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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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aten<strong>de</strong>rmos aos direitos das mulheres e se lhes <strong>de</strong>rmos condições para fazerem as escolhas que<br />

consi<strong>de</strong>ram correctas e se contribuirmos para prevenir a gravi<strong>de</strong>z (...) A Igreja reconhece não<br />

ser capaz <strong>de</strong> dizer quando <strong>é</strong> que o feto <strong>é</strong> <strong>um</strong>a pessoa. E nos ensinamentos da Igreja há excepções<br />

ao princípio <strong>de</strong> não matar (...) Por exemplo, há circunstâncias em que o uso das forças militares<br />

<strong>é</strong> moral”.<br />

O extracto <strong>é</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> texto <strong>de</strong> Frances Kissling, presi<strong>de</strong>nte da Catholics for a Free Choice – os<br />

“Católicos pela Livre Escolha”, <strong>um</strong> forte movimento norte-americano pró-aborto.<br />

Mais adiante, este texto <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>de</strong>fensora do direito a abortar, diz que “a mulher e o feto não<br />

são comparáveis moralmente”. Porquê? Porque a mulher <strong>é</strong> <strong>um</strong>a pessoa, o feto não. Uma pessoa<br />

<strong>é</strong> <strong>um</strong> ser h<strong>um</strong>ano criado não apenas pela biologia, mas pelas relações h<strong>um</strong>anas e sociais, pela<br />

aprendizagem com os outros em socieda<strong>de</strong>, a partir do momento em que contacta e comunica<br />

com outros seres h<strong>um</strong>anos já Pessoas (normalmente a mãe ou os pais) e se insere nas<br />

instituições sociais. É isso – a relação – que lhe vai conferir a h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e o<br />

estatuto <strong>de</strong> Pessoa, não a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>um</strong> momento específico do crescimento celular do seu<br />

corpo enquanto feto.<br />

Seremos <strong>um</strong> país civilizado quando soubermos <strong>de</strong>finir o estatuto moral relativo entre pessoas e<br />

fetos. Quando as pessoas pu<strong>de</strong>rem escolher livremente se querem ou não reproduzir-se. E<br />

quando essa escolha for baseada em informação acessível, em educação sexual e cívica e n<strong>um</strong><br />

sistema <strong>de</strong> bem-estar gratuito e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, permitindo assim tomar <strong>de</strong>cisões responsáveis.<br />

Tudo o resto <strong>é</strong> a continuação da hipocrisia medievalesca <strong>de</strong> <strong>um</strong> país on<strong>de</strong> se con<strong>de</strong>na <strong>um</strong>a<br />

mulher que aborta, enquanto se escon<strong>de</strong> <strong>um</strong> acto pedófilo com <strong>um</strong>a criança que, essa sim, já <strong>é</strong><br />

<strong>um</strong>a pessoa.<br />

“Para todos, <strong>um</strong> Santo Natal”<br />

(Webpage, 24.12.02)<br />

Regressado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a viagem a Espanha. Aquele país está em estado <strong>de</strong> choque com a in<strong>é</strong>pcia e a<br />

<strong>de</strong>sonestida<strong>de</strong> do governo <strong>de</strong> Aznar (e do seu <strong>de</strong>legado franquista na Galiza, Fraga Iribarne) no<br />

caso da mar<strong>é</strong> negra. Felizmente, a socieda<strong>de</strong> civil reagiu: são cada vez mais os voluntários que<br />

se <strong>de</strong>slocam para as praias para ajudarem a retirar o petróleo, junto com a tropa que, tar<strong>de</strong> e a<br />

más horas, Aznar enviou. Entre os limpadores <strong>de</strong> praias não se visl<strong>um</strong>bra <strong>um</strong> português. Tudo<br />

bem. O pior <strong>é</strong> que não se visl<strong>um</strong>bra <strong>um</strong> soldado português. Esse gesto <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e<br />

cooperação não <strong>de</strong>veria ter sido o mínimo a ser feito por parte do governo português? Qual quê.<br />

A reacção portuguesa consistiu, sobretudo, no aproveitamento nacionalista do caso, e n<strong>um</strong>a<br />

oportunida<strong>de</strong> para Paulo Portas mostrar serviço como chefe <strong>de</strong> tropa, protector máximo das<br />

fronteiras e paladino da Nação. Às urtigas o espaço com<strong>um</strong> da Península Ib<strong>é</strong>rica! Às urtigas a<br />

proximida<strong>de</strong> entre Portugal e Galiza! Às urtigas o facto da costa e o mar serem comuns! As<br />

televisões portuguesas <strong>de</strong>liciaram-se a mostrar manifestantes galegos gritando “Mal por mal,<br />

antes <strong>de</strong> Portugal”. O que os manifestantes galegos <strong>de</strong>veriam ter feito, caso soubessem do que<br />

esta casa gasta, era terem gritado: “Nem este Portugal, nem esta Espanha”.<br />

Regressado <strong>de</strong> <strong>um</strong>a viagem a Espanha. Talvez por inspiração natalícia, o “Público” entrevista o<br />

chefe da igreja católica portuguesa. Lembro-me que, quando ace<strong>de</strong>u ao cargo, foi<br />

propagan<strong>de</strong>ado como <strong>um</strong> espírito mo<strong>de</strong>rno e aberto. O que vejo na entrevista <strong>é</strong> o “ar” disso.<br />

Mas cadê o conteúdo? No plano social e laboral, as suas i<strong>de</strong>ias aproximam-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie <strong>de</strong><br />

corporativismo, em que a empresa <strong>é</strong> vista como <strong>um</strong>a “comunida<strong>de</strong>”, que junta “<strong>de</strong>cisores e<br />

trabalhadores h<strong>um</strong>il<strong>de</strong>s”, e on<strong>de</strong> os patrões <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser vistos como tal, para serem<br />

entendidos como “gestores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a comunida<strong>de</strong> h<strong>um</strong>ana”. Please! E no plano moral, o prato<br />

forte. Questionado sobre a pedofilia (a propósito dos casos na Igreja americana) ele diz<br />

taxativamente que se <strong>um</strong> rapaz aparentar traços <strong>de</strong> homossexualida<strong>de</strong> isso <strong>é</strong> razão suficiente<br />

para não lhe ser permitido o acesso ao sacerdócio. Confusão entre homossexualida<strong>de</strong> e<br />

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