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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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lares, Espanha e Portugal. Na perspectiva de Pondal, pois, a autonomizaçom<br />

de Galiza nom só nom deverá reportar a desintegraçom<br />

espanhola senom que, bem ao contrário, deveria propiciar a congregaçom<br />

ibérica. Dizemos na «perspectiva de Pondal», porque to<strong>do</strong><br />

isto nom som, ao cabo, senom cousas ditas polos «pinheiros», uns<br />

seus «queixumes», que o poeta recolhe e assume na sua própria e<br />

persoal voz 11 .<br />

Em resumo, o que de Europa aparece, neste livro de versos 12 , som<br />

umhas suas marges (Irlanda, Grécia, Zernagora) e raízes (as celtas, as<br />

helenas). Com estes marcos e laços é tecida umha rede (europea), em<br />

que se situa Galiza, vinculan<strong>do</strong>-se outrora e agora aquém e além de<br />

si própria, e som oferecidas umhas referéncias (europeas) apropriadas<br />

para fazer germinar nos galegos, sob o signo da democracia, um<br />

projecto emancipatório, o autonomismo entom chama<strong>do</strong> regionalismo,<br />

com vocaçom e projecçom iberistas, supera<strong>do</strong>r da clausura estatal<br />

de Espanha e Portugal. É mais, andan<strong>do</strong> o tempo, este iberismo devirá,<br />

na tradiçom galeguista, germolo de europeísmo.<br />

De Nós a nós<br />

DIACRÍTICA<br />

Procuran<strong>do</strong> a voz desse «nós», que som Galiza e os galegos constituí<strong>do</strong>s<br />

como sujeitos, é hora de voltarmos, outra vez, ao grupo Nós,<br />

onde ja de partida achamos a voz dum sujeito colectivo, nisto ja<br />

diferente <strong>do</strong> «eu» que, ainda que solidário, solitário, ao cabo sustentava,<br />

articulan<strong>do</strong>-os e propagan<strong>do</strong>-os, os «queixumes» exala<strong>do</strong>s polos<br />

——————————<br />

11 Significativamente, no poema com que conclui o livro, falan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pinheiros, o<br />

nosso poeta di: «Eu ben sei o que din vosos vagos, / Monótonos ritmos. // Os vosos<br />

agu<strong>do</strong>s, / Arpa<strong>do</strong>s arumes, / D’un poema as ardentes estrófas, / Parece que zumben»<br />

(Queixumes <strong>do</strong>s pinos, p. 223).<br />

12 Com esta nossa leitura célere e tangencial, corremos o risco de aliciar umha<br />

image <strong>do</strong> autor e a obra, sobre cuja falsidade queremos alertar. Assi, Pondal poderia<br />

parecer o que Barthes chamava um écrivant, un escrebente, antes que um écrivain, um<br />

escritor (R. Barthes, «Écrivains et écrivants», in Essais critiques, Seuil, Paris, 1964,<br />

pp. 147-154). E, prolongan<strong>do</strong> o equívoco, o seu livro Queixumes <strong>do</strong>s pinos seria classifica<strong>do</strong><br />

dentro da (aliás, ao nosso ver, mal entendida) literatura engagée (por dizé-lo com<br />

a expressom popularizada por Sartre), quer dizer, a flamígera, e flamigerada, literatura<br />

comprometida. Rejeitamos, claro está, semelhante comprensom da figura <strong>do</strong> nosso<br />

poeta e, assimesmo, <strong>do</strong> teor da sua escrita. Sobre ambos os pontos, lembramos a nossa<br />

achega: L. G. Soto, «L’inachèvement éthique chez Pondal», in op. cit., n.º 12 printemps<br />

1999, P. U.P., Pau, 1999, pp. 81-89.

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