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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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escolha: <strong>é</strong> que há <strong>um</strong>a diferença <strong>de</strong> natureza entre valores <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e valores, como os do<br />

MDV, cujo comprovado efeito <strong>é</strong> privar muita gente <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>s.<br />

A presença dos ensinamentos do MDV nas escolas públicas <strong>é</strong>, provavelmente, inconstitucional.<br />

Ao MDV a <strong>de</strong>mocracia garante todo o direito <strong>de</strong> ensinar o m<strong>é</strong>todo do calendário em cursilhos<br />

sexuais, só que no local certo, isto <strong>é</strong>, nas igrejas da religião que professa.<br />

A guerra dá-me cabo dos nervos<br />

Durão Barroso <strong>de</strong>ve ter implorado a Bush que a cimeira se realizasse nas Lajes. E daí talvez<br />

não: como temos <strong>um</strong> pedaço <strong>de</strong> território nacional alienado a <strong>um</strong>a potência estrangeira, muita<br />

sorte teve o homem em ter sido informado por Washington. Qualquer das duas hipóteses <strong>é</strong><br />

triste, porque o resultado <strong>é</strong> o mesmo: ficaremos para sempre marcados como o país on<strong>de</strong> se<br />

juntaram os tolos que julgam conduzir os <strong>de</strong>stinos do mundo. O actual governo <strong>de</strong> Portugal<br />

resolveu escolher ficar na esfera <strong>de</strong> influência dos EUA.<br />

À medida que o tempo passa toda a gente percebe que o 11 <strong>de</strong> Setembro foi mais <strong>um</strong> entre<br />

vários horrores, da Jugoslávia ao Kosovo, da Palestina a Israel, do Sudão a Manhattan. Toda a<br />

gente, não: os americanos que vão na cantiga <strong>de</strong> Bush e os representates autorizados no resto do<br />

mundo (sendo que o franchise português <strong>é</strong> particularmente eficaz e vociferante) viram o 11 <strong>de</strong><br />

Setembro como algo <strong>de</strong> intrinsecamente diferente. Pu<strong>de</strong>ra: só assim, criando A Gran<strong>de</strong><br />

Excepção, <strong>é</strong> possível avançar para o assalto imperial final. Tudo isto faz-se com a retórica da<br />

<strong>de</strong>mocracia e da paz: os EUA estão legitimados em tudo o que fazem porque têm <strong>um</strong> sistema<br />

nominalmente <strong>de</strong>mocrático, incomparável com o do Iraque (<strong>é</strong> verda<strong>de</strong>, mas quem disse que <strong>é</strong><br />

isso que está em causa?); e a guerra vai acontecer porque os casmurros da paz são intransigentes<br />

(<strong>um</strong> membro do governo inglês disse mesmo isto: que a posição da França impe<strong>de</strong> a paz...).<br />

Acabei <strong>de</strong> ler a autobiografia <strong>de</strong> Eric Hobsbawm. Deixem-me transcrever-vos <strong>um</strong> pedaço das<br />

últimas páginas:<br />

“Magnified by the worldwi<strong>de</strong> images and rhetoric of the American age of media and politics, a<br />

sud<strong>de</strong>n gap appeared between the way the USA and the rest of the world un<strong>de</strong>rstood what had<br />

happened in that awful day. The world merely saw a particularly dramatic terror attack with a<br />

vast n<strong>um</strong>ber of victims and a momentarily public h<strong>um</strong>iliation of the USA. Otherwise the<br />

situation was no different from what it had been since the Cold War en<strong>de</strong>d, and certainly no<br />

cause for alarm for the globe’s only superpower. Washington announced that September 11<br />

had changed everything, and in doing so, actually did change everything, by in effect<br />

<strong>de</strong>claring itself the single-han<strong>de</strong>d protector of a world or<strong>de</strong>r and <strong>de</strong>finer of threats against it.<br />

Whoever failed to accept this was a potential or actual enemy.” (Hobsbawm, Eric, 2002,<br />

Interesting Times, Londres: Allen Lane, pp 411-12, sublinhado meu)<br />

Todos po<strong>de</strong>mos e <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos do terrorismo, com as dificulda<strong>de</strong>s inerentes à natureza<br />

da ameaça, e como sempre o fizemos (há quantos anos não existe o terrorismo?). Mas como nos<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong> quem quer à força <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-nos?<br />

A guerra <strong>de</strong>pois da batalha<br />

(Webpage, 27.03.03)<br />

Que fazer, agora que a guerra começou mesmo? O mal-estar criado pelo começo dos conflitos já<br />

criou dois problemas: a diminuição do número <strong>de</strong> pessoas nas manifestações e o acr<strong>é</strong>scimo <strong>de</strong><br />

violência nalg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>las. São sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>salento e <strong>de</strong>sespero.<br />

É claro que não são problemas sequer comparáveis com os que os iraquianos estarão a sentir.<br />

Mas por isso mesmo, aquilo que alguns <strong>de</strong> nós <strong>de</strong>sejamos <strong>é</strong>, já que a guerra começou, que acabe<br />

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