INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...
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União Europeia: e se tudo corresse bem?<br />
exercício do soft power; tendo escolhido áreas em que, recorrendo a esse método, po<strong>de</strong><br />
aspirar à li<strong>de</strong>rança mundial (vd. questões ambientais) e contribuído para o fortalecimento<br />
das instituições multilaterais <strong>de</strong> “governação mundial” (vd. sistema da ONU), nas quais se<br />
move mais à vonta<strong>de</strong> do que os EUA que as encaram como factor limitativo da sua<br />
inequívoca superiorida<strong>de</strong> militar.<br />
Em termos <strong>de</strong> áreas funcionais, a UE experimentou uma sensível transformação, com uma<br />
clara <strong>de</strong>slocação do seu centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> das tradicionais políticas comuns na área<br />
agrícola, regional e <strong>de</strong> cooperação com os Países <strong>de</strong> África, Caraíbas e Pacífico (ACP) –<br />
que foram profundamente reformadas e downsized – para a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> políticas nas<br />
áreas que suportam a UEM, a PESD e os Assuntos Internos. A União, refocalizada nestas<br />
áreas e tendo quase duplicado o número <strong>de</strong> Estados-membros, funciona graças à<br />
flexibilida<strong>de</strong> que lhe é conferida pelos mecanismos <strong>de</strong> “geometria variável”.<br />
3. A UE – OS BLOCOS CONSTITUINTES DO CENÁRIO OPTIMISTA<br />
3.1. Uma economia lí<strong>de</strong>r<br />
A década <strong>de</strong> 2000/10 foi uma “década <strong>de</strong> ouro” para as economias europeias: a inflação<br />
permaneceu, em média, sempre inferior aos 2%; o crescimento anual foi, na maior parte da<br />
década, <strong>de</strong> 3%; e o <strong>de</strong>semprego caiu para 5,5%. Além do mais, a UE ultrapassou<br />
rapidamente a recessão <strong>de</strong> 2004/5 provocada pelo crash bolsista nos EUA.<br />
A Europa Central experimentou taxas <strong>de</strong> crescimento entre os 4 e os 7% e a Rússia iniciou<br />
um renascimento económico notável, contribuindo ambas, pela expansão <strong>de</strong> mercados que<br />
proporcionaram, para a dinâmica <strong>de</strong> crescimento da UE. No entanto, foi sobretudo o vigor<br />
das reformas estruturais e do esforço <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização das economias europeias,<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados pelo que ficou conhecido como “Estratégia <strong>de</strong> Lisboa”, que contribuiu para<br />
aumentar a competitivida<strong>de</strong> e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação da União, sem <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar<br />
tensões sociais incomportáveis.<br />
A UEM no centro do sucesso europeu<br />
O euro revelou-se um sucesso e a UEM já integrava, em meados da década, todas as<br />
economias <strong>de</strong>senvolvidas da UE (<strong>de</strong>pois do Reino Unido, da Suécia e da Dinamarca terem<br />
a<strong>de</strong>rido ao euro), chegando mesmo países como a Noruega, ainda no exterior da UE, a<br />
aceitar a circulação do euro, como moeda paralela, no seu território.<br />
O euro acelerou a profunda transformação dos sistemas financeiros europeus, contribuindo<br />
<strong>de</strong>cisivamente para a criação <strong>de</strong> um vasto mercado <strong>de</strong> capitais, líquido e diversificado. Os<br />
hábitos <strong>de</strong> financiamento das empresas alteraram-se, existindo hoje um muito maior recurso<br />
à emissão <strong>de</strong> acções e obrigações. Formou-se, à escala europeia, um mercado activo <strong>de</strong><br />
controlo <strong>de</strong> empresas, traduzido em frequentes takeovers hostis.<br />
A década confirmou a preferência dos países mais ricos da União pela inexistência <strong>de</strong> um<br />
orçamento a nível comunitário com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenção contra-cíclica. No entanto,<br />
noutros aspectos e essencialmente fruto <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> circunstâncias exteriores que<br />
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