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INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

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Informação Internacional<br />

258<br />

A Rússia tem vindo a <strong>de</strong>senvolver uma estratégia <strong>de</strong> cerco à Ucrânia aproveitado a sua<br />

<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> económica e <strong>de</strong>pendência energética, e que se <strong>de</strong>sdobra em quatro vertentes:<br />

• reduzir, para o futuro, o papel da Ucrânia no trânsito dos recursos energéticos da<br />

Rússia e da Ásia Central para a Europa, <strong>de</strong>senvolvendo prioritariamente bacias<br />

energéticas e explorando rotas que realizem o bypass da Ucrânia;<br />

• assegurar um controlo efectivo sobre os pipelines e gasodutos existentes na Ucrânia,<br />

usando a ameaça constituída pela novas rotas que fazem esse bypass para forçar o<br />

governo ucraniano a garantir a segurança e a manutenção <strong>de</strong>ssas infra-estruturas;<br />

• obter o máximo <strong>de</strong> activos empresariais ucranianos como pagamento da dívida<br />

acumulada ao nível energético, inserindo esta solução num processo mais vasto <strong>de</strong><br />

controlo russo sobre as partes mais valiosas da economia da Ucrânia (vd. empresas<br />

aeronáuticas e aeroespaciais);<br />

• retirar funções ao porto ucraniano <strong>de</strong> O<strong>de</strong>ssa na exportação do petróleo da Rússia e<br />

do Casaquistão, em favor dos portos russos, e nomeadamente <strong>de</strong> Novorrossisk.<br />

O bypass da Ucrânia 1 começou a ser mais do que discurso em 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2000,<br />

quando as empresas Gazprom, Rhurgas, Wintershall – estas duas empresas alemãs têm<br />

participações cruzadas com a Gazprom –, SNAM (Itália) e Gaz <strong>de</strong> France assinaram, em<br />

Moscovo, um memorando para o estudo e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nova secção do<br />

gasoduto Yamal-Europa. Esta prevê a criação na Polónia <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>riva para sul do<br />

gasoduto Yamal-Europa que ligaria na Eslováquia ao gasoduto que traz gás natural <strong>de</strong><br />

Urengoi e Yamburg para Alemanha, Itália e França. O custo estimado é <strong>de</strong> dois mil milhões<br />

USD (cerca <strong>de</strong> 430 MC).<br />

Putin incumbiu o vice-primeiro-ministro Viktor Khristenko <strong>de</strong> negociar com a Polónia a<br />

passagem do novo troço do gasoduto, e garantiu em 22DEZ00, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma reunião com<br />

o presi<strong>de</strong>nte ucraniano, Leonid Kuchma, que a Rússia contornaria a Ucrânia pela Polónia no<br />

transporte <strong>de</strong> gás natural para a UE.<br />

Neste particular, o ano 2000 terminou como começara: em 9 <strong>de</strong> Fevereiro o principal<br />

responsável da Gazprom, Rem Vyakhirev, ameaçara excluir a Ucrânia da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gasodutos<br />

que transporta o gás russo para os mercados europeus. As razões invocadas são os atrasos<br />

ucranianos no pagamento do gás e os roubos efectuados ao longo do trajecto do gasoduto<br />

na Ucrânia.<br />

Ao longo do ano 2000, multiplicaram-se os acontecimentos relativos às relações energéticas<br />

entre a Rússia e a Ucrânia, as <strong>de</strong>clarações suce<strong>de</strong>ram-se, a Polónia e a UE foram<br />

envolvidas, houve ramificações ao Mar Negro, Cáucaso e Mar Cáspio, e ficou patente que,<br />

mais do que uma questão russo-ucraniana, estavam em causa questões mais<br />

1 Recor<strong>de</strong>-se que actualmente a Rússia exporta anualmente através da Ucrânia 120 mmmc <strong>de</strong> gás natural<br />

proveniente <strong>de</strong> Urengoi e Yamburg, <strong>de</strong>stinados à Alemanha, França, Itália e Espanha (o trânsito é pago pela<br />

Rússia em gás fornecido à Ucrânia, e que constitui apenas uma parte do fornecimento total <strong>de</strong> gás russo) e<br />

que se concretizasse o bypass as autorida<strong>de</strong>s da Ucrânia calculam que esse valor se reduziria para meta<strong>de</strong>, já<br />

em 2005.

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