Diagnóstico Urbano Socioambiental | Município de Ubatuba - Litoral ...

A cultura de subsistência sempre foi uma alternativa de descompressão da renda para estas comunidades,
uma vez que eles se alimentavam basicamente de produtos que eram plantados, compravam somente o sal e
a querosene, até o açúcar era produzido pela cana plantada. Hoje esta cultura de subsistência é uma
realidade quase que esquecida nos quilombos.
Mesmo com as dificuldades e proibições com relação ao plantio hoje existe uma maior flexibilidade para esta
atividade. As parcerias com o poder público para a permissão de algumas áreas para o plantio é uma
realidade hoje em Ubatuba. O Gestor atual do PESM entende que com o diálogo é possível mapear áreas
passíveis ao plantio planejado e agroecológico, uma alternativa menos agressiva ao meio ambiente.
Foi por meio deste diálogo e de outras parcerias, como com a CAT de Ubatuba, que existe no Quilombo
Cambury uma extensa área para o plantio agroecológico e agroflorestal 154 , coordenado por um morador local
que recebe assistência técnica da CAT e também do IPEMA nas questões permaculturais.
No Quilombo de Itamambuca encontra-se alguns chácaras ainda de utilizando da cultura de subsistência,
muitas árvores frutíferas e plantas diversas. A colheita do palmito Juçara também faz parte da culinária,
incentivada pelo “Projeto Jussara” 155 . Muitas residências criam galinhas nos quintais, preservando a tradição,
assim como a fabricação do artesanato também é notada, uma tradição que foi passada de geração para
geração e hoje é utilizada como um complemento da renda de algumas famílias. Mas a principal fonte de
renda vem de trabalhos externos, no condomínio Itamambuca e redes hoteleiras; uma parcela da população
também recebe benefícios do governo e outra parcela trabalha com serviços de jardinagem e “serviços
gerais”.
No Quilombo da Fazenda o plantio também era um costume que ser perdeu após a criação do parque e
começa e ser retomado neste novo processo de mapeamento das áreas permitidas pelo PESM; para alguns
moradores este processo não é o ideal, pois gostariam de plantar como antigamente onde a rotação de
culturas era a forma de plantio utilizada, rodiziavam o local do plantio possibilitando o descanso da terra por
um período. Na Fazenda somente algumas famílias criam animais e poucas tem hortas nos quintais. Com
relação ao artesanato, algumas famílias ainda mantém a tradição:
“O artesanato para vender para o turista, tem gente que esta vendendo. Antes fazia para usar, fazia o
chapéu, o cesto, a vassoura, tudo para o uso da gente, agora faz para vender. Tem que se preparar para
receber o turista. Antes não tinha muita venda destas coisas, era na base da troca.”
Esta mesma situação é encontrada no Quilombo de Caçandoca e União dos Morros. O Quilombo não está
localizado em área de Parque mas mesmo assim muitos não retomaram o costume do plantio e somente
algumas famílias criam animais; o artesanato também foi se perdendo, mas ainda é possível encontrar muitos
moradores fazendo o artesanato na época do veraneio, visando o comercio para os turistas.
Na Caçandoca a principal fonte de renda da comunidade gira em torno do turismo, alguns moradores tem
barracas de comidas e bebidas na praia, e alguns ganham dinheiro como guias locais e guardadores de carro,
a reciclagem de latinhas também é uma fonte de renda na época do verão. Dizem que se a pessoas se
organizar consegue ganhar bastante dinheiro no verão e guardar para o resto do ano.
Para a comunidade do Quilombo da Fazenda o turismo também acontece, mas eles ainda não estão
suficientemente organizados para receber um grande número de turistas e gerar renda com esta atividade. A
associação planeja se organizar para estruturar melhor a casa de farinha (que foi recém reformada com verba
do ITESP), principal atrativo do Quilombo e também qualificar os jovens como guias locais; o quilombo que
fica no sertão tem uma natureza generosa possibilitando explorar o ecoturismo, como descrito no relato
abaixo:
“A questão da manutenção da cultura é importante por dois aspectos: um para simplesmente preservar a
cultura e outra para ter possibilidade de fonte de renda para o jovem trabalhar com o turismo,
principalmente em época de temporada, Ubatuba tem a potencialidade enorme pois tem as comunidades
tradicionais quilombolas, as caiçaras, mas os problema da juventude é que a tendência é de cada vez mais
154
Plantio consorciado entre a mata/floresta e os alimentos cultivados sem veneno e sem necessidade de roçar o mato, uma
alternativa saudável e ecológica.
155
Projeto desenvolvido pelo Instituto de Permacultura da Mata Atlântica – IPEMA em conjunto com as comunidades