13.04.2013 Views

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

caso: mas constitui antes <strong>um</strong> testemunho <strong>de</strong> coerência (algo me leva a estes termos antigos,<br />

“coerência”, “intelectual”, “cívico” parte integrante dos atributos do “homem <strong>de</strong> esquerda”).<br />

Escrevo “homem” e hesito, peso a pertinência, a gramática contra a política (<strong>um</strong>as linhas acima<br />

<strong>de</strong>cidi-me por “pessoa”). Esta hesitação, em Portugal, <strong>de</strong>ve-se, em larguíssima medida, a <strong>Vale</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Almeida</strong>, que nos tem trazido <strong>um</strong> arzinho do mundo, o olhar estrangeiro mas empático que<br />

cria o cronista estimulante tal como o antropólogo pertinente – ele que soube enunciar o g<strong>é</strong>nero<br />

como problema político não só na “turris eburnea” acad<strong>é</strong>mica como na tribuna <strong>de</strong> imprensa; isto<br />

<strong>é</strong>, que lhe retirou, ao situá-lo como objecto, o estatuto do óbvio para o transformar em questão,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo cívica.<br />

Se preten<strong>de</strong>sse dizer o núcleo on<strong>de</strong> radica tanto o estudo antropológico como a crónica<br />

jornalística do “Público” (abruptamente interrompida por bizarra, se não reaccionária, <strong>de</strong>cisão<br />

directorial), diria que <strong>Miguel</strong> <strong>Vale</strong> <strong>de</strong> <strong>Almeida</strong> nos <strong>de</strong>safia a <strong>um</strong>a <strong>é</strong>tica. Ao dar-nos a ver o seu<br />

pensar, apresenta-nos as exigências do seu discurso. A verda<strong>de</strong>, como valor último, nunca<br />

aparece como pertença sua, a daquele que enuncia, mas como respeito pela verda<strong>de</strong> subjectiva<br />

dos outros, e não tem rebuço em usar artifícios literários como a confissão (<strong>é</strong> aliás recorrente na<br />

tese o uso da primeira pessoa do singular), para sublinhar a autonomia e legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />

espaço <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>s múltiplas.<br />

A consi<strong>de</strong>ração da multiplicida<strong>de</strong> dos discursos não implica, por<strong>é</strong>m, o relativismo a que alguns<br />

chamam pós-mo<strong>de</strong>rno. Antes <strong>de</strong>la existe <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> princípios que servem <strong>de</strong> regulador, <strong>de</strong><br />

prisma por on<strong>de</strong> se formam as imagens na câmara clara, e que cabem todos no primeiro artigo<br />

da Declaração dos Direitos do Homem, lida com a complexida<strong>de</strong> e varieda<strong>de</strong> das questões que<br />

hoje a <strong>de</strong>safiam: “O terror puritano <strong>é</strong> a arma <strong>de</strong> recurso dos ignorantes e dos intolerantes,<br />

tentando <strong>de</strong>sesperadamente dar or<strong>de</strong>m a <strong>um</strong> mundo que não compreen<strong>de</strong>m” (“Público”,<br />

4/12/94). Se ousasse, diria que <strong>Vale</strong> <strong>de</strong> <strong>Almeida</strong> <strong>é</strong> <strong>um</strong> il<strong>um</strong>inista que usa a transparência do<br />

discurso como recurso literário homólogo àquilo que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>: a consciência crítica <strong>de</strong> si. “Os<br />

homens (e as mulheres) nascem e permanecem livres e iguais em direitos”.<br />

(Top 3) Um top íntimo e pessoal, pensado para quem não liga aos outros tops. <strong>Miguel</strong> <strong>Vale</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Almeida</strong>. Notícias Magazine (13.04.97). Por Rui Pedro Tendinha.<br />

O antropólogo mais mediático do momento tem tamb<strong>é</strong>m <strong>um</strong> top só <strong>de</strong>le. No geral, os tops, para<br />

este homem, valem como exercício conjuntural e não vão para al<strong>é</strong>m disso. E, ao contrário dos<br />

habituais tops que são escolhidos nesta secção, <strong>Miguel</strong> <strong>Vale</strong> <strong>de</strong> <strong>Almeida</strong> foi por outros<br />

caminhos...<br />

1º – Arte Marcial – Tai Chi Chuan<br />

“Esta arte marcial chinesa foi <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> tal maneira nos mosteiros que agora já não serve<br />

para lutar. Serve como <strong>um</strong>a esp<strong>é</strong>cie <strong>de</strong> ginástica matinal e mental. Os movimentos po<strong>de</strong>m ser<br />

lentos ou rápidos, percebendo-se que são movimentos <strong>de</strong> luta, só que estilizados <strong>de</strong> modo a<br />

servir como disciplina do corpo. Cada movimento correspon<strong>de</strong> a <strong>um</strong> estado <strong>de</strong> respiração, a <strong>um</strong><br />

estado <strong>de</strong> espírito e a <strong>um</strong> conjunto <strong>de</strong> simbolismos. Por <strong>um</strong> lado, <strong>é</strong> <strong>um</strong>a coisa extremamente relaxante,<br />

por outro, acorda muito o corpo: <strong>um</strong>a pessoa sente-se muito integrada e <strong>de</strong>tecta tudo o<br />

que está mal nos movimentos. O Tai Chi acaba tamb<strong>é</strong>m por ser terapêutico e completo, pois <strong>é</strong><br />

arte marcial, dança, ginástica, meditação, terapia – tudo ao mesmo tempo. O Tai Chi tem <strong>um</strong>a<br />

fórmula que <strong>de</strong>mora bastante tempo a apren<strong>de</strong>r e que <strong>de</strong>pois se vai corrigindo em termos <strong>de</strong><br />

postura e <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação. No princípio, <strong>é</strong> bastante dificil e cansa. Implica, sobretudo, respirar<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a maneira diferente da do Oci<strong>de</strong>nte, que <strong>é</strong> respirar pela barriga, por <strong>um</strong>a zona três <strong>de</strong>dos<br />

abaixo do <strong>um</strong>bigo, em vez <strong>de</strong> usar constantement a boca e os pulmões. Para se apren<strong>de</strong>r a<br />

corrigir as posturas, apren<strong>de</strong>-se a fazer com certas partes do corpo coisas que não se fazem<br />

habitualmente: por exemplo, usar a força dos cotovelos, saber sentar-se sem ter que fazer muita<br />

217

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!