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Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

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Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6<br />

<strong>Diagnóstico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>Socioambiental</strong> | <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong><br />

reconhecimento como comunida<strong>de</strong>s tradicionais.<br />

BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013<br />

O autorreconhecimento é o primeiro passo para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um quilombo; os moradores precisam<br />

resgatar a história <strong>de</strong> sua origem naquele território, que em sua maioria foram abandonados por antigos<br />

fazen<strong>de</strong>iros na <strong>de</strong>cadência do café . O conceito <strong>de</strong> quilombo é <strong>de</strong>finido como áreas distantes e isoladas,<br />

constituídas por “negros fugidos”. Hoje, o conceito se amplia para um melhor entendimento sobre a<br />

organização social dos quilombos, i<strong>de</strong>ntificando os vínculos históricos. 147 A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quilombo adotada<br />

pela Associação Brasileira <strong>de</strong> antropologia, em 1994 é: toda comunida<strong>de</strong> negra rural que agrupe<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes escravos vivendo da cultura <strong>de</strong> subsistência e on<strong>de</strong> as manifestações culturais tem forte vinculo<br />

com o passado.<br />

O vínculo com o passado permanece vivo na memória e em algumas tradições das comunida<strong>de</strong>s quilombolas<br />

<strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong>. Mas, por inúmeros motivos, principalmente pela perda <strong>de</strong> seu território original, as tradições<br />

estão se per<strong>de</strong>ndo. A própria criação do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) foi um processo árduo e<br />

abrupto que culminou, em partes, na perda sobre a tradição do plantio <strong>de</strong> subsistência <strong>de</strong>vido a estas<br />

comunida<strong>de</strong>s estarem <strong>de</strong>ntro da área <strong>de</strong> preservação integral. A criação do parque forçou muitas mudanças<br />

nos modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s, mas <strong>de</strong> uma certa forma auxiliou no processo <strong>de</strong> preservação dos<br />

moradores tradicionais, pois evitou novas invasões e a marginalização <strong>de</strong>stes povos.<br />

Após muitos conflitos, hoje a relação permite um maior diálogo com os gestores do PESM e umas maior<br />

flexibilida<strong>de</strong> para com estas comunida<strong>de</strong>s. No Plano <strong>de</strong> Manejo do PESM foram <strong>de</strong>finidas zonas históricoculturais<br />

antropológicas, abrangendo as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Camburi, Vila Picinguaba, Sertão da Fazenda e<br />

Sertão do Ubatumirim. Um dos objetivos <strong>de</strong>ste zoneamento, além <strong>de</strong> mapear as comunida<strong>de</strong>s e moradores<br />

existentes, é relacionar as áreas passíveis <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s extrativistas, diferenciando a utilização dos recursos<br />

naturais <strong>de</strong>ntro da área do parque para estas comunida<strong>de</strong>s locais.<br />

13.3.1.a Dimensão histórica<br />

O processo <strong>de</strong> ocupação histórica nos territórios quilombolas, além <strong>de</strong> ter uma estreita relação com a história<br />

brasileira, tem peculiarida<strong>de</strong>s e processos diferentes em cada comunida<strong>de</strong> do litoral <strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong>. Assim como<br />

em outras partes do país, a ocupação portuguesa no litoral paulista foi acompanhado pela entrada dos<br />

africanos e pelo extermínio dos índios Tupinambás, habitantes nativos da região. Durante a o período <strong>de</strong><br />

escravatura foram i<strong>de</strong>ntificados uma população gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> escravos no município que somava 25% no ano <strong>de</strong><br />

1900. 148 O encontro <strong>de</strong>stes três povos <strong>de</strong>ixou marcas até hoje reconhecidas pela presença dos mestiços nesta<br />

região, hoje <strong>de</strong>nominados caiçaras.<br />

No Quilombo Cambury a história se assemelha a muitas outras comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> quilombos constituídas no<br />

país, que a partir da <strong>de</strong>cadência das gran<strong>de</strong>s fazendas <strong>de</strong> café tem suas terras abandonadas por seus antigos<br />

proprietários. Muitas <strong>de</strong>stas fazendas foram “ocupadas” por núcleos <strong>de</strong> escravos e/ou ex-escravos, alguns<br />

inclusive vindos <strong>de</strong> outros lugares.<br />

O processo <strong>de</strong> reconhecimento do território <strong>de</strong> Camburi como sendo um quilombo se iniciou em 1996,<br />

quando técnicos da prefeitura “levaram ao conhecimento <strong>de</strong> algumas li<strong>de</strong>ranças locais o direito proposto no<br />

artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituições Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988”. 149 Entretanto<br />

para uma região ser consi<strong>de</strong>rada área quilombola é necessário alguns procedimentos, entre eles que os<br />

moradores locais se reconheçam como tal. Este processo, <strong>de</strong> auto-i<strong>de</strong>ntificação, ou auto-reconhecimento é<br />

subjetivo e necessita, por parte dos próprios sujeitos, “um rompimento com antigos preconceitos arraigados<br />

147 Relatório Técnico Científico - RTS – Quilombo Camburi – ITESP-SP<br />

148 Relatório Técnico Científico sobre os remanescentes da comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Quilombo do Sertão <strong>de</strong> Itamambuca (Cazanga) – ITESP - SP<br />

149 RTS – Quilombo Camburi – ITESP-SP pg 05<br />

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