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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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Iznogoud <strong>de</strong>cidiu que a Base das Lajes <strong>de</strong>ve ser disponibilizada para a guerra dos americanos.<br />

Iznogoud <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> estas coisas sozinho, <strong>de</strong>sprezando a <strong>de</strong>mocracia representativa. Iznogoud trai a<br />

União Europeia. Iznogoud faz tudo isto aliando-se a personagens do mundo do crime como<br />

Berlusconi. Iznogoud <strong>de</strong>ixa o seu ministro dos Estrangeiros dizer candidamente que a coisa foi<br />

feita para ter efeitos mediáticos. Iznogoud goza connosco, o Califa <strong>de</strong>ixa e nós tamb<strong>é</strong>m. This is<br />

not good.<br />

P.S.: No dia 15 haverá <strong>um</strong>a manifestação contra a guerra no Iraque. Espero, <strong>de</strong>sta vez, não ter<br />

que aturar discursos <strong>de</strong> 52 organizações do PCP disfarçadas <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> velhos, <strong>de</strong><br />

sindicatos, <strong>de</strong> mulheres, <strong>de</strong> jovens, <strong>de</strong> paz e do diabo a sete. Só <strong>de</strong>sejo <strong>um</strong>a manif contra o<br />

absurdo e que mostre claramente que os portugueses acham que Durão Barroso is no good. Se lá<br />

estiver a carrinha <strong>de</strong> som da CGTP e subir ao palco <strong>um</strong> senhor da Associação-do-Sul-e-Ilhasdos-T<strong>é</strong>cnicos-<strong>de</strong>-Contas-pela-Paz-e-Amiza<strong>de</strong>-e-Cooperação-<br />

entre-os-Povos, venho-me<br />

embora.<br />

Carta ao Director do DN<br />

(Webpage, 13.02.03)<br />

Caro Director do DN,<br />

Agra<strong>de</strong>ço que consi<strong>de</strong>re a publicação da carta que junto envio.<br />

Não conheço o curricul<strong>um</strong> <strong>de</strong> João C<strong>é</strong>sar das Neves, mas a sua crónica <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong><br />

2003 po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rada como o “melhor” contributo do ano para a promoção da<br />

intolerância e <strong>de</strong> <strong>um</strong> clima persecutório. O alvo do texto são as pessoas que têm, ao longo <strong>de</strong><br />

muitos anos e com muitos sacrifícios, promovido os direitos daqueles e daquelas cujas vidas e<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s são esmagadas por <strong>um</strong>a maioria silenciosa sem nenh<strong>um</strong>a legitimida<strong>de</strong> para exercer a<br />

sua hegemonia. O alvo inclui a maioria das mulheres, as mulheres impedidas <strong>de</strong> escolherem<br />

livremente a maternida<strong>de</strong>, os homossexuais e muitas outras categorias discriminadas. Já seria<br />

suficientemente grave que JCN <strong>de</strong>sprezasse ou fizesse pouco das aspirações <strong>de</strong>ssas pessoas à<br />

cidadania plena. Mas ele vai mais longe, dizendo que as “campanhas” para promoção dos<br />

direitos daquelas terão como corolário lógico a promoção dos direitos (ou a normalização) dos<br />

comportamentos pedófilos. Gostaria que este truque arg<strong>um</strong>entativo fosse mero exercício <strong>de</strong><br />

mestria retórica. Mas as suas consequências são tão graves que só po<strong>de</strong> ser visto como<br />

<strong>de</strong>sonestida<strong>de</strong> intelectual, por misturar o que não se po<strong>de</strong> misturar e, ao fazê-lo, prejudicar<br />

outr<strong>é</strong>m.<br />

Alguns esclarecimentos (mas será que JCN precisa que lho lembremos?): a gran<strong>de</strong> linha<br />

divisória entre legitimida<strong>de</strong> e ilegitimida<strong>de</strong> nos comportamentos sexuais <strong>é</strong> a que separa o<br />

mútuo consentimento informado entre pessoas em ida<strong>de</strong> legal, por <strong>um</strong> lado, do abuso<br />

sexual, por outro. <strong>Este</strong> abuso <strong>é</strong> agravado quando se trata da vitimização <strong>de</strong> crianças, como nos<br />

casos horríveis da Casa Pia e <strong>de</strong> tantas outras instituições e, sim, <strong>de</strong> famílias. Confundir isto<br />

com a homossexualida<strong>de</strong> <strong>é</strong> <strong>um</strong> implícito grave na “arg<strong>um</strong>entação” <strong>de</strong> JCN. Em circunstâncias<br />

normais não comentaria sequer a crónica, por po<strong>de</strong>r tratar-se <strong>de</strong> mera opinião. Mas nos tempos<br />

que correm – marcados por <strong>um</strong> revanchismo moralista que não po<strong>de</strong> ser justificado pelo<br />

compreensível repúdio dos actos pedófilos, pois não preten<strong>de</strong> atacar os culpados mas sim<br />

aproveitar o clima para impedir o acesso à cidadania <strong>de</strong> quem exerce a sua sexualida<strong>de</strong> no<br />

respeito pela liberda<strong>de</strong> dos outros – a falsificação i<strong>de</strong>ológica a que JCN se <strong>de</strong>dica <strong>é</strong><br />

inadmissível.<br />

JCN está no centro do mundo: vive bem, <strong>é</strong> letrado, <strong>é</strong> homem, <strong>é</strong> branco, suponho que<br />

heterossexual, casado, católico, conservador. Isto dá-lhe todos os privil<strong>é</strong>gios inimagináveis para<br />

a maioria das pessoas. Como se não bastasse, escreve contra os que estão nas margens, porque<br />

ameaçam simbolicamente o seu mundo. Algu<strong>é</strong>m – talvez a direcção do jornal, <strong>um</strong>a vez que o<br />

limite da autonomia <strong>de</strong> opinião foi ultrapassado – po<strong>de</strong>rá dizer-lhe que <strong>é</strong> mistificador,<br />

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