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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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Na questão “adopções homossexuais” (infelicíssima expressão) há que dividir os campos: por<br />

<strong>um</strong> lado a adopção, por outro os homossexuais. Por <strong>um</strong> lado a questão inalienável <strong>de</strong> que os<br />

direitos das crianças são soberanos. Por outro a questão da igualda<strong>de</strong> perante a lei, na letra e na<br />

prática. Na primeira questão há que olhar atentamente para o panorama da adopção em<br />

Portugal: quantas crianças por adoptar? Vindas <strong>de</strong> on<strong>de</strong>? Com que características? Funcionam<br />

os serviços <strong>de</strong> adopção bem? Que políticas (e com que pressupostos i<strong>de</strong>ológicos) accionam as<br />

selecções <strong>de</strong> futuros pais e mães? Na segunda questão há que olhar atentamente para as<br />

consciências e para a coerência dos arg<strong>um</strong>entos que se colocam: <strong>de</strong>vem ou não os homossexuais<br />

não ser discriminados perante a lei? E aceitam-se excepções nessa regra (que nem sequer está<br />

estabelecida em Portugal)? Aceitando-se excepções não se está a <strong>de</strong>sencobrir <strong>um</strong>a inclinação<br />

preconceituosa sobre todas as pessoas concretas que cabem na categoria “homossexual”?<br />

Tudo o que se tem vindo a propor – largos segmentos do movimento gay, o Bloco <strong>de</strong> Esquerda<br />

e alguns opinion-makers – situa-se nos dois planos acima enunciados, e não n<strong>um</strong> pântano<br />

semântico sobre <strong>um</strong>a suposta proposta <strong>de</strong> “adopções homossexuais”. Elucidadas as visões do<br />

mundo e as vonta<strong>de</strong>s políticas nos dois planos, a prática e a aplicação <strong>é</strong> (<strong>de</strong>veria ser) toda <strong>um</strong>a<br />

outra coisa: a escolha dos pais por crit<strong>é</strong>rios <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> financeira mínima, motivação<br />

positiva para o exercício da maternida<strong>de</strong>, da paternida<strong>de</strong> ou da tutela <strong>de</strong> crianças, e a capacida<strong>de</strong><br />

para dar essas “coisas” básicas e tão fora <strong>de</strong> moda que são o amor e o carinho. Algo que só se<br />

po<strong>de</strong> dar com liberda<strong>de</strong> e receber como direito quando se sente que se <strong>é</strong> cidadão completo –<br />

coisa que nem as crianças por adoptar, nem os eventuais (e muito possivelmente poucos) gays<br />

candidatos à adopção são no actual momento. Não por <strong>de</strong>feito da sua “natureza” (no caso dos<br />

gays) ou por “azares do <strong>de</strong>stino” (no caso das crianças por adoptar).<br />

Digo sempre a mesma coisa, bem sei, mas não consigo esquecer: quando a Commonwealth of<br />

Massachussets quis revogar as adopções por casais gay, vi centenas <strong>de</strong> crianças n<strong>um</strong>a<br />

manifestação <strong>de</strong> rua gritando “Não nos tirem os nossos pais!”. A partir daí comecei a pensar.<br />

Um exercício difícil no nosso país.<br />

Inqu<strong>é</strong>rito sobre o 11 <strong>de</strong> Setembro no “Público” (17.09.01)<br />

1.O que mudou no mundo?<br />

2.Como <strong>de</strong>vem e po<strong>de</strong>m os Estados Unidos e os seus aliados respon<strong>de</strong>r a esta situação?<br />

“A oportunida<strong>de</strong> trágica para criar <strong>um</strong>a nova segurança colectiva”<br />

1 – Passados poucos dias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o atentado, o que assusta <strong>é</strong> que pouco parece ter mudado. Se o<br />

mundo anterior à queda do Muro <strong>de</strong> Berlim era assustador e injusto, não o tem sido menos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então. Não foram dados passos significativos no <strong>de</strong>senvolvimento dos países mais pobres;<br />

não foram dados passos significativos no <strong>de</strong>senvolvimento na resolução do conflito israelopalestiniano;<br />

não foram dados passos significativos no apoio ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> Islão<br />

mo<strong>de</strong>rno e h<strong>um</strong>anista. E, perante a barbarida<strong>de</strong> do dia 11 <strong>de</strong> Setembro, assistimos a duas<br />

reacções igualmente fundadas n<strong>um</strong> pensamento d<strong>é</strong>bil e igualmente insustentáveis no plano <strong>é</strong>tico<br />

e político: a dos que alinham, sem pensar duas vezes, na rec<strong>é</strong>m-<strong>de</strong>clarada “America’s new war’<br />

(que não preten<strong>de</strong> ser mera metáfora...); e a dos que dizem (ou pensam, sem dizerem) que a<br />

Am<strong>é</strong>rica teve o que merecia. A guerra não resolverá nada, sobretudo quando o inimigo não <strong>é</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificável <strong>de</strong> forma clara e porque haverá sempre <strong>um</strong> novo candidato ao exercício do<br />

terrorismo; e a simpatia com o presente atentado <strong>é</strong> suicidá ria porque o fanatismo terrorista não<br />

consi<strong>de</strong>ra ningu<strong>é</strong>m seu amigo e não poupará ningu<strong>é</strong>m quando atacar <strong>de</strong> novo.<br />

2- Os culpados <strong>de</strong>vem ser presos e julgados, assim como po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser impostas sanções<br />

aos países que albergam e promovem grupos terroristas. Mas, sobretudo, esta <strong>é</strong> a oportunida<strong>de</strong><br />

(a oportunida<strong>de</strong> trágica...) para criar <strong>um</strong>a nova segurança colectiva, cujo fundamento óbvio<br />

<strong>de</strong>verá ser a justiça global nos planos económico, político e cultural. A perseguição e<br />

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