INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Departamento de Prospectiva e ...

Informação Internacional
256
• pela Ucrânia passam os pipeline e gasoduto pan-europeus, que são cruciais para o
encaminhamento dos hidrocarbonetos russos em direcção aos clientes prósperos da
Europa (por aqui passam actualmente 90% do gás russo para os destinos europeus),
mas que têm vindo a ser alvo de roubos e desvios;
• no Mar Negro, próximo da costa ucraniana, e perto da Ilha da Serpente, supõe-se
poder existir um grande campo energético por explorar e desenvolver situado em
águas disputadas com a Roménia, constituindo este potencial a principal
oportunidade para a Ucrânia reduzir a sua dependência para com a Rússia, com base
em recursos próprios;
• a Ucrânia dispõe do porto de Odessa, com os seus terminais energéticos, como um
acesso privilegiado a fluxos energéticos originados ou encaminhados doutros locais
do Mar Negro, que lhe permitiriam também reduzir a sua dependência para com a
Rússia.
A UCRÂNIA – ENTRE A POLÓNIA E A RÚSSIA, ENTRE O BÁLTICO E O MAR NEGRO-
O que é a Ucrânia? Enquanto palavra significa "marca", "confim". Indiscutível na sua história
enquanto entidade política é a permanente instabilidade trazida por invasores, e a correlativa
dificuldade de afirmação de um querer próprio, de uma alma inconfundível.
No fim do século IX, os Varegues, guerrreiros escandinavos, vieram pelo vale do Dniepr e
instalaram a capital em Kanugard (Kiev).
Um século depois Kiev tornou-se a capital do primeiro Estado russo, situação que se prolongou
durante quase dois séculos. Do fim da Rússia kieviana resultaram, na parte ocidental, os
principados da Galiza e Volínia, que se uniram em 1199. Na parte central e oriental, os
principados russos caíram sob o jugo dos mongóis, que tomaram Kiev em 1240.
Mais de outro século depois, em 1361, o grão-duque da Lituânia apoderou-se de Kiev. Em 1386,
com a união da Polónia e Lituânia, a Ucrânia Central e Ocidental ficou integrada no Estado
polaco-lituano. Integração com resistências religiosa – igreja ucraniana nascida e crescida na
órbita bizantina ortodoxa obrigada a unir-se a Roma, no Concílio de Florença (1439) – e social,
devido aos polacos terem constituído grandes propriedades na Ucrânia onde o campesinato era
reduzido à servidão.
Em 1667, a paz russo-polaca divide a Ucrânia, com a fronteira no Dniepr, mas em 1793 a
segunda partilha da Polónia põe toda a Ucrânia sob domínio russo, à excepção da Galiza que fica
para a Áustria.
Depois, é só na turbulência da revolução russa que os ucranianos tentam a independência e
proclamam em Kiev em JUL17 a República Democrática da Ucrânia. Porém, em DEZ17, os
bolcheviques proclamam em Kharkov a República Soviética da Ucrânia. Três meses depois, a
paz de Brest-Litovsk (MAR18) permite a ocupação alemã da Ucrânia até que a Alemanha perde a
guerra e o governo de Kiev retoma a capital. Em 1919, a Ucrânia transforma-se em campo de
batalha entre os exércitos nacionalista ucraniano, branco de Denikine e vermelho que apoiava a
república soviética. Em 1920, o exército vermelho domina a Ucrânia, mas os nacionalistas
conseguem retomar Kiev, com a ajuda do exército polaco. O tratado de Riga (1921) consagra,
porém, a divisão da Ucrânia entre a Polónia, que fica com a Galiza e a Volínia, e a Rússia.