INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
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Informação Internacional<br />
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A Rússia tem vindo a <strong>de</strong>senvolver uma estratégia <strong>de</strong> cerco à Ucrânia aproveitado a sua<br />
<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> económica e <strong>de</strong>pendência energética, e que se <strong>de</strong>sdobra em quatro vertentes:<br />
• reduzir, para o futuro, o papel da Ucrânia no trânsito dos recursos energéticos da<br />
Rússia e da Ásia Central para a Europa, <strong>de</strong>senvolvendo prioritariamente bacias<br />
energéticas e explorando rotas que realizem o bypass da Ucrânia;<br />
• assegurar um controlo efectivo sobre os pipelines e gasodutos existentes na Ucrânia,<br />
usando a ameaça constituída pela novas rotas que fazem esse bypass para forçar o<br />
governo ucraniano a garantir a segurança e a manutenção <strong>de</strong>ssas infra-estruturas;<br />
• obter o máximo <strong>de</strong> activos empresariais ucranianos como pagamento da dívida<br />
acumulada ao nível energético, inserindo esta solução num processo mais vasto <strong>de</strong><br />
controlo russo sobre as partes mais valiosas da economia da Ucrânia (vd. empresas<br />
aeronáuticas e aeroespaciais);<br />
• retirar funções ao porto ucraniano <strong>de</strong> O<strong>de</strong>ssa na exportação do petróleo da Rússia e<br />
do Casaquistão, em favor dos portos russos, e nomeadamente <strong>de</strong> Novorrossisk.<br />
O bypass da Ucrânia 1 começou a ser mais do que discurso em 18 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2000,<br />
quando as empresas Gazprom, Rhurgas, Wintershall – estas duas empresas alemãs têm<br />
participações cruzadas com a Gazprom –, SNAM (Itália) e Gaz <strong>de</strong> France assinaram, em<br />
Moscovo, um memorando para o estudo e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma nova secção do<br />
gasoduto Yamal-Europa. Esta prevê a criação na Polónia <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>riva para sul do<br />
gasoduto Yamal-Europa que ligaria na Eslováquia ao gasoduto que traz gás natural <strong>de</strong><br />
Urengoi e Yamburg para Alemanha, Itália e França. O custo estimado é <strong>de</strong> dois mil milhões<br />
USD (cerca <strong>de</strong> 430 MC).<br />
Putin incumbiu o vice-primeiro-ministro Viktor Khristenko <strong>de</strong> negociar com a Polónia a<br />
passagem do novo troço do gasoduto, e garantiu em 22DEZ00, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma reunião com<br />
o presi<strong>de</strong>nte ucraniano, Leonid Kuchma, que a Rússia contornaria a Ucrânia pela Polónia no<br />
transporte <strong>de</strong> gás natural para a UE.<br />
Neste particular, o ano 2000 terminou como começara: em 9 <strong>de</strong> Fevereiro o principal<br />
responsável da Gazprom, Rem Vyakhirev, ameaçara excluir a Ucrânia da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> gasodutos<br />
que transporta o gás russo para os mercados europeus. As razões invocadas são os atrasos<br />
ucranianos no pagamento do gás e os roubos efectuados ao longo do trajecto do gasoduto<br />
na Ucrânia.<br />
Ao longo do ano 2000, multiplicaram-se os acontecimentos relativos às relações energéticas<br />
entre a Rússia e a Ucrânia, as <strong>de</strong>clarações suce<strong>de</strong>ram-se, a Polónia e a UE foram<br />
envolvidas, houve ramificações ao Mar Negro, Cáucaso e Mar Cáspio, e ficou patente que,<br />
mais do que uma questão russo-ucraniana, estavam em causa questões mais<br />
1 Recor<strong>de</strong>-se que actualmente a Rússia exporta anualmente através da Ucrânia 120 mmmc <strong>de</strong> gás natural<br />
proveniente <strong>de</strong> Urengoi e Yamburg, <strong>de</strong>stinados à Alemanha, França, Itália e Espanha (o trânsito é pago pela<br />
Rússia em gás fornecido à Ucrânia, e que constitui apenas uma parte do fornecimento total <strong>de</strong> gás russo) e<br />
que se concretizasse o bypass as autorida<strong>de</strong>s da Ucrânia calculam que esse valor se reduziria para meta<strong>de</strong>, já<br />
em 2005.