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Revista (PDF) - Universidade do Minho

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JUSTIÇA DOMÉSTICA E JUSTIÇA POLÍTICA 237<br />

passava co escravo e passará co neno, segun<strong>do</strong> vemos no cap. 13: nos<br />

tres «existem as partes da alma», mas em cada «existem diferentemente»,<br />

pois, «o escravo nom tem em absoluto faculdade deliberativa»,<br />

mentres que «a fémea a tem, mas sem autoridade» e «o neno tamém a<br />

tem, mas imperfeita» (1260a11-14). E, prossegue, outro tanto sucede<br />

«coas virtudes éticas» (1260a14-15): dum la<strong>do</strong>, «o que rege deve possuir<br />

a virtude ética perfeita» (1260a17-18); mentres, de outro la<strong>do</strong>,<br />

«cada um <strong>do</strong>s demais – ou seja, a mulher, o escravo e o neno – deverám<br />

te-la segun<strong>do</strong> lhes corresponde» (1260a19-20) e «conforme à<br />

sua funçom» (1260a16-17). Como o escravo e o neno, a mulher tem as<br />

suas virtudes próprias: basicamente, as mesmas <strong>do</strong> home, designadamente<br />

aqui a temperança e a fortaleza e a justiça, mas, mentres que<br />

a virtude dele é «para governar», a dela é «para obedecer», segun<strong>do</strong><br />

é aponta<strong>do</strong> aqui, no cap. 13 (1260a23), e despois é reitera<strong>do</strong>, em III/4<br />

(1277b20-25).<br />

Curiosamente, Aristóteles contempla – até mesmo recomenda em<br />

VII/10 que, na escravitude, sempre se contemple (1330a31-33) – a existéncia<br />

da possibilidade de que o escravo se emancipe e, por outra<br />

parte, para sacar o neno da sua minoria, ou «imperfeiçom», salienta a<br />

importáncia da educaçom e insiste na necessidade dumha «política<br />

educativa». Em algumhas das chamadas de atençom que, na linha da<br />

Étc.Nic. fai na Pol., parece contar coas mulheres como «educandas»:<br />

nomeadamente, em I/13 (1260b15-20). Deveria ser assi, ja que, na sua<br />

opiniom, a educaçom «pretende suprir as deficiéncias naturais»<br />

(1337a2-3). Sem embargo, quan<strong>do</strong> se achega à educaçom em pormenor,<br />

em VII/17 e em VIII/1-7, Aristóteles practicamente se esquece da<br />

mulher. Mesmo, aparentemente, quan<strong>do</strong> se trata de ensinanças que<br />

lhe concernem directamente, como as disciplinas que incidem na<br />

«administraçom <strong>do</strong>méstica» (1338a16), quer dizer, no que pretendidamente<br />

ha ser a sua vida. Em resumo, a diferença <strong>do</strong> neno e o<br />

jovem, ela nom receberá quase educaçom.<br />

Sem dúvida, isto choca frontalmente coa sua aptitude para a<br />

amizade, incluída a mais perfeita, apontada na Étc.Nic.; mas, por<br />

outra parte, pom-nos na pista <strong>do</strong> carácter «procura<strong>do</strong>» <strong>do</strong> desequilíbrio<br />

«introduzi<strong>do</strong>» na relaçom home-mulher. Em síntese, ela chega ao<br />

matrimónio com menos idade e com menos formaçom que o seu<br />

parceiro. Por umha parte, ela chega com menos idade: cousa que tem<br />

que ver nom só coa capacidade para a procriaçom, veja-se aqui VII/16<br />

(1334b32-38, 1335a22-24 e 28-32), senom tamém coa aptitude para<br />

a direcçom, veja-se agora I/12 (1259b1-4). E por outra parte, ela<br />

chega tamém com menos (por nom dizer, sem quase) formaçom, ten<strong>do</strong>

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