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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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28<br />

DIACRÍTICA<br />

de oiro <strong>do</strong> género humano não está mais atrás, mas diante de nós (…);<br />

os nossos pais não a viram, os nossos filhos aí chegarão um dia;<br />

pertence-nos abrir caminho» 53 .<br />

O cenário previsto por Saint-Simon para uma confederação europeia<br />

manifesta também algum interesse, na medida em que a sua<br />

emergência virá <strong>do</strong> interesse de união de <strong>do</strong>is Esta<strong>do</strong>s governa<strong>do</strong>s<br />

pelos mesmos princípios liberais, e o seu alargamento progressivo far-<br />

-se-á por livre adesão de países após a<strong>do</strong>ptar o mesmo modelo liberal<br />

e parlamentar; também a Comunidade e União Europeia têm ti<strong>do</strong> vários<br />

alargamentos, sen<strong>do</strong> algumas das adesões feitas após a libertação<br />

duma ditadura (Grécia, Portugal e Espanha, bem como quase to<strong>do</strong>s<br />

os países da Europa a 25). Por outro la<strong>do</strong>, foi uma dupla que lançou o<br />

processo de integração europeia; se não foi a França-Inglaterra, Saint-<br />

-Simon atribuía já um relevo especial à Alemanha, desde que liberalizada<br />

e unificada 54 . Contu<strong>do</strong>, a grande previsão imprevista mostra-se<br />

nisto: Saint-Simon julgava que tu<strong>do</strong> começaria pelo político, quan<strong>do</strong> a<br />

Comunidade Europeia foi primeiro económica, assente no carvão e<br />

aço e edificada progressivamente pelas trocas comerciais, energia<br />

atómica, moeda única. Além disso, a Europa de Saint-Simon, tributária<br />

<strong>do</strong> modelo inglês, segun<strong>do</strong> ele «a melhor das constituições», está<br />

também marcada pelo corporatismo: somente são elegíveis para o<br />

Parlamento Europeu as corporações («os negociantes, os cientistas,<br />

os magistra<strong>do</strong>s e os administra<strong>do</strong>res»); todavia, a questão subsiste: a<br />

parte escondida <strong>do</strong> poder <strong>do</strong>s actuais eurocratas, lobbies e burocracias<br />

instala<strong>do</strong>s em Bruxelas, não será, por um la<strong>do</strong>, a parte de leão da<br />

Comunidade? E, por outro, qual o papel <strong>do</strong> Parlamento Europeu, hoje<br />

limita<strong>do</strong> nos seus poderes, com escassa iniciativa legislativa, quan<strong>do</strong><br />

é o Conselho Europeu (que faz recordar os congressos e conferências<br />

<strong>do</strong> século XIX, que Saint-Simon nada apreciava), a instância<br />

governativa da União? Se o projecto saint-simoniano está em muitos<br />

aspectos data<strong>do</strong>, neste ponto estamos ainda longe <strong>do</strong> sistema por ele<br />

ambiciona<strong>do</strong>.<br />

——————————<br />

53 Ib., pp. 247-248.<br />

54 «A nação alemã, pela sua população que compreende quase metade da Europa,<br />

pela sua posição central, e mais ainda pelo seu carácter nobre e generoso, está destinada<br />

a ter o primeiro papel na Europa, logo que esteja reunida sob um governo livre»<br />

(ib., p. 243).

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