03.06.2013 Views

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6<br />

<strong>Diagnóstico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>Socioambiental</strong> | <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong><br />

BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013<br />

que somente tem 13% da área sob sua gestão, como resolverá a questão das políticas públicas, que serão<br />

<strong>de</strong>mandadas por esta nova população?<br />

Não raramente surgem comentários <strong>de</strong> que a legislação é aplicada <strong>de</strong> forma diferente para ricos e pobres. Os<br />

ricos tudo po<strong>de</strong>m e para os pobres inflexibilida<strong>de</strong> da lei.<br />

“O radicalismo ambiental em <strong>Ubatuba</strong> é muito gran<strong>de</strong>, sem medida. Alguns po<strong>de</strong>m construir, outros não. Não<br />

há critérios”.<br />

“O licenciamento ambiental só consegue quem tem dinheiro. É preciso facilitar o processo para licenciar. Os<br />

pescadores sofrem, pois não po<strong>de</strong>m entrar com os barcos na hora que precisam. É preciso maior flexibilida<strong>de</strong>.<br />

“Não adianta licenciar o que está errado, mas sim facilitar o processo burocrático e organizar os órgãos<br />

responsáveis pelos licenciamentos”.<br />

“Não há força política no município que dialogue com as leis instituídas, para mostrar <strong>de</strong> que é possível que<br />

as tecnologias convivam com o meio ambiente. Proponho que o termo ‘<strong>de</strong>senvolvimento ambiental’ substitua<br />

a expressão ‘preservação ambiental’”.<br />

“É, porque a população cresce e por exemplo, um município que tem hoje é 13% da sua área sob gestão<br />

municipal, como é que ela cria escola, um cria um projeto habitacional, hoje a gente sabe que com as<br />

gran<strong>de</strong>s obras vai aumentar a população no litoral como todo e on<strong>de</strong> é que a gente vai colocar esse povo?”<br />

Entre os participantes da pesquisa qualitativa a importância da preservação ambiental também é inegável. Mas é<br />

consenso que o IBAMA e a polícia florestal são muito rígidos, inflexíveis na fiscalização e controle ambiental<br />

tanto em terra (construções) quanto no mar (pesca). Enten<strong>de</strong>-se que a atuação <strong>de</strong>sses agentes penaliza<br />

sobremaneira os pobres ao mesmo tempo em que faz vistas grossas para os “po<strong>de</strong>rosos” e ricos. São inúmeros<br />

os relatos <strong>de</strong> punições e embargos a construções ou à pesca da população <strong>de</strong> mais baixa renda (caiçaras<br />

sobretudo) em contraposição à liberação <strong>de</strong> construções <strong>de</strong> turistas ou <strong>de</strong> pessoas influentes da cida<strong>de</strong>. A<br />

percepção é que há duas leis: uma para pobre e outra para os ricos. Esses últimos tudo po<strong>de</strong>m, aos outros,<br />

aplica-se a lei. Para os entrevistados (segmento <strong>de</strong> baixa renda), a sensação é <strong>de</strong> que eles são injustiçados.<br />

“E fora o IBAMA que enche o saco, tanto faz, seja na pesca quanto na construção (...) eles estão pegando<br />

construção na roça, <strong>de</strong>smatamento (...) eu estava fazendo a minha casa, mas fui obrigado a parar. Fui<br />

embargado e tenho que pagar aluguel. Tenho meu terreno, mas não posso construir porque está na beira do<br />

rio. Mas não é um rio gran<strong>de</strong>, é um correguinho e também não está tão perto, era 150 metros longe (...) mas<br />

a pessoa que tem dinheiro, ela constrói em cima do mar. Lá na Praia Vermelha tem casa na beira da costeira.<br />

Eles constroem em cima do mar, pobre não po<strong>de</strong> fazer perto do rio”<br />

“Aqui não po<strong>de</strong> cortar a mata. Aqui na prainha não podia também e o que o cara fez? Soltou uma grana<br />

violenta (...) A parte da mata está tranquilo que os policiais estão preservando, mas a parte da praia está<br />

rolando gran<strong>de</strong>s mansões (...) é o seguinte: está preservado, quem é pobre não vai construir. Porque on<strong>de</strong><br />

está preservado, os ricos chegam com dinheiro e consegue fazer a casa, nós pobres, não (...) o pobre não po<strong>de</strong><br />

mexer em nada, não po<strong>de</strong> nem tirar um palmito. Agora o rico, <strong>de</strong>smatar, <strong>de</strong>rrubar árvores, ele po<strong>de</strong> (...) para<br />

eles não tem lei”<br />

O exemplo emblemático da contradição da lei ambiental <strong>de</strong>u-se com a criação do parque em áreas<br />

historicamente ocupadas pelas comunida<strong>de</strong>s quilombolas, on<strong>de</strong> viviam com os seus costumes, modo <strong>de</strong> vida e<br />

<strong>de</strong> produção. A constituição do parque <strong>de</strong>u-se à revelia <strong>de</strong>stas comunida<strong>de</strong>s, que antes já vinham sendo alvo da<br />

especulação imobiliária <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada pela construção da Estrada Rio-Santos. As comunida<strong>de</strong>s quilombolas, que<br />

pelo seu modo <strong>de</strong> vida tinha uma convivência equilibrada com a natureza, preservando-a, <strong>de</strong> uma hora para<br />

outra foram constrangidos a não mais plantar e a não mais construir casas para os seus filhos, porque a lei lhes<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!