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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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248<br />

DIACRÍTICA<br />

este 10 , etc. Ou seja, o regime, por um la<strong>do</strong>, reconhecia, que, em princípio,<br />

os direitos, liberdades e garantias <strong>do</strong>s cidadãos eram uma exigência<br />

constitucional mas, por outro la<strong>do</strong>, defendia que o seu exercício<br />

estava sujeito a condicionamentos de ordem prática e, portanto,<br />

dependia da legislação e regulamentação normais <strong>do</strong> Governo 11 ,<br />

dualidade que acabou por se traduzir – como assinalou Braga da<br />

Cruz – «num regime mais preventivo <strong>do</strong> que repressivo» que diminuiu<br />

de facto, a aplicação de tais direitos 12 , reduzin<strong>do</strong>-os a pouco mais <strong>do</strong><br />

que a uma mera enumeração – como já denunciara Pinto Barriga, por<br />

altura da discussão <strong>do</strong> projecto de Constituição 13 .<br />

Mas os Governos <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo não se limitaram a restringir, de<br />

facto, pela via legislativa normal, os direitos, liberdades e garantias<br />

constitucionais. Utilizaram, também essa prerrogativa, para criar e/ou<br />

reorganizar instituições preventivas e repressivas, para que essas mesmas<br />

leis especiais fossem cumpridas; assim se refinou a Censura e a<br />

Polícia Política, se criaram novas instituições com finalidades afins:<br />

umas com finalidades de vigilância e repressão (como a Legião Portuguesa<br />

14 ); outras com a finalidade de <strong>do</strong>utrinar a opinião pública<br />

(como o Secretaria<strong>do</strong> de Propaganda Nacional, mais tarde, Secretaria<strong>do</strong><br />

——————————<br />

10 Veja-se Presidência <strong>do</strong> Conselho de Ministros/Comissão <strong>do</strong> Livro Negro Sobre o<br />

Regime Fascista, Presos políticos no Regime fascista, 6 vols, 1960, 1932-1960, Lisboa,<br />

1981/1988. Sobre o Tarrafal pode ver-se Pedro Soares, Tarrafal. Campo da morte lenta,<br />

Lisboa, Edições Avante!, 1975, Gilberto de Oliveira, Memória viva <strong>do</strong> Tarrafal, Lisboa,<br />

Edições Avante!, 1987 e Candi<strong>do</strong> de Oliveira, Tarrafal, o pântano da morte, Lisboa, Editorial<br />

Republica, Lisboa, s.d., AA. VV, Tarrafal. Testemunhos, Lisboa, Editorial Caminho,<br />

1978. Sobre a repressão em geral veja-se J. M. Campos e L. Pereira Gil, Opressão e<br />

Repressão, 2 vols. Lisboa, Amigos <strong>do</strong> Livro Editores Lda, s.d. , Nuno Vasco, Vigia<strong>do</strong>s e<br />

Persegui<strong>do</strong>s/Documentos secretos da PIDE/DGS, Lisboa, Livraria Bertrand, 1977 e Alexandre<br />

Manuel, Rogério Carapinha e Dias Neves (coord), PIDE. A História da Repressão,<br />

Fundão, Jornal <strong>do</strong> Fundão, Editora,(1974). Para uma visão geral e diacrónica da actuação<br />

da polícia política, veja-se Maria da Conceição Ribeiro, A Polícia Política no Esta<strong>do</strong><br />

Novo, 1926-1945, Lisboa, Editorial Estampa, 1995.<br />

11 Oliveira Salazar, Discursos, IV, p. 363 e Mário de Figueire<strong>do</strong>, Discurso na<br />

Assembleia Nacional sobre a proposta de lei de alteração à Constituição e ao Acto Colonial,<br />

Diário das Sessões, n.º 186, 3 de Julho de 1945, p. 707.<br />

12 Manuel Braga da Cruz,O Parti<strong>do</strong> e o Esta<strong>do</strong> Novo no Salazarizmo, Lisboa, Editorial<br />

Presença, 1988 pp. 54-55.<br />

13 In Diário de Lisboa, 7 de Julho de 1932.<br />

14 Josué da Silva, Legião Portuguesa. Força repressiva <strong>do</strong> fascismo, Lisboa, Diabril,<br />

1975 e Luis Nuno Rodrigues, A Legião Portuguesa. A Milícia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Novo, 1936-1944,<br />

Lisboa, Editorial Estampa, 1996.

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