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Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

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os quilombos. Em alguns anos a prefeitura colaborou para a realização da Festa junina da Fazenda, que há<br />

anos não acontecia. As oficinas realizadas pela FUNDART não chegam até as comunida<strong>de</strong>s, que precisam se<br />

<strong>de</strong>slocar para o centro. Algumas vezes elas acontecem em praias próximas, mas são pontuais.<br />

“A gestão publica esta muito ruim é só <strong>de</strong>sgraça. Por exemplo, tem os navios que estão atracando em<br />

<strong>Ubatuba</strong> e a prefeitura recebe um recurso toda vez que chega um navio; isto é mais valorizado do que a<br />

cultura local, e eles não fazem uma ponte <strong>de</strong>ste turista do navio com as comunida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>riam ser<br />

visitadas.”<br />

13.3.1.e Dimensão simbólico-cultural<br />

Após a i<strong>de</strong>ntificação das terras como área <strong>de</strong> quilombo e <strong>de</strong> estudos antropológicos i<strong>de</strong>ntificando os<br />

moradores como <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravos e/ou ex-escravos , muitas coisas mudaram na forma <strong>de</strong> viver<br />

<strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s. Nota-se que as manifestações culturais e tradicionais foram se per<strong>de</strong>ndo ao longo dos<br />

anos, assim sendo, após o reconhecimento da área quilombola existe um forte trabalho <strong>de</strong> resgate das<br />

tradições.<br />

No entanto é importante frisar que a questão cultural não po<strong>de</strong> ser vista como algo estático, consi<strong>de</strong>rando<br />

apenas a cultura realizada pelos ancestrais <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s. A cultura é resultado da organização <strong>de</strong> um<br />

grupo étnico, grupo este que é impulsionado pela mudança cultural a partir <strong>de</strong> sua história. De acordo com o<br />

escritor Carneiro da Cunha “um mesmo grupo étnico exibirá traços diferentes, conforme a situação ecológica<br />

e social em que se encontra, adaptando-se às condições naturais e às oportunida<strong>de</strong>s sociais que provêm da<br />

interação com outros grupos, sem, no entanto, per<strong>de</strong>r com isso sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria.” 156<br />

Todos os quilombos <strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong> apresentam fortes traços da cultura tradicional, entretanto as danças e festas<br />

foram em sua maioria <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> lado. Cada quilombo tem sua peculiarida<strong>de</strong> em relação a preservação da<br />

tradição. Os que mais se <strong>de</strong>stacam neste resgate cultural ligado aos festejos e danças é o Cambury e Fazenda.<br />

Na Caçandoca e União dos Morros as festas e reizados ainda acontecem, mas são poucas pessoas que se<br />

envolvem, já em Itamambuca quase toda a tradição cultural se per<strong>de</strong>u.<br />

Nos dois primeiros quilombos citados acima existe uma forte contribuição <strong>de</strong> dois pontos <strong>de</strong> cultura que<br />

auxiliam neste processo <strong>de</strong> resgate cultural. Em Camburi o ponto <strong>de</strong> cultura “Escolinha Jambeiro” realiza as<br />

festas juninas com cirandas e danças antigas, com o auxilio <strong>de</strong> antigos moradores que também contribuem no<br />

projeto <strong>de</strong> contação <strong>de</strong> histórias, ensinando e contando aos mais jovens as historias <strong>de</strong> antigamente.<br />

Entretanto, este é um trabalho forte do ponto <strong>de</strong> cultura, não existe nenhuma dança e festejo que foi mantida<br />

pelos moradores.<br />

A dança do Jongo também acontece em alguns momentos, incentivado pelo ponto <strong>de</strong> cultura, inclusive com<br />

parceria do movimento afro em Caraguatatuba, que trouxe os tambores e <strong>de</strong>pois realizaram uma oficina para<br />

confecções dos mesmos. Outras ações culturais são <strong>de</strong>senvolvidas visando não só o resgate cultural mas<br />

também a promoção <strong>de</strong> ações saudáveis e integradas para os moradores, a exemplo das aulas <strong>de</strong> surf, para<br />

jovens e crianças. No ponto existe também uma biblioteca e sala com computadores e internet, além <strong>de</strong> uma<br />

cozinha para cursos e oficinas.<br />

Outra tradição que está sendo resgatada é a corrida <strong>de</strong> canoas que acontece junto com as festivida<strong>de</strong>s<br />

juninas; são momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração, para divertimento da comunida<strong>de</strong>, todos participam e ajudam,<br />

recebem também pessoas das outras comunida<strong>de</strong>s quilombolas, fazem fogueira e shows, como o reggae,<br />

muito apreciado pelos jovens.<br />

No quilombo da Fazenda o Ponto <strong>de</strong> Cultura Olhares <strong>de</strong> Dentro realiza um trabalho parecido com oficinas <strong>de</strong><br />

dança e música para as crianças e jovens. A partir <strong>de</strong>ste trabalho foi criado o grupo <strong>de</strong> dança “Tambores da<br />

Fazenda”; além <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar um gosto do jovem pelas tradições um dos objetivos do ponto <strong>de</strong> cultura é<br />

resgatar as danças tradicionais, não só dos quilombola mas também dos caiçaras da região, como é o caso do<br />

fandango, música que utiliza o instrumento <strong>de</strong> Rabeca quase extinto; as oficinas ensinam inclusive a fabricar<br />

156 Relatório Técnico Científico sobre os remanescentes da comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Quilombo do Sertão <strong>de</strong> Itamambuca<br />

(Cazanga) – ITESP - SP

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