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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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vida 7[4] . Data em <strong>um</strong> dos muitos calendários existentes e possíveis. Crit<strong>é</strong>rio primeiro <strong>de</strong>ste<br />

calendário concreto: nascimento incomprovado do lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>um</strong>a seita heterodoxa do judaísmo,<br />

<strong>um</strong>a religião do M<strong>é</strong>dio Oriente.<br />

(Datação alternativa: 1 do 1 do 1, isto <strong>é</strong>, dia 1 do primeiro mês do primeiro ano <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

<strong>Miguel</strong> <strong>de</strong> Matos Cas....).<br />

Nacionalida<strong>de</strong>:<br />

Portuguesa<br />

(Na sua acepção mais positiva ou optimista, “nacionalida<strong>de</strong>” significa ser – a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong>a certa<br />

ida<strong>de</strong> 8[5] – cidadão da República Portuguesa. Na acepção mais negativa ou pessimista, significa<br />

ser membro por inerência e atribuição (pelo sangue 9[6] ) <strong>de</strong> <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> linhagem tribal, a dos<br />

portugueses. Mas o significado mais corrente <strong>é</strong> o <strong>de</strong> membro <strong>de</strong> <strong>um</strong> Estados-nação , no qual<br />

existe supostamente <strong>um</strong>a justaposição não problemática entre território, aparelho do Estado,<br />

povo 10[7] , língua 11[8] e cultura 12[9] . Trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong>a atribuição in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da escolha pelo<br />

sujeito, por muitas línguas estrangeiras que aprenda e por muito que viaje ou emigre).<br />

(No caso presente: membro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a tribo que habita a periferia oci<strong>de</strong>ntal da Península Ib<strong>é</strong>rica e<br />

da Europa e que insiste em consi<strong>de</strong>rar que os dois gran<strong>de</strong>s feitos do bando foram a escravatura e<br />

o crioulo do Latim que se fala no seu território).<br />

Sexo:<br />

Masculino<br />

(A classificação masculino/feminino configura <strong>um</strong> sistema binário simples, ou mesmo simplista<br />

e maniqueísta, que serve para dividir as pessoas em duas meta<strong>de</strong>s. Assente em crit<strong>é</strong>rios pouco<br />

relevantes e mesmo pouco científicos – a observação a olho nu dos caracteres sexuais<br />

secundários à nascença (no quotidiano estes não se vêem, pelo que a “cultura” inventou<br />

artefactos e somatizações diacríticas, como a roupa e o corte <strong>de</strong> cabelo) e sem consi<strong>de</strong>ração por<br />

outros factores somáticos ou fenotípicos, como a altura, o peso, a coloração da pele ou dos<br />

olhos, a inteligência ou a preferência clubística. Crê-se que o sistema serve sobretudo para<br />

garantir a reprodução 13[10] , o serviço dom<strong>é</strong>stico, a guerra 14[11] e a opressão <strong>de</strong> quem não queira<br />

7[4]<br />

Angústia da morte: medo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> viver. Sentido da vida: ningu<strong>é</strong>m sabe o que <strong>é</strong>. O problema<br />

lógico <strong>é</strong> evi<strong>de</strong>nte: como se po<strong>de</strong> ter medo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> usufruir <strong>de</strong> algo cujo sentido se <strong>de</strong>sconhece?<br />

8[5]<br />

Ida<strong>de</strong>: crit<strong>é</strong>rio <strong>de</strong> divisão estatutária dos seres h<strong>um</strong>anos com base na <strong>de</strong>generescência dos seus corpos<br />

ao longo do tempo. Ver data <strong>de</strong> nascimento.<br />

9[6]<br />

Substância que corre nas veias dos mamíferos. Metáfora utilizada pelos mamíferos superiores<br />

pensantes para <strong>de</strong>signar a pertença a <strong>um</strong>a linhagem, clã, tribo ou nação, gerando assim o que os<br />

antropólogos <strong>de</strong>signam por “consubstanciação”. Hiper-metáfora tribal usada pelos sacerdotes da religião<br />

dominante para <strong>de</strong>signarem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> os crentes pertencerem à família do fundador da religião,<br />

ingerindo <strong>um</strong> líquido simbolicamente análogo ao sangue. Metáfora utilizada para <strong>de</strong>signar os abusos <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r do Con<strong>de</strong> Drácula na Transilvânia medieval ou qualquer prática <strong>de</strong> exploração da força <strong>de</strong> trabalho<br />

dos <strong>de</strong>sprivilegiados com o intuito <strong>de</strong> obter mais-valias não fazendo nada.<br />

10[7]<br />

Povo: <strong>de</strong>signação ambígua para agregado tribal. Quando útil para os ocupantes ilegítimos do aparelho<br />

<strong>de</strong> Estado, <strong>de</strong>signa a totalida<strong>de</strong> do grupo; noutras circunstâncias <strong>de</strong>signa a ral<strong>é</strong>; para os românticos<br />

revolucionários (normalmente oriundos das elites) <strong>de</strong>signa o actor histórico que abolirá todas as<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s (nomeadamente abolindo no sentido literal os próprios românticos revolucionários).<br />

11[8]<br />

Língua: sistema convencional e arbitrário <strong>de</strong> codificação da linguagem. A sua sistematização pelos<br />

Estados <strong>é</strong> normalmente <strong>um</strong> processo violento, embora sacralizado. No caso português <strong>de</strong>u azo à frase “a<br />

minha Pátria <strong>é</strong> a Língua Portuguesa”, mas estudos recentes vieram confirmar ter-se tratado <strong>de</strong> <strong>um</strong> erro <strong>de</strong><br />

transcrição do manuscrito. Na realida<strong>de</strong> estava escrito “A minha Língua <strong>é</strong> a Pátria Portuguesa”.<br />

12[9]<br />

Cultura: <strong>de</strong>signação absurda e imprecisa para <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> hábitos e convenções tomadas por<br />

naturais e por superiores aos hábitos e convenções da tribo vizinha.<br />

13[10]<br />

Reprodução: sistema básico <strong>de</strong> perpetuação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie. Nos mamíferos e primatas superiores<br />

são necessários gâmetas <strong>de</strong> dois sexos. Noutras esp<strong>é</strong>cies não. Mas “reprodução”, nos seres h<strong>um</strong>anos,<br />

significa sobretudo reproduzir crenças e hábitos – nomeadamente a crença na reprodução como <strong>um</strong> valor,<br />

e o hábito <strong>de</strong> reproduzir.<br />

14[11]<br />

Guerra: tradicionalmente <strong>um</strong>a activida<strong>de</strong> lúdica masculina aplaudida pelas mulheres, <strong>é</strong> hoje <strong>um</strong>a<br />

activida<strong>de</strong> económica (ver mercado) justificada por crit<strong>é</strong>rios <strong>de</strong> Mal e <strong>Bem</strong>, por isso mesmo aceite pela<br />

Igreja, para quem <strong>é</strong>, neste caso, legítimo dispor da Vida H<strong>um</strong>ana.<br />

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