Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
Revista (PDF) - Universidade do Minho
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
254<br />
pelo Governo. Sabia-o Salazar e os seu ministros; e também Cavaleiro<br />
Ferreira a quem cabia, apenas, afinar os mecanismos para julgar e<br />
reprimir os que tinham ousa<strong>do</strong> levantar a voz contra o regime.<br />
3. O Conselho Superior de Segurança Pública<br />
DIACRÍTICA<br />
Mas a férula anti-repressiva <strong>do</strong> Minitro da Justiça não se ficou por<br />
aqui: assinou, também, o famigera<strong>do</strong> decreto-lei no 37 447 de 13 de<br />
Junho de 1949 que criou o Conselho Superior de Segurança Pública<br />
para coordenar os diferentes órgãos de segurança pública. Constituí<strong>do</strong><br />
pelo Ministro <strong>do</strong> Interior (presidente), pelo Comandante-geral da<br />
GNR, pelo Comandante-geral da PSP e pelo Director da PIDE. Esse<br />
Conselho tinha, entre outras competências: vigiar os indivíduos indica<strong>do</strong>s<br />
no n.º 1, <strong>do</strong> art. 21.º e no art. 22.º <strong>do</strong> Decreto-lei n.º 35:042 de<br />
20 de Outubro de 1945 (art. 8.º, n.º 1); vigiar reuniões ou ajuntamentos<br />
em que se verificassem «manifestações sediciosas ou ofensivas das<br />
autoridades» que pusessem em perigo «a ordem pública ou a segurança<br />
<strong>do</strong>s cidadãos» (art. 10.º) – cuja dissolução devia ser imediatamente<br />
intimada, inclusivé recorren<strong>do</strong> à força se necessario (art. 10.º,<br />
parágrafo único); colocar sob «vigilância especial» das autoridades<br />
públicas, os indivíduos que tivessem já si<strong>do</strong> condena<strong>do</strong>s por crimes<br />
contra a segurança <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> (n.º 1, art. 18.º), obriga<strong>do</strong>s a informar,<br />
regularmente, essas autoridades sobre «a sua residência, local de trabalho,<br />
deslocações normais e condições de vida» (art. 19.º); proibirlhes<br />
ir além das deslocações previamente fixadas sem autorização<br />
prévia e proibir-lhes a frequência de certos lugares e zonas (ibidem);<br />
permitir às autoridades encarregadas dessa vigilância «efectuar buscas<br />
na residência <strong>do</strong>s vigia<strong>do</strong>s e proceder à sua captura por desobediência<br />
às condições que tiverem si<strong>do</strong> impostas» (art. 19.º, parágrafo 1.º); enfim,<br />
sujeitar «à medida de segurança de internamento por um a três<br />
anos em estabelecimento adequa<strong>do</strong>: 1.º Aqueles que fundarem associações<br />
ou agrupamentos de carácter comunista ou que tenham por<br />
fim a prática de crimes contra a segurança exterior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, ou que<br />
utilizem o terrorismo como meio de actuação, e bem assim aqueles<br />
que aderirem a tais associações ou agrupamentos, com eles colaborarem<br />
ou seguirem as suas instruções; 2.º Aqueles que facilitarem<br />
conscientemente as referidas actividades subversivas, fornecen<strong>do</strong><br />
local para reuniões, subsidian<strong>do</strong>-as ou permitin<strong>do</strong> a sua propaganda»<br />
(art. 20.º). Diz, ainda, o parágrafo único <strong>do</strong> art. 22.º que «cabe à Polícia<br />
Internacional e de Defesa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a elaboração das propostas para