03.06.2013 Views

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Convênio Petrobras Instituto Pólis | Relatório nº 6<br />

<strong>Diagnóstico</strong> <strong>Urbano</strong> <strong>Socioambiental</strong> | <strong>Município</strong> <strong>de</strong> <strong>Ubatuba</strong><br />

BASE DAS INFORMAÇÕES: ATÉ 2012 REVISÃO DE MARÇO DE 2013<br />

De acordo com os entrevistados, são três os aspectos ou dimensões que se constituem em elementos<br />

importantes a serem resgatados, apoiados ou fortalecimentos nas comunida<strong>de</strong>s tradicionais, na perspectiva<br />

torná-los em instrumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para as próprias comunida<strong>de</strong>s e para o município: a sua<br />

produção agrícola, o turismo ecológico e cultural (eco cultural) e a sua cultura.<br />

O fortalecimento da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> agricultura familiar, é apontado pelos entrevistados, como uma potencialida<strong>de</strong><br />

importante, especialmente nas áreas <strong>de</strong> parque, on<strong>de</strong> ficam as comunida<strong>de</strong>s remanescentes <strong>de</strong> Quilombos. Um<br />

dos gran<strong>de</strong>s problemas é a proibição para os quilombolas plantar roças, tradicional na sua cultura, o que<br />

inviabiliza inclusive o funcionamento da centenária casa da farinha, por falta <strong>de</strong> mandioca para a fabricação da<br />

farinha. Em nome da preservação ambiental, nega-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar uma produção sustentável na<br />

área do parque, preservando a natureza, o que aliás as comunida<strong>de</strong>s quilombolas tem feito ao longo dos séculos.<br />

O plantio da mandioca para alimentar a casa da farinha, não comprometeria o meio ambiente do parque. Há<br />

uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar o plantio da mandioca, a ser negociada com a administração do parque. Ela teria<br />

um sentido para além da sua dimensão econômica, na medida em que se constitui em um elemento com um<br />

significado simbólico e cultural importante para a comunida<strong>de</strong> quilombola.<br />

Uma das comunida<strong>de</strong>s já conseguiu retomar o plantio <strong>de</strong> roças em algumas áreas do parque, porém as outras<br />

comunida<strong>de</strong>s ainda encontram gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s para o plantio.<br />

“É necessário organizar as ca<strong>de</strong>ias produtivas da pesca e agricultura”.<br />

“Deve incentivar a criação <strong>de</strong> campos <strong>de</strong> produção agrícola que fomentem a ca<strong>de</strong>ia produtiva do turismo<br />

local”.<br />

“Gran<strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong> é o parque estadual. Possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fomento <strong>de</strong> pequena produção agrícola<br />

familiar nas áreas do parque, com a população resi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> áreas do parque .<br />

“As áreas <strong>de</strong> Z3 não tem nada porque a agricultura por conta do parque está se extinguindo, porque o parque<br />

não permite, na área <strong>de</strong> amortecimento hoje a gente tem casa da farinha, mas não tem mandioca para fazer<br />

a farinha. É terrível isso!”.<br />

“O plantio da mandioca não teria impacto nenhum sobre o meio ambiente. Sabe, são os absurdos, eu acho<br />

que tem que mudar o conceito <strong>de</strong> parque você enten<strong>de</strong>u? O parque tem que contemplar a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro no manejo, eu acho que quando você faz recomposição <strong>de</strong> mata ciliar, essas compensações, você po<strong>de</strong><br />

fazer essa recomposição com frutíferas, cacheta, com o palmito, juçara, açaí, coisa que vai trazer recurso<br />

para a comunida<strong>de</strong>, porque tudo é planta, tudo é ver<strong>de</strong>, tudo sequência carbono. E por quê não po<strong>de</strong> fazer<br />

manejo daquela área? Eu acho que é burrice! Você transformar o limão numa limonada! Ai a comunida<strong>de</strong> vai<br />

começar a ver essa preservação ambiental com outros olhos, que preservar não é excluir. Acho que preservar<br />

é você usar corretamente o espaço”.<br />

“Nos outros é mais complicado ainda, aqui está retomando a plantação”.<br />

“Agora queremos falar com o diretor para po<strong>de</strong>r plantar a mandioca e manter a cultura viva – queremos<br />

fazer a roda funcionar e não <strong>de</strong>ixar só como museu – o importante é manter a cultura viva”.<br />

A Jussara, palmeira <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se extrai a polpa <strong>de</strong> “açaí”, é uma das plantas semeadas pelas comunida<strong>de</strong>s<br />

quilombolas como fonte <strong>de</strong> renda ou <strong>de</strong> alimentação para as próprias famílias. Porém, segundo relato, até a<br />

Jussara é complicado extrair na área do parque, tendo em vista a dura fiscalização <strong>de</strong>ntro dos seus limites. Além<br />

disso, plantam pequenas hortas frutíferas e plantas medicinais. Ao que tudo indica, apesar da proibição, alguns<br />

produtos comercializados com o turistas são oriundos <strong>de</strong> plantio em pequenas roças ou hortas, permitindo<br />

pequenos ganhos com a venda <strong>de</strong> produtos.<br />

89

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!