13.04.2013 Views

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Os lisboetas esperam que os programas das candidaturas tragam surpresas. Sobretudo <strong>de</strong>verão<br />

esperar que a actual gestão camarária faça <strong>um</strong> balanço do seu trabalho e i<strong>de</strong>ntifique claramente<br />

aquilo em que falhou. Reconheçamos, todavia, que a CML <strong>é</strong> <strong>um</strong> polvo burocrático e<br />

administrativo, difícil <strong>de</strong> mudar a não ser atrav<strong>é</strong>s <strong>de</strong> <strong>um</strong>a reforma administrativa. Uma reforma<br />

que simultaneamente estabeleça <strong>um</strong>a autarquia acima do concelho (<strong>um</strong>a área metropolitana <strong>de</strong><br />

facto) e reorganize, abaixo <strong>de</strong>le, as freguesias (em menor número, com territórios re<strong>de</strong>finidos e<br />

com mais po<strong>de</strong>res). Infelizmente, nada disto se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> nas autárquicas, mas sim na Assembleia<br />

da República.<br />

Creio que <strong>é</strong> justamente o <strong>de</strong>scontentamento com a gestão <strong>de</strong> João Soares – e talvez mais ainda<br />

esta sensação <strong>de</strong> que <strong>é</strong> difícil mudar a vida n<strong>um</strong>a cida<strong>de</strong> cujos problemas não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m só <strong>de</strong>la<br />

– que leva muita gente <strong>de</strong> esquerda a temer <strong>um</strong>a vitória <strong>de</strong> Santana Lopes e a gratificar-se com<br />

<strong>um</strong>a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esquerda em torno da aliança PS-PC. Mas não haverá outra maneira<br />

<strong>de</strong> ver as coisas? Nas eleições lisboetas não se elege apenas <strong>um</strong> presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Câmara. Elegemse<br />

tamb<strong>é</strong>m representantes à assembleia municipal e, indirectamente, vereadores. Nas eleições<br />

lisboetas não se elege simplesmente o autarca local, que se conhece das ruas e dos caf<strong>é</strong>s: dão-se<br />

sinais para a política nacional. Nas eleições lisboetas não se referendam simplesmente alg<strong>um</strong>as<br />

obras: escolhem-se visões da cida<strong>de</strong> que são tamb<strong>é</strong>m visões da “polis”. Daí a importância <strong>de</strong> ler<br />

e analisar os programas das candidaturas. Para aquelas pessoas – como eu, e muitas mais haverá<br />

em Lisboa – que têm visto no BE <strong>um</strong>a esperança <strong>de</strong> renovação da esquerda, a candidatura <strong>de</strong><br />

<strong>Miguel</strong> Portas encarna o que <strong>de</strong> melhor havia no projecto inicial da aliança <strong>de</strong> esquerda no<br />

tempo <strong>de</strong> Jorge Sampaio.<br />

Nada disto, reconheço, afasta por completo o espectro do divisionismo, o receio <strong>de</strong> a<br />

candidatura <strong>de</strong> <strong>Miguel</strong> Portas contribuir para a vitória da direita. Sobretudo agora que se sabe<br />

que tamb<strong>é</strong>m Garcia Pereira concorrerá; e que Paulo Portas não parece querer <strong>de</strong>sistir, gerando o<br />

<strong>de</strong>sagradável efeito novelesco <strong>de</strong> dois irmãos em combate político. Tenho sempre encarado o<br />

Bloco <strong>de</strong> Esquerda, as suas propostas, tomadas <strong>de</strong> posição e estilo <strong>de</strong> intervenção como <strong>um</strong>a<br />

tentativa <strong>de</strong> unir as pessoas <strong>de</strong>siludidas com o novo conservadorismo do PS, o anquilosamento<br />

do PC e o radicalismo est<strong>é</strong>ril da extrema esquerda. Tenho-o encarado como <strong>um</strong> movimento<br />

criador <strong>de</strong> novas análises e projectos, pressionando a esquerda institucional a renovar-se (e não<br />

o conseguiu já, com as questões fiscais, da toxico<strong>de</strong>pendência e dos novos direitos cívicos?).<br />

Por isso gostaria <strong>de</strong> ver o Bloco exercer a sua influência na autarquia lisboeta. Como gostaria <strong>de</strong><br />

ver o Bloco <strong>de</strong> Esquerda obter <strong>um</strong>a boa votação na capital do país, obtendo assim mais<br />

influência na política nacional.<br />

Mas gostaria tamb<strong>é</strong>m <strong>de</strong> ver o Bloco e a candidatura <strong>de</strong> <strong>Miguel</strong> Portas atentos aos sentimentos<br />

dos lisboetas <strong>de</strong> esquerda, atentos ao raciocínio do voto útil. Daqui at<strong>é</strong> Dezembro muita coisa<br />

po<strong>de</strong>rá mudar e <strong>um</strong> movimento novo e dinâmico <strong>de</strong>ve estar disponível para a mudança. Para<br />

obrigar a velha esquerda a abrir as suas portas <strong>é</strong> necessário que a nova esquerda esteja sempre<br />

<strong>de</strong> portas abertas.<br />

Esquerda e direita, <strong>de</strong> G<strong>é</strong>nova a Lisboa<br />

(“Portugal Diário”, 2001)<br />

Em artigo recente no Público, Pacheco Pereira analisa os acontecimentos <strong>de</strong> G<strong>é</strong>nova durante a<br />

cimeira do G8. O assunto central do seu texto <strong>é</strong>, a propósito da globalização, a suposta<br />

incapacida<strong>de</strong> da esquerda em apren<strong>de</strong>r as lições do passado, tanto em termos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia,<br />

quanto <strong>de</strong> m<strong>é</strong>todo e programa. Pacheco Pereira ataca, por <strong>um</strong> lado, o quixotismo próprio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a<br />

certa esquerda que <strong>de</strong>seja mudar o sistema do dia para a noite; por outro, vê as manifestações<br />

mais ou menos folclóricas ou mais ou menos violentas como variações <strong>de</strong> velhas formas <strong>de</strong><br />

actuação política. <strong>Este</strong> atestado <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong> só po<strong>de</strong>ria conduzir a <strong>um</strong>a conclusão: o que a<br />

84

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!