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Bem-vind@! Este é um “livro” - Miguel Vale de Almeida

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possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação (mesmo que, reconheçamos, necessitadas <strong>de</strong> actualização e inovação)<br />

das leis e tribunais internacionais.<br />

Corremos s<strong>é</strong>rios riscos <strong>de</strong> que aconteça simplesmente (e, repito, tragicamente) o seguinte:<br />

a) Ataques americanos, muito bem televisionados, a países árabes e/ou islâmicos, com morte <strong>de</strong><br />

civis e perpetuação da mis<strong>é</strong>ria e rancor entre os atacados;<br />

b) Continuação da política <strong>de</strong> Sharon face à Palestina, com mais mortes e massacres e o<br />

adiamento “ad infinit<strong>um</strong>” da criação <strong>de</strong> dois Estados (<strong>um</strong> palestiniano e <strong>um</strong> israelita) com<br />

Jerusal<strong>é</strong>m sob administração internacional;<br />

c) Continuação <strong>de</strong> ataques terroristas, com proliferação e sofisticação <strong>de</strong> meios e escala,<br />

reproduzindo-se gerações <strong>de</strong> pessoas prontas para o pior e o mais bárbaro;<br />

d) Recru<strong>de</strong>scimento do fundamentalismo islâmico e diminuição das hipóteses <strong>de</strong> surgimento <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> Islão mo<strong>de</strong>rno e h<strong>um</strong>anista (e, como atitu<strong>de</strong> reactiva, recru<strong>de</strong>scimento do fundamentalismo<br />

judaico em Israel e cristão nos EUA);<br />

e) Diminuição das liberda<strong>de</strong>s civis nos EUA, nas viagens e comunicações internacionais e, por<br />

arrastamento, nos países Europeus (n<strong>um</strong> processo que vários comentadores na CNN apelidam<br />

<strong>de</strong> “equilíbrio entre segurança e liberda<strong>de</strong>”);<br />

f) A<strong>um</strong>ento do <strong>de</strong>sprezo pelas poucas instâncias internacionais que restam (ONU, Tribunal <strong>de</strong><br />

Haia, etc.) e seu <strong>de</strong>saproveitamento;<br />

g) Continuação do “modus operandi” americano <strong>de</strong> “por cada presi<strong>de</strong>nte fraco, <strong>um</strong>a guerra<br />

fortificante”, e isto justamente quando, nas últimas eleições, os EUA se viram confrontados com<br />

a falibilida<strong>de</strong> do seu sistema político, per<strong>de</strong>ndo assim a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o renovar;<br />

h) Adiamento “ad infinit<strong>um</strong>” <strong>de</strong> alternativas económicas e ecológicas ao imp<strong>é</strong>rio do petróleo;<br />

i) Desprezo total, em nome da urgência b<strong>é</strong>lica, pela tomada <strong>de</strong> medidas que corrijam os efeitos<br />

perversos da globalização neo-liberal, nos planos económico, social e <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização da<br />

vida no planeta.<br />

Em s<strong>um</strong>a, o cenário pessimista que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 12, se vem <strong>de</strong>senrolando, aponta no sentido <strong>de</strong><br />

“mais do mesmo”: hegemonia americana e violência <strong>de</strong> Estado sem mecanismos <strong>de</strong> controlo,<br />

agravamento <strong>de</strong> injustiças no mundo não oci<strong>de</strong>ntal, e proliferação <strong>de</strong> formas incontroláveis <strong>de</strong><br />

política-barbárie, como o terrorismo.<br />

Por fim, nós que vivemos aqui nos duplos confins do Imp<strong>é</strong>rio (do americano e do europeu), que<br />

po<strong>de</strong>mos fazer? Aparte a participação em acções <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> e nas re<strong>de</strong>s internacionais<br />

pela invenção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a nova or<strong>de</strong>m global e <strong>de</strong> <strong>um</strong>a globalização alternativa, temos questões<br />

concretas a resolver: disponibilizamos ou não a base das Lajes e apoios logísticos? Continuamos<br />

ou não a participar na NATO nos termos em que actualmente participamos (ou <strong>de</strong> todo)?<br />

Alinhamos ou não nas posições <strong>de</strong> eventual apoio europeu à estrat<strong>é</strong>gia americana?<br />

Aproveitamos ou não a oportunida<strong>de</strong> para, no campo diplomático e das relações internacionais<br />

em que tenhamos autonomia, nos construirmos como país <strong>de</strong> referência para <strong>um</strong>a solução<br />

alternativa dos problemas acima referidos?<br />

Tamb<strong>é</strong>m aqui me inclino para o pessimismo: provavelmente continuaremos em águas <strong>de</strong><br />

bacalhau (metáfora que nos <strong>é</strong> particularmente apropriada), enquanto cons<strong>um</strong>imos o gran<strong>de</strong> filme<br />

que os estúdios <strong>de</strong> Hollywood-on-Pentagon nos irão oferecer: com mortos reais, quer em Nova<br />

Iorque, quer nos <strong>de</strong>sertos que se esten<strong>de</strong>m da Palestina-Israel ao Afeganistão.<br />

Oxalá esteja errado. Para o bem <strong>de</strong> todos nós e em memória das vítimas <strong>de</strong> Nova Iorque.<br />

Sem título<br />

(Webpage, 21.09.01)<br />

Nestes dias <strong>de</strong> paz (ou guerra) podre, entre o ataque aos Estados Unidos e a retaliação, tem sido<br />

possível confirmar que <strong>um</strong>a coisa foi o referido ataque e outra será, sem dúvida, a reacção dos<br />

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