos anticoncepcionais) e da mortalidade (melhoria dos cuidados de saúde
com difusão veloz das técnicas médicas).
2
“Europe´s Changing Demography Constraints and Bottlenecks”.